Convidados para
o Sacramento da Penitência
O Sacramento da
Penitência é o sacramento da conversão profunda, porque realiza, de maneira
sacramental, o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do
Pai, do qual o pecador se afasta pelo pecado. Pode, também, ser chamado de
Sacramento da Confissão, porque o penitente reconhece diante do sacerdote ser
pecador e confessa os seus pecados, reconhecendo o delito e pedindo a santidade
de Deus e a sua infinita misericórdia pelo perdão de seus pecados. Pode, ainda,
ser chamado de Sacramento do Perdão, porque pela absolvição sacramental do
sacerdote o penitente recebe da parte de Deus e da Igreja o perdão e a paz. Por
fim, é chamado de Sacramento da Reconciliação, porque no ato de se confessar o
pecador recebe o amor generoso do Pai e reconcilia-se com Deus, com a
comunidade e com os irmãos.
Deus está sempre a nossa espera para nos perdoar |
Aproximar-se do
confessionário, depois de um acurado exame de consciência, é viver o apelo de
Jesus à conversão e à penitência. Sim, uma conversão profunda de dentro para
fora, do coração. O Catecismo da Igreja Católica no seu número 1432 ensina que
“o coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um
coração novo (20). A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual
faz com que os nossos corações se voltem para Ele: ‘Convertei-nos, Senhor, e
seremos convertidos’ (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem de começar de
novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado
pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo
pecado e de estar separado d'Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para
Aquele a quem os nossos pecados trespassaram”.
A praxe de
confessar faltas ao sacerdote já estava em vigor no Antigo Testamento. O livro
do Levítico mostra vários casos em que o perdão do pecado era realizado por
meio de confissão. Um caso de confissão pública: “Aquele que se tornar culpado
de uma destas três coisas (recusa de testemunho, contatos impuros, juramentos
levianos), confessará o pecado cometido, e o sacerdote fará por ele o rito de
expiação” (Lv 5,5s).
Em outros casos
a confissão era feita diretamente ao sacerdote, como em Lv 5,23-25: “Se alguém
pecar recusando devolver ao próximo algo extorquido ou roubado, deverá
restituir o valor ao proprietário respectivo. Depois levará ao Senhor, como
sacrifício de reparação, um carneiro, sem defeito, do seu rebanho. Será
avaliado segundo o valor estabelecido pelo sacerdote para um sacrifício de
reparação”.
Sabemos já que o
perdão dos pecados reconcilia com Deus, mas também com a Igreja. Quando o
sacerdote celebra o sacramento da Penitência, realiza o ministério do Bom
Pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do
Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, cujo
julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Ele é o sinal e o
instrumento do amor misericordioso de Deus para com cada pecador,
individualmente.
A Igreja ensina
que o confessor deve unir-se à intenção e à caridade de Cristo; ter respeito e
delicadeza diante daquele que caiu; deve amar a verdade, ser fiel ao Magistério
da Igreja e conduzir, com paciência, o penitente à cura e à plena maturidade.
Deve orar e fazer penitência por ele, confiando-o à misericórdia do Senhor. (§
CIC 1466). O sacerdote também não pode fazer uso do conhecimento da vida dos
penitentes adquirido pela Confissão. Este segredo, que não admite exceções,
chama-se “sigilo sacramental”.
A Igreja pede
que pelo menos uma vez ao ano, na Páscoa do Senhor, nos confessemos e
comunguemos. Aqui é necessário deixar bem claro que isto é o mínimo que se
pede! Quem ama não dá o mínimo; procura dar o máximo. Assim, para um cristão
consciente e que deseja ter uma vida cristã séria, seria bom confessar-se ao
menos três vezes ao ano: pelo Natal, pela Páscoa e mais uma vez, entre a Páscoa
e o Natal. Não nos esqueçamos que sempre que cometemos algum pecado mais grave
é necessário recorrer ao Sacramento!
Por isso, o
fiel, ciente de que deve se confessar pelo menos uma vez por ano pela Páscoa da
salvação, ao receber a absolvição deve ficar atento à fórmula da absolvição,
quando o presbítero diz que o Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão
e que Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela Páscoa do seu Filho e pelo
dom do seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja.
Cardeal Orani
João Tempesta - Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ
..............................................................................................................................
Fonte: cnbb.org.br Foto: radiovaticana.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário