terça-feira, 8 de março de 2016

Matéria em homenagem às Mulheres

Mulheres Doutoras da Igreja
Na história da Igreja desde os tempos antigos aos modernos, existiram mulheres que se destacaram por sua dedicação ao Reino de Deus e por uma vida de santidade. Mulheres místicas, religiosas, leigas, mães...e muitas entraram no rol dos santos e suas histórias ganharam voz e adeptos de seu exemplo de vida.
Entre as inúmeras mulheres que se tornaram santas, algumas ganharam o título de "Doutora da Igreja Universal" por seu notório saber teológico, ou seja, porque deixaram uma contribuição fundamental para a compreensão de algum ponto da doutrina da Igreja e sua vivência.
Até hoje, a Igreja Católica reconheceu 36 doutores, entre os quais quatro mulheres: Teresa de Ávila, Catarina de Sena, Teresinha de Lisieux e por último, em 2012, a monja beneditina Hildegarda de Bingen.
Neste Dia Internacional da Mulher vale a pena recordar a história de vida dessas grandes mulheres da Igreja. 
Teresa de Ávila
Teresa de Jesus nasceu em Ávila, na Espanha, viveu entre 1515 e 1582. Recebeu o título em 1970, pelo Papa Paulo VI.
Santa Teresa de Ávila
Na missa em que concedeu este título a Santa Teresa, Paulo VI disse que só de proferir o seu nome surgiam “uma multidão de ideias” e seria impossível condensar em breves palavras a imagem histórica e biográfica dessa santa.
Paulo VI lembrou Teresa como uma mulher excepcional que irradiou ao mundo uma vitalidade humana e um dinamismo espiritual incríveis e como reformadora e fundadora de uma Ordem religiosa “insigne e histórica”. Ainda elencou inúmeros adjetivos: escritora genialíssima e fecunda, mestra de vida espiritual, incomparável na contemplação e infatigável na ação. “Como é grande, como é única, como é humana e como é atraente esta figura!”, disse.
Mas o que fez com que Teresa fosse declarada Doutora da Igreja para Paulo VI foi a sua singular contribuição como mãe e mestra da vida espiritual. Para ele, foi essa a “luz mais viva e penetrante” que deixou como herança para toda a Igreja. 
O grande bem que Deus faz a uma alma quando a prepara para praticar com ardor a oração mental...porque a oração mental, segundo o meu parecer, é simplesmente um modo amável de tratar que muitas vezes empregamos ao falar a sós com Aquele que sabemos que nos ama” (do livro Vida, de Teresa de Jesus) 
Catarina de Sena
Também proclamada pelo Papa Paulo VI como Doutora da Igreja, em 1970, a religiosa dominicana Catarina de Sena, nasceu na Itália e viveu entre 1347 a 1380. Segundo Paulo VI, ela recebeu o título pela “peculiar excelência de sua doutrina”.
Santa Catarina de Sena
“’A doutrina de Santa Catarina não era adquirida; ela mostrava-se mais como mestra do que como discípula’, declarou o próprio Pio II, na Bula de Canonização. Realmente, quantos fulgores de sabedoria divina, quantas exortações à imitação de Cristo em todos os mistérios da sua vida e da sua paixão, quantas admoestações eficazes sobre a prática das virtudes, próprias dos vários estados de vida, se encontram a cada passo, nas obras de Santa Catarina!”, disse Paulo VI na homilia da missa de proclamação do título.
Catarina de Sena ficou marcada ainda pela sua atuação em defesa da Igreja e do Papa, especialmente em fins da Idade Média, quando inúmeros conflitos surgiram contra o Papa. Viajando de cidade em cidade, Catarina interveio para o restabelecimento da paz, sendo assim uma forte defensora do Papado. Dirigiu “exortações aos Cardeais e a muitos Bispos e Sacerdotes, sem deixar de fazer fortes repreensões, mas sempre com humildade e respeito pela sua dignidade de ministros do Sangue de Cristo”, lembrou Paulo VI.
Em seu leito de morte deixou a seguinte oração como verdadeiro testemunho de fé e amor a Deus: “Ó Deus eterno, recebe o sacrifício da minha vida em beneficio do Corpo Místico da Santa Igreja. Eu não tenho outra coisa para dar senão o que Tu me deste. Tira o coração, portanto, e comprime-o sobre a face desta esposa”.
Teresinha de Lisieux
Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face foi proclamada Doutora pelo Papa São João Paulo II, em 1997. Nasceu na França e viveu entre 1873 e 1897.
Santa Terezinha do Menino Jesus
O título de Doutora dado a Teresinha foi motivo de reflexão sobre o seu significado. Pois em sua curta vida - apenas 24 anos - Santa Teresa de Lisieux não pôde frequentar uma Universidade e nem sequer os estudos sistemáticos. A esse respeito João Paulo II, refletiu na homilia em que concedeu o título à jovem.
“Entre os ‘Doutores da Igreja’, Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem, mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé expressas nos seus escritos são tão vastas e profundas, que a tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais”. 
São João Paulo II destacou que Teresinha de Lisieux não só compreendeu a profunda verdade do Amor como centro e coração da Igreja como a viveu com intensidade em sua breve existência.
Pois a única finalidade das nossas orações e dos nossos sacrifícios é ser apóstolo dos apóstolos, rezando para eles enquanto evangelizam as almas por suas palavras e, sobretudo, por seus exemplos…” (Manuscrito de Teresinha, n. 56) 
Hildegarda de Bingen
Hildegarda de Bingen, a mística alemã, foi proclamada Doutora pelo Papa Bento XVI, em 2012. A monja beneditina viveu entre 1098 e 1179.
Santa Hildegarda de Bingen
João Paulo II a definiu como “luz do seu povo e do seu tempo”. Mística e teóloga, a religiosa também deixou obras na área da medicina e das ciências naturais. Relembrar Santa Hildegarda neste dia é fazer menção a uma das personagens femininas mais interessantes daquele tempo. 
Ao conceder o título a Hildegarda, Bento XVI destacou o seu valor para o tempo presente: “No horizonte da história, esta grande figura de mulher se define com clareza límpida por santidade de vida e originalidade de doutrina. Aliás, como para qualquer experiência humana e teologal autêntica, a sua importância supera decididamente os confins de uma época e de uma sociedade e, não obstante a distância cronológica e cultural, o seu pensamento manifesta-se de atualidade perene”.
Ao ponderar o motivo que a Igreja considerou a grandiosa mística como Doutora da Igreja Universal, Bento XVI frisou:
“A atribuição do título de Doutor da Igreja universal a Hildegarda de Bingen tem um grande significado para o mundo de hoje e uma extraordinária importância para as mulheres. Em Hildegarda resultam expressos os valores mais nobres da feminilidade: por isso também a presença da mulher na Igreja e na sociedade é iluminada pela sua figura, tanto na ótica da pesquisa científica como na da ação pastoral. A sua capacidade de falar a quantos estão distantes da fé e da Igreja fazem de Hildegarda uma testemunha credível da nova evangelização”.
"E ouvi de novo uma voz do céu, que dizia: 'Deus, que fez todas as coisas por Sua vontade, criou-as para conhecimento e honra de Seu nome. Não somente para mostrar nelas as coisas visíveis e temporais, mas para manifestar nelas as coisas invisíveis e eternas. O que é demonstrado pela visão que contemplas.'" (Pensamento de Hildegarda)
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                                                                                                      Fonte: a12.com
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Dignidade da mulher
1. Auto revelação de Deus
Por ocasião do dia internacional da mulher, 8 de março, queremos prestar às mulheres um afago de amor. 
São João Paulo II escreveu uma Carta Apostólica, Mulieris Dignitatem (15 de agosto de 1988), refletindo sobre a dignidade da mulher. 
"A mulher encontra-se no coração salvífico da humanidade"
A mulher encontra-se no coração salvífico da humanidade. A auto revelação de Deus, que é a imperscrutável unidade da Trindade, está contida, nas suas linhas fundamentais, na Anunciação de Nazaré. «Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus». (cf. Lc. 1, 31-37). 
Já segundo os Padres da Igreja, a primeira revelação da Verdade no Novo Testamento deu-se na Anunciação. Numa homilia atribuída a S. Gregório, o Taumaturgo lê-se: «És esplendor de luz, ó Maria, no sublime reino espiritual! Em ti o Pai, que é sem princípio e cuja potência te cobriu, é glorificado. Em ti o Filho, que carregaste segundo a carne, é adorado. Em ti o Espírito Santo, que operou nas tuas entranhas o nascimento do grande Rei, é celebrado. É graças a ti, ó cheia de graça, que a Trindade santa e consubstancial pôde ser conhecida no mundo».  (Hom. 2, In Annuntiat. Virg. Mariae: PG 10, 1169). Cf. também S. André de Creta,In Annuntiat B. Mariae : PG 97, 909. (MD 5).
2. A dignidade da mulher e a ordem do amor
Só a pessoa pode amar e só a pessoa pode ser amada. Esta é uma afirmação, em primeiro lugar, de natureza ontológica, da qual emerge depois uma afirmação de natureza ética. O amor é uma exigência ontológica e ética da pessoa. A pessoa deve ser amada, pois só o amor corresponde àquilo que é a pessoa. Assim se explica o mandamento do amor, conhecido já no Antigo Testamento (cf. Dt 6, 5; Lev 19, 18) e colocado por Cristo no próprio centro do « ethos » evangélico (cf. Mt 22, 36-40; Mc 12, 28-34). Assim se explica também o primado do amor expresso nas palavras de São Paulo na Carta aos Coríntios: « maior é a caridade » (cf. 1 Cor13, 13). (MD 29). Somente a mulher é capaz de gerar e encarnar o amor entre nós. Eis a grandeza e beleza da vocação da mulher.
3. Consciência de uma missão
A dignidade da mulher está intimamente ligada com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa. Confirma-se assim a verdade sobre a pessoa e sobre o amor. « O homem, a única criatura na terra que Deus quis por si mesma, não pode se encontrar plenamente senão por um dom sincero de si mesmo ». (GS 24). Isto se refere a todo homem, como pessoa criada à imagem de Deus, quer homem quer mulher. A afirmação de natureza ontológica aqui contida está a indicar também a dimensão ética da vocação da pessoa. A mulher não pode se encontrar a si mesma senão doando amor aos outros.
A mulher é forte pela consciência dessa missão, forte pelo fato de que Deus « lhe confia o homem », sempre e em todos os casos, até nas condições de discriminação social em que ela se possa encontrar. Esta consciência e esta vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus mesmo, e isto a torna « forte » e consolida a sua vocação. Deste modo, a « mulher perfeita » (cf. Prov 31, 10) torna-se um amparo insubstituível e uma fonte de força espiritual para os outros, que percebem as grandes energias do seu espírito. A estas « mulheres perfeitas » muito devem as suas famílias e, por vezes, inteiras Nações. A mulher é a chave mestra que possibilidade de gerar, criar e formar família. Família verdadeiramente estabelecida é a “célula viva da sociedade”.
Na nossa época, os sucessos da ciência e da técnica consentem alcançar, num grau até agora desconhecido, um bem-estar material que, enquanto favorece alguns, conduz outros à marginalização. Desse modo, este progresso unilateral pode comportar também um gradual desaparecimento da sensibilidade pelo homem, por aquilo que é essencialmente humano.  (MD 30).
Retirando os óculos escuros que exploram o corpo da mulher, e que assassinam inocentes antes de nascer, olhemos para a figura mulher, menina, moça, mãe, irmã, amiga, esposa, vó que faz parte da integridade de todas as pessoas. E que não seja instrumentalizada a serviço do capital e propaganda exploratória, mas vista como companheira e amiga, presença digna que nos santifica. Por isso, ela não é dona de seu corpo, mas um templo sagrado que gera vida, feita a imagem e semelhança de Deus.
Parabéns a você mulher digna e forte e perdão pelas vezes que te exploramos e ignoramos a sua beleza e ternura de ser mulher.
                                                    Dom Severino Clasen - Bispo de Caçador (RS
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                                         Fonte: cnbb.org.br    Ilustração: saojosejaguapita.com.br

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