Quantos “vales tenebrosos”, mas o Senhor está conosco!
Cidade do
Vaticano (RV) – O sem-teto morto de frio em Roma, as irmãs de Madre Teresa
assassinadas no Iêmen, as pessoas que adoecem na “Terra do fogo”, perto de
Nápoles. Na missa da manhã desta segunda-feira (14/04), o Papa citou alguns
fatos dramáticos dos últimos dias. Diante destes “vales tenebrosos”, disse
Francisco, a única resposta é confiar em Deus.
O Pontífice se
inspirou na primeira leitura do dia, extraída do Livro de Daniel, em que
Susana, uma mulher justa difamada pelas más intenções de dois juízes, prefere
confiar em Deus e escolhe morrer inocente a fazer o que aqueles dois homens
queriam.
Quantos vales
tenebrosos
O Senhor, disse
o Papa, sempre caminha conosco, nos quer bem e não nos abandona. E dirige o seu
olhar aos “vales tenebrosos” do nosso tempo:
“Quando nós,
hoje, olhamos para os muitos vales obscuros, tantas desgraças, tanta gente que
morre de fome, de guerra, crianças com problemas, tantas.... você pergunta aos pais:
‘Mas que doença ele tem?’ – ‘Ninguém sabe: se chama doença rara’. Pensemos nos
tumores da Terra do fogo … Quando você vê tudo isso, pergunta: onde está o
Senhor? O Senhor caminha comigo? Este era o sentimento de Susana. Também o
nosso. Você vê essas quatro freiras trucidadas: serviam por amor e acabaram
trucidadas por ódio! Quando você vê que se fecham as portas aos prófugos e eles
ficam ao relento, com o frio... Mas Senhor, onde você está?”
Por que uma
criança sofre?
“Como posso
confiar no Senhor – retomou o Papa – se vejo todas essas coisas? E quando as
coisas acontecem comigo, cada um de nós pode dizer: mas como me entrego ao
Senhor?” “A esta pergunta há uma resposta”, disse Francisco: “Não se pode
explicar, eu não sou capaz”:
“Por que uma
criança sofre? Não sei: para mim é um mistério. Somente Jesus no Getsêmani me
traz uma luz – não à mente, mas à alma: ‘Pai, este cálice, não. Mas seja feita
a Sua vontade’. Entrega-se à vontade do Pai. Jesus sabe que tudo não termina
com a morte ou com a angústia, e a última palavra da Cruz: ‘Pai,
confio-me em Suas mãos!’, e morre assim. Entregar-se a Deus, que caminha
comigo, que caminha com o meu povo, que caminha com a Igreja. E este é um ato
de fé. Eu me entrego. Não sei: não sei porque isso acontece, mas eu confio.
Você saberá porquê”.
O mal não é
definitivo
E este, disse,
“é o ensinamento de Jesus: quem se entrega ao Senhor que é Pai, não precisa de
mais nada”. Ainda que caminhe por um vale tenebroso, acrescentou, “sabe que o mal
é um mal momentâneo, o mal definitivo não existirá porque o Senhor ...‘porque
Tu estás comigo. O Teu bastão e o Teu cajado me deixam tranquilo”. Esta,
destacou, “é uma graça” que devemos pedir: “Senhor, ensinai-me a entregar-me
nas Tuas mãos, a confiar em sua guia, mesmo nos maus momentos, nos momentos
tenebrosos, no momento da morte”:
“Hoje nos fará
bem pensar à nossa vida, aos problemas que temos e pedir a graça de nos
entregarmos nas mãos de Deus. Pensar em tantas pessoas que não recebem um
último carinho na hora de morrer. Três dias atrás morreu um aqui, nas ruas, um
sem-teto: morreu de frio. Em plena Roma, uma cidade com todas as possibilidades
para ajudar. Por que, Senhor? Sequer um carinho… Mas eu me entrego, porque Tu
não desiludes”.
“Senhor – concluiu
o Papa – não Te entendo. Esta é uma bela oração. Mesmo sem entender, me entrego
nas Tuas mãos”. (BF/RB)
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