A Família Educadora
Sempre que se
inicia o ano, todas as famílias com filhos em idade escolar preocupam-se com a
educação dos seus filhos. O Estado tem a obrigação de subsidiar a educação,
porém é indispensável a participação da família nesse processo.
Nos primeiros
anos da vida, a cultura recebe o nome de educação. Educar é cultivar. Em latim,
educco significa “lançar para fora”, “fazer sair”; educar tem o sentido de
desenvolver a partir de algo que já se encontra em germe na criança.
Assim como o
cultivo das plantas é a arte de, obedecendo às leis naturais, conduzir a
semente ao estado de flor, também a educação do ser humano tem as suas leis.
Devemos educar obedecendo livremente essas leis, que são as leis da criação e
que estão inscritas no ser humano.
Educar pelo testemunho |
Um bom educador
não desenvolverá apenas o que já está previsto no nosso programa genético, a
chamada herança genética, mas saberá absorver do meio social onde se encontra,
aquele conjunto de tradições, de valores autênticos, de formas de vida válidas
para o verdadeiro crescimento da personalidade. Antes de tudo, educar é ensinar
a discernir. É cultivar na criança e no adolescente o homem, sabendo desenvolver
nele o gosto, o afeto, o interesse por tudo aquilo que ajuda a ser mais homem.
Educar consiste
em formar o espírito crítico, o bom gosto, o sentido do verdadeiro, do belo, do
bom, e, acima de tudo, o sentido do Soberano Bem, o sentido de Deus, sem o qual
nossa vida não tem sentido nenhum.
A educação se
inclui entre os direitos fundamentais da pessoa humana. Diz o Concílio Vaticano
II: “Todos os homens, de qualquer estirpe, condição e idade, visto gozarem da
dignidade da pessoa, têm direito inalienável a uma educação correspondente ao
próprio fim, acomodada à própria índole, sexo, cultura e tradições pátrias, e,
ao mesmo tempo, aberta ao consórcio fraterno com os outros povos”.
Essa primeira
educação deve dar-se na família. O filho tem direito a nascer e a ser educado
no seio de uma família. Pouco adiantará a boa escola, mesmo a escola católica,
se quando voltar para casa a criança não encontrar no lar a confirmação,
teórica e prática, do que lhe ensinaram seus professores.
E a escola,
mesmo a escola católica, não terá nenhuma eficácia, se na família, consciente
ou inconscientemente, se cultivam formas contra-culturais de vida, que são o
consumismo, o hedonismo, a frivolidade, uma vida egoísta.
Uma boa educação
não deve limitar-se aos elementos intelectuais, artísticos, técnicos, mas deve
cultivar as atitudes morais e os valores espirituais, principalmente a fé. Não
existe, segundo São João Paulo II, “bem maior que o de uma fé profunda, para os
pais transmitirem a seus filhos”.
Os pais são, por
direito e por dever, os primeiros e principais educadores de seus filhos. Não
devem, portanto, alhear-se dessa difícil tarefa, pensando que a escola fará
tudo. O próprio desinteresse dos pais nesse ponto, quando é percebido pelos
filhos – e o é sempre –, mata na sua base todo o esforço educador.
A transmissão da
fé é uma missão especialmente ligada à vocação matrimonial. Os esposos, pelo
matrimônio, se orientam para a geração e a educação da prole. A educação é, não
esqueçam, o prolongamento normal e necessário da geração. É isso que a
sociedade, a Igreja e Deus esperam dos pais.
Dom Levi Bonatto - Bispo auxiliar de Goiânia
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração: a12.com
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