Deus faz feliz o nosso coração! |
Cerca de
sessenta membros da Cúria Romana, entre responsáveis de dicastérios, bispos e
cardeais, estão refletindo sobre as “Perguntas abertas do Evangelho”, eixo
central das meditações. A primeira pergunta foi extraída do Evangelho de João
“Jesus voltou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que
procurais?” (Jo, 1, 38)
"A proposta
para esses dias juntos – disse o padre servita - é deter-nos à escuta de um
Deus de perguntas: não mais interrogar o Senhor, mas deixar-se interrogar por
Ele. E ao invés de correr logo em busca da resposta, parar para viver bem as
perguntas, as abertas perguntas do Evangelho. Amar as perguntas, estas já são
revelação". "As perguntas são (...) o outro nome da conversão",
afirmou.
Mais
questionamentos, menos afirmações
"Jesus –
disse padre Ronchi – educa à fé mais por meio de questionamentos do que de
afirmações". Os quatro evangelhos – prosseguiu – trazem mais de 220
perguntas do Senhor: “A pergunta é a comunicação não violenta, que não emudece
o outro, mas propõe o diálogo, o envolve e, ao mesmo tempo, o deixa livre. O
próprio Jesus é uma interrogação. A sua vida e a sua morte nos interpelam sobre
o sentido último das coisas, nos interrogam sobre aquilo que faz feliz a vida.
E a resposta ainda é Ele”.
Padre Ronchi
prosseguiu recordando que Jesus não nos pede renúncias ou sacrifícios, mas pede
em primeiro lugar para entrar em nosso coração, para compreender aquilo que
mais desejo, aquilo que me faz feliz. Buscar a felicidade é buscar Deus e “a
paixão por Deus nasce da descoberta da beleza de Cristo. Deus me atrai não
porque é onipotente, não me seduz porque é eterno ou perfeito”, mas “me seduz
com a face e a história de Cristo, o homem da vida bela e beata, amor e livre
como ninguém. Ele é a boa nova que diz: é possível viver melhor, para todos. E
o Evangelho possui a chave para isso”.
O nome de Deus é
alegria
A fé é buscar
“um Deus sensível ao coração, que faz feliz o coração, cujo nome é alegria,
liberdade e plenitude. Deus é belo. Cabe a nós anunciar um Deus belo, desejável
e interessante”. Talvez – acrescentou - “tenhamos empobrecido a face de Deus,
às vezes o reduzimos em miséria, relegado a revistar no passado e no pecado do
homem. Talvez um Deus que se venera e se adora, mas não aquele envolvido e
envolvente, que ri e brinca com os seus filhos”.
Deus pode morrer
de tédio em nossas igrejas
“Todo homem –
concluiu Padre Ermes Ronchi – busca um Deus envolvente. Deus pode morrer de
tédio nas nossas igrejas. É preciso restituir sua face solar, um Deus a ser
saboreado, desejável. Será como beber nas fontes da luz, na beira do infinito.
O que buscam? Por quem vocês caminham? Busco um Deus desejável, caminho por
alguém que faz feliz o coração”. (BF)
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"Fé e medo" disputam o coração do homem
Prosseguem, em Ariccia, nas proximidades de Roma, os exercícios espirituais do
Papa com seus colaboradores da Cúria Romana. Depois da primeira meditação,
domingo (06/03), na chegada, esta manhã o pregador, Padre Ermes Ronchi, propôs
como tema o trecho evangélico de Marcos “Por que sois tão medrosos? Ainda não
tendes fé?”.
O medo é a falta
de confiança em Deus
A fé derrota o medo |
“Medo e fé” –
afirmou o religioso servita – são “os antagonistas que disputam eternamente o
coração do homem. A Palavra de Deus, do início ao fim da Bíblia, conforta e
insiste: não temeis, não tenhais medo!”. “O medo não é tanto a falta de
coragem, mas a falta de confiança. O medo de Deus é porque temos uma imagem
errada Dele, como Adão e Eva que creem num “Deus que tira e não num Deus que
ama”:
“Creem num Deus
que rouba liberdade, ao invés de dar possibilidades; creem num Deus a quem
interessa mais a lei do que a alegria de seus filhos; num Deus que julga, do
qual fugir e não correr atrás; um Deus, no fundo, de quem não se deve confiar.
O primeiro de todos os pecados é o pecado contra a fé”.
Deus não nos
salva da cruz, mas na cruz
Citando o
teólogo luterano alemão Bonhoeffer, Padre Ronchi disse que “Deus não salva do
sofrimento, mas no sofrimento, não protege da dor, mas na dor, não salva da
cruz, mas na cruz. Deus não traz a solução de nossos problemas, traz a si mesmo
e doando-se, nos dá tudo. Pensávamos que o Evangelho resolveria os problemas do
mundo ou pelo menos reduziria as violências e as crises da história, mas não é
assim. Ao contrário, o Evangelho trouxe consigo a negação, as perseguições e
outras cruzes; por exemplo, pensemos nas 4 religiosas mortas em Aden”.
“Jesus –
observou o pregador – nos ensina que existe um único modo para derrotar o medo:
a fé!. E a missão da Igreja, também em seu interno – é liberar do medo que nos
leva a vestir máscaras diferentes com os nossos parentes, colegas e superiores.
Quem transmite a fé deve educar a não ter medo, não incutir medo e libertar do
medo":
A Igreja e a fé
mesclada com o medo
“Por muito
tempo, a Igreja transmitiu uma fé mesclada de medo, que rodava ao redor do
paradigma culpa/ castigo, e não do florescimento/plenitude. O medo nasceu em
Adão porque ele não soube imaginar a misericórdia e seu fruto, que é a alegria.
O medo, por sua vez, produz um cristianismo triste, um Deus sem alegria.
Libertar do medo significa trabalhar para retirar o véu de medo do coração de
tantas pessoas: o medo do outro, o medo do estrangeiro. Passar da hostilidade,
que pode ser instintiva, à hospitalidade; da xenofobia à xenofilia... e
libertar os fiéis do medo de Deus, ser anjos que libertam do medo”. (CM)
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Fonte: radiovaticana.va
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