Sacerdotes sejam simples e misericordiosos
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco reforçou, nesta segunda-feira (25/01), a
necessidade de sacerdotes buscarem um diálogo constante com a Palavra de Deus e
fez uma advertência àqueles que se contentam com uma vida “normal”. Em seu
discurso à comunidade do Pontifício Seminário Lombardo de Roma, o Santo Padre
também lembrou da importância do contato e da aproximação como bispo na
atividade sacerdotal diocesana.
Para Francisco,
o sacerdote que escolhe o caminho da normalidade se tornará um “sacerdote
medíocre, ou pior”. “Então, este sacerdote começa a se contentar com um pouco
da atenção recebida, julga o ministério com base em suas realizações e se
contenta em buscar aquilo que lhe agrada, tornando-se morno e sem nenhum
interesse real pelos outros”, destacou.
Contato com o
bispo
Unidos aos bispos, os sacerdotes devem crescer no amor a Deus e aos fiéis |
Em relação à
comunhão com o bispo diocesano, o Papa lembrou que a característica do
sacerdote diocesano é “precisamente a 'diocesaneidade', e a 'diocesaneidade'
tem a sua pedra angular na relação frequente com o bispo, no diálogo e no
discernimento com ele”.
“Um sacerdote
que não tem um relacionamento assíduo com o seu bispo – relatou o pontífice –
lentamente se isola do corpo diocesano e a sua fecundidade diminui,
principalmente porque não exercita o diálogo com o Pai da Diocese.”
Olhar para com
os pobres
O Papa recordou
o modelo de vida de São Carlos Borromeu que, de acordo com ele, como Servo de
Deus se preocupava principalmente com os pobres. "Mas – é sempre bom
lembrar – só pode proclamar as palavras de vida apenas quem faz da própria vida
um diálogo constante com a Palavra de Deus, ou melhor, com Deus que nos fala.”
O Pontífice
pontuou ainda que “não convém uma formação segregada” e que “a oração, a
cultura e o trabalho pastoral são pedras fundamentais de um único edifício”. Ao
concluir, o Papa refletiu sobre a importância da união porque “os sacerdotes de
hoje e de amanhã são homens espirituais e pastores misericordiosos,
interiormente unificados pelo amor do Senhor e capacitados a difundir a alegria
do Evangelho na simplicidade da vida”.
“A evangelização,
hoje, - disse o Papa Francisco - necessita voltar ao caminho da simplicidade.
Simplicidade de vida, a fim de evitar todas as formas de duplicidade e
mundanismo, o que é suficiente para a comunhão verdadeira com o Senhor e com os
outros; simplicidade da linguagem: nem pregadores de doutrinas complexas, mas
anunciadores de Cristo, morto e ressuscitado por nós.” (PS)
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A misericórdia de Deus renovará nossas relações
“Não pode existir autêntica busca da unidade dos cristãos
sem um confiar-se plenamente na misericórdia do Pai.” Foi o que disse o Papa
Francisco na tarde desta segunda-feira (25/01), nas segundas Vésperas,
celebradas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na festa da Conversão de
São Paulo.
Como se dá
habitualmente nesta ocasião, sendo uma celebração ecumênica, as Segundas
Vésperas tiveram a participação de representantes de diferentes confissões
cristãs, entre os quais, representante do Patriarcado ecumênico de
Constantinopla, representante em Roma do Primaz da Comunhão Anglicana, e os
representantes das várias Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma. Todos, com
Francisco, passaram pela Porta Santa do Jubileu extraordinário da Misericórdia.
Com humildade, Papa pede perdão por comportamentos não evangélicos |
Após referir-se
ao Ano jubilar da Misericórdia, e dirigindo-se aos representantes de outras
Igrejas cristãs, o Papa disse: “Peçamos perdão pelo pecado das nossas divisões,
que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo”, exortou Francisco acrescentando:
“Como Bispo de
Roma e Pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão
pelos comportamentos não-evangélicos da parte de católicos em relação a
cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e irmãs
católicos a perdoar se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros
cristãos.”
Com realismo e
esperança, o Santo Padre acrescentou: “Não podemos eliminar o que houve, mas
não queremos permitir que o peso das culpas passadas continue manchando as
nossas relações. A misericórdia de Deus renovará as nossas relações”.
O Pontífice
havia iniciado a homilia partindo do significado e alcance da conversão de São
Paulo. Conversão essa que, em primeiro lugar – observou – “é uma experiência
transformadora da graça de Cristo, e, ao mesmo tempo, o chamado a uma nova
missão”.
Referindo-se ao
chamado que o Senhor fez ao Apóstolo dos Gentios, disse que “a vocação a ser
apóstolo se funda não nos méritos humanos de Paulo”, mas “na bondade infinita
de Deus, que o escolheu e confiou-lhe o ministério”.
“A
superabundante misericórdia de Deus é a razão única sobre a qual se funda o
ministério de Paulo, e é, ao mesmo tempo, aquilo que o Apóstolo deve anunciar a
todos”, frisou.
Na liturgia que
encerrou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristão – semana esta celebrada no
hemisfério norte –, o Papa ressaltou que o Pai ama a todos e quer salvar a
todos, e para isso chama alguns, “conquistando-os” com a sua graça, a fim de
que através destes o seu amor possa chegar a todos.
“A missão de
todo o povo de Deus é de anunciar as obras maravilhosas do Senhor, em primeiro
lugar, o Mistério pascal de Cristo, por meio do qual passamos das trevas do
pecado e da morte para o esplendor da sua vida, nova e eterna.”
Dirigindo-se aos
fiéis de todas as confissões cristãs, ali representados, Francisco disse que
realmente podemos dizer que todos nós fiéis em Cristo somos “chamados a
anunciar as obras maravilhosas de Deus”.
“Para além das
diferenças que ainda nos separam – disse –, reconhecemos com alegria que na
origem da vida cristã há sempre um chamado cujo autor é Deus mesmo. Podemos
progredir no caminho da plena comunhão visível entre os cristãos não somente
quando nos aproximamos uns dos outros, mas, sobretudo, na medida em que nos
convertemos ao Senhor, que por sua graça nos escolhe e nos chama a ser
seus discípulos. E converter-se significa deixar que o Senhor viva e opere em
nós.”
“Quando juntos
os cristãos de diferentes Igrejas ouvem a Palavra de Deus e buscam colocá-la em
prática, dão passos importantes rumo à unidade. E não é somente o chamado que
nos une; somos unidos também pela mesma missão: anunciar a todos as obras
maravilhosas de Deus.”
Enquanto estamos
caminhando rumo à plena comunhão entre nós, já podemos desenvolver múltiplas
formas de colaboração, de caminhar juntos e colaborar para favorecer a difusão
do Evangelho. “E caminhando e trabalhando juntos, nos damos conta de que já
estamos unidos no nome do Senhor. A unidade se faz caminhando”, afirmou o Papa
Francisco.
Recordando que a
unidade é dom da misericórdia de Deus Pai, o Papa concluiu convidando todos
nós, cristãos, a unirmo-nos hoje à oração que Jesus dirigiu ao Pai:
“Sejamos uma só coisa (...) para que o mundo creia” (Jo17.21). (RL)
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Francisco:
Antes de tudo, peçamos perdão pelo pecado de nossas divisões
Eis a íntegra da
homilia do Papa:
“De fato eu sou
o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja
de Deus. Mas aquilo que eu sou, eu devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim
não foi estéril” (1 Cor 9, 1). O apóstolo Paulo assim resume o significado da
sua conversão. Ela, ocorrida após o fulgurante encontro com Jesus Ressuscitado,
na estrada de Jerusalém a Damasco, não é antes de tudo uma mudança moral, mas
sim uma experiência transformadora da graça da Cristo, e ao mesmo tempo o
chamado a uma nova missão, a de anunciar a todos, aquele Jesus que antes
persegui, perseguindo seus discípulos. Neste momento, de fato, Paulo compreende
que entre o Cristo vivo na eternidade e os seus seguidores, existe uma união
real e transcendente: Jesus vive e está presente neles e eles vivem nele. A
vocação a ser apóstolo se funda não nos méritos humanos de Paulo, que se considera
“menor” e “indigno”, mas na bondade infinita de Deus, que o escolheu e confiou
a ele o ministério.
Uma compreensão
semelhante do que ocorreu no caminho de Damasco é testemunhada por Paulo também
na Primeira Carta a Timóteo: “Agradeço àquele que me deu força, a Jesus Cristo
nosso Senhor, que me considerou digno de confiança, tomando-me para o seu
serviço, apesar de eu ter sido um blasfemo, perseguidor e insolente. Mas eu
obtive misericórdia porque eu agia sem saber, longe da fé. Sim, ele me concedeu
com maior abundância a sua graça, junto com a fé e o amor que estão em Jesus
Cristo” (1,12-14). A superabundante misericórdia de Deus é a razão única sobre
a qual se funda o ministério de Paulo e é ao mesmo tempo o que Paulo deve
anunciar a todos.
Rezemos pela fraternidade unidade entre os cristãos |
A experiência de
São Paulo é semelhante à das comunidades às quais o apóstolo Pedro dirige a sua
Primeira carta. São Pedro se dirige aos membros de comunidades pequenas e
frágeis, expostas à ameaça das perseguições, e aplica a elas os títulos
gloriosos atribuídos ao povo santo de Deus: “raça eleita, sacerdócio régio,
nação santa, povo adquirido por Deus”. Para aqueles primeiros cristãos, como
hoje para todos nós batizados, é motivo de conforto e de constante estupor
saber que fomos escolhidos para fazer parte do plano de salvação de Deus,
realizado em Jesus Cristo e na Igreja. “Por que, Senhor, justamente eu?; por
que precisamente nós? “. Atingimos aqui o mistério da misericórdia e da escolha
de Deus: o Pai ama todos e quer salvar a todos, e por isto chama alguns,
“conquistando-os” com a sua graça, para que através deles o seu amor possa
chegar a todos. A missão de todo o povo de Deus é a de anunciar as obras
maravilhosas do Senhor, a primeira entre todas o Mistério Pascal de Cristo, por
meio do qual passamos das trevas do pecado e da morte ao esplendor da sua vida,
nova e eterna.
À luz da Palavra
de Deus que ouvimos, e que nos guiou durante esta Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos, podemos realmente dizer que todos nós que acreditamos em Cristo
somos “chamados a proclamar as obras maravilhosas de Deus” (cfr 1 Pt 2,9).
Acima das diferenças que ainda nos separam, reconhecemos com alegria que na
origem da vida cristã existe sempre um chamado cujo autor é o próprio Deus.
Podemos progredir no caminho da plena comunhão visível entre os cristãos, não
somente quando nos aproximamos uns dos outros, mas sobretudo na medida em que
nos convertemos ao Senhor, que por sua graça nos escolhe e nos chama a sermos
seus discípulos. E converter-se significa deixar que o Senhor viva e aja em
nós. Por este motivo, quando juntos os cristãos de diversas Igrejas escutam a
Palavra de Deus e procuram colocá-la em prática, dão realmente passos
importantes em direção à unidade. E não é somente o chamado que nos une; nos
une também a mesma missão: anunciar a todos as obras maravilhosas de Deus. Como
São Paulo, e como os fieis a quem escreve São Pedro, também nós não podemos que
não anunciar o amor misericordioso que nos conquistou e transformou. Enquanto
estamos a caminho, em direção à plena comunhão entre nós, podemos já
desenvolver múltiplas formas de colaboração para favorecer a difusão do
Evangelho. E caminhando e trabalhando juntos, percebemos que já estamos unidos
no nome do Senhor.
Neste Ano
Jubilar Extraordinário da Misericórdia, tenhamos bem presente que não pode
existir uma autêntica busca da unidade dos cristão, sem uma plena entrega à
misericórdia de Deus. Peçamos, antes de tudo, perdão pelo pecado das nossas
divisões, que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo. Como Bispo de Roma e
Pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão pelos
comportamentos não evangélicos tidos por parte dos católicos em relação aos
cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e as irmãs
católicos a perdoar se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros
cristãos. Não podemos apagar aquilo que aconteceu, mas não queremos permitir
que o peso das culpas passadas continuem a macular nas nossas relações. A
misericórdia de Deus renovará as nossas relações.
Neste clima de
intensa oração, saúdo fraternalmente Sua Eminência o Metropolita Gennadios,
representante do Patriarcado Ecumênico, Sua Graça David Moxon, representante
pessoal em Roma do Arcebispo de Cantuária, e todos os representantes das
diversas Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma, aqui reunidos nesta tarde.
Com eles passamos através da Porta Santa desta Basílica, para recordar que a
única porta que nos conduz à salvação é Jesus Cristo nosso Senhor, o rosto
misericordioso do Pai. Dirijo uma cordial saudação também aos jovens ortodoxos
e ortodoxos orientais que estudam aqui em Roma com o apoio do Comitê de
Colaboração Cultural com as Igrejas Ortodoxos, que atua junto ao Conselho para
a Promoção da Unidade dos Cristãos, assim como aos estudantes do Ecumenical Institute
of Bossey, em visita aqui em Roma para aprofundar o seus conhecimento sobre a
Igreja Católica.
Queridos irmãos
e irmãs, unamo-nos à oração que Jesus Cristo dirigiu ao Pai: “Que sejam um
(...) para que o mundo creia” (João 17,21). A unidade é dom da misericórdia de
Deus Pai. Aqui, diante do túmulo de São Paulo, apóstolo e mártir, guardado
nesta esplêndida Basílica, sentimos que o nosso humilde pedido é apoiado pela
intercessão da multidão dos mártires cristãos de ontem e de hoje. Eles
responderam com generosidade ao chamado do Senhor, deram um fiel testemunho,
com a sua vida, das obras maravilhosas que Deus realizou em nós, e já
experimentam a plena comunhão na presença de Deus Pai. Apoiados pelo seu
exemplo e confortados pela sua intercessão, dirijamos a Deus a nossa humilde
oração".
(Tradução livre
do Programa Brasileiro)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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