Francisco:
Deus não nos identifica com o mal que cometemos
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste
domingo (13/03), com os fieis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução que
precedeu a oração, o pontífice frisou que “o evangelista João apresenta o
episódio da mulher adúltera, evidenciando o tema da misericórdia de Deus que
não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva”.
“A cena se
realiza na esplanada do templo. Jesus está ensinando às pessoas e eis que
chegam alguns escribas e fariseus que arrastam diante Dele uma mulher que tinha
sido pega em adultério. Esta mulher se encontra ali, entre Jesus e a multidão,
entre a misericórdia do Filho de Deus e a violência, a raiva de seus
acusadores. Na realidade, eles não foram ao Mestre para pedir-lhe o seu
parecer, mas para fazer-lhe uma armadilha. De fato, se Jesus seguir a
severidade da lei, aprovando a lapidação da mulher, perderá a sua fama de
mansidão e bondade que tanto fascina o povo; se ao invés for misericordioso,
irá contra a lei que Ele mesmo disse não querer abolir, mas cumprir.”
Atenção e carinho com o rebanho |
Segundo
Francisco, “esta má intenção se esconde debaixo da pergunta que eles fazem a
Jesus: ‘E tu, o que dizes?’ Jesus não responde, se cala e realiza um gesto
misterioso: ‘Inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo’. Desta
maneira, convida todos à calma, a não agir de impulso e procurar a justiça de
Deus. Mas aqueles, maus, insistem e esperam dele uma resposta. Parece que
tinham sede de sangue. Então, Jesus levanta o olhar e diz: ‘Quem de vocês não
tiver pecado, atire-lhe a primeira pedra’.”
“Esta resposta
abala os acusadores, desarma todos no verdadeiro sentido da palavra: Todos
depuseram as armas, ou seja, as pedras prontas para serem lançadas, tanto
aquelas visíveis contra a mulher, quanto as pedras escondidas contra Jesus.
Enquanto o Senhor continua escrevendo no chão, os acusadores vão embora um por
um, com a cabeça baixa, começando pelos idosos, mais conscientes de não serem
sem pecado.”
“Quanto bem nos
fará ser conscientes de que também nós somos pecadores! Quando falamos mal dos
outros e todas essas coisas que nós conhecemos! Quanto bem nos fará ter a
coragem de fazer cair no chão as pedras que lançamos contra os outros e pensar
um pouco em nossos pecados”, sublinhou o Papa.
“Permaneceram
ali a mulher e Jesus: a miséria e a misericórdia, uma diante da outra. Quantas
vezes isso nos acontece, quando nos detemos diante do confessionário, com
vergonha, para mostrar a nossa miséria e pedir perdão? 'Mulher, onde estão
eles?’, disse Jesus. Basta esta constatação e o seu olhar cheio de
misericórdia, cheio de amor para fazer aquela pessoa sentir, talvez pela
primeira vez, que tem uma dignidade, que ela não é o seu pecado, ela tem uma
dignidade de pessoa, que pode mudar de vida, pode sair daquelas escravidões e
caminhar numa estrada nova”, disse ainda o pontífice.
Francisco
destacou que “aquela mulher representa todos nós que somos pecadores, ou seja,
adúlteros diante de Deus, traidores de sua fidelidade. A sua experiência
representa a vontade de Deus para cada um de nós: não a nossa condenação, mas a
nossa salvação através de Jesus. Ele é a graça que salva do pecado e da morte.
Ele escreveu no chão, no pó do qual é formado todo ser humano, a sentença de
Deus: Não quero que morra, mas que tenha vida.”
Segundo o
pontífice, “Deus não nos prega ao nosso pecado, não nos identifica com o mal
que cometemos. Temos um nome e Deus não identifica esse nome com o pecado que
cometemos. Ele quer nos libertar e quer que também nós queiramos junto com Ele.
Quer que a nossa liberdade se converta do mal para o bem, e isso é possível com
a sua graça”.
O Papa concluiu
pedindo à Virgem Maria que nos ajude a confiar-nos completamente à misericórdia
de Deus para nos tornar novas criaturas. (MJ)
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