Semana Santa: Páscoa da Ressurreição
No corrente ano,
as celebrações da Páscoa, passando pelos mistérios da Paixão e morte do Senhor,
estão marcadas pelo tema da misericórdia, uma vez que o Papa Francisco teve a
feliz iniciativa de nos convocar para isso, criando o Ano Santo Extraordinário da
Misericórdia.
Celebrar bem a
Semana Santa é ser capaz de unir-se misticamente a Cristo, o rosto da
misericórdia, em todos os seus passos a fim de, com ele, morrermos para os
nossos pecados e, com ele, ressurgirmos para uma vida nova. Santo André de
Creta, no século 8º, conclamava a sua comunidade ao iniciar este tempo santo,
com os seguintes termos: Vinde, subamos juntos ao Monte das Oliveiras e
corramos ao encontro de Cristo que hoje volta de Betânia e se encaminha
voluntariamente para aquela venerável e Santa Paixão, a fim de realizar o
mistério de nossa Salvação.
Cristo Ressuscitado - Altar Mor da Matriz de São José - Paraisópolis (MG) Foto: Luiz Rosa |
Na busca de
fazer o povo entender bem o que significa isto e na esperança de que os
mistérios não sejam somente recordados como algo do passado, São Gregório,
continua a exortar: Se és Simão Cirineu, toma a cruz e segue a Cristo. Se,
qual o ladrão, estás crucificado com Cristo, como homem íntegro, reconhece a
Deus... Preso à tua cruz, aprende a tirar proveito até da tua própria
iniquidade... entra com Jesus no Paraíso. Prossegue o santo bispo a
indicar as pessoas de José de Arimatéia, de Nicodemos, de Maria e de outras
figuras bíblicas como protótipos de união com Cristo, para que vivenciemos
fortemente os santos mistérios desta Semana.
Esta união entre
nós e Cristo, na verdade foi iniciativa do próprio Cristo, pois ele se colocou
em nosso lugar para morrer por nós, pois não merecia morrer, uma vez que era
inocente, homem e Deus verdadeiro. Sobre isto nos ensina São Pedro em sua
Primeira Carta, capítulo 2: Sobre a cruz, carregou os nossos pecados em
seu próprio corpo, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça.
São Basílio
Magno, em seu livro sobre o Espírito Santo, nos recorda: A vinda de Cristo
na carne, os exemplos de sua vida apresentados pelo evangelho, a paixão, a
cruz, o sepultamento e a ressurreição não tiveram outro fim senão salvar o
homem, para que imitando a Cristo, ele recuperasse a primitiva adoção filial.
Cristo assumiu
misericordiosamente as dores e os sofrimentos de toda a humanidade, nos dando
assim a certeza de sua união conosco para salvar-nos a todos nós. São Militão
de Sardes, na sua homilia de Páscoa, lá no século 2º da nossa história da
Igreja, dizia: Foi ele que tomou sobre si os sofrimentos de muitos: foi
morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac; exilado de sua terra em Jacó;
vendido em José; exposto em Moisés; sacrificado no cordeiro pascal; perseguido
em Davi e ultrajado nos profetas.
Na Semana Santa,
a liturgia auxilia a estar intimamente unidos a Cristo, para bem celebramos
seus mistérios. Do Domingo de Ramos ao Domingo de Páscoa, nos faz mergulhar no
mistério da misericórdia que tudo suporta em favor da vida verdadeira que se
rege pelo amor a Deus e ao próximo.
Celebrar os
mistérios da Paixão, morte e ressurreição do Senhor, com Ele, por Ele e n’Ele,
é vivenciar, dia por dia, a grande lição da misericórdia, pois este é o nome de
Deus, como nos ensina Francisco.
Páscoa: Cristo
ontem, Cristo hoje, Cristo sempre, nos caminhos da misericórdia e da paz!
Dom Gil Antônio Moreira - Arcebsipo Metropolitano de Juiz de Fora (MG)
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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