Santo de casa
“Um profeta só
não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares” (Marcos 6,4).
Jesus não fez
muitos milagres em Nazaré, sua terra, devido à incredulidade das pessoas. Elas
admiravam seus ensinamentos, mas não tinham fé nele por ser um nascido ali
mesmo. Jesus disse: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus
parentes e familiares” (Marcos 6,4). Por isso, até se diz na linguagem popular
que o santo de casa não faz
milagres.
Dom José Alberto Moura |
Às vezes
valorizamos o que é de fora, mesmo se, às vezes, não tem muito valor e não
olhamos bem a preciosidade dos que nos rodeiam. Há quem trata bem e sorri para
os que não pertencem à sua família de sangue e trata mal e fica de “cara feia”
em relação aos de dentro da própria família. De fato, muitas vezes, convivendo
com os mais próximos de nós, vemos mais continuadamente seus defeitos. E não
observamos bem suas virtudes. Acontece de se ver mais um defeito e não se
valorizarem noventa e nove virtudes das pessoas de nosso relacionamento
cotidiano. Às vezes acontece o contrário, o de valorizarmos uma virtude e não
vermos muitos defeitos dos outros que estão mais fora de nosso convívio!
Por outro lado,
se examinarmos bem nosso eu, buscando a verdade ou realidade dele, somos
levados à atitude de humildade, percebendo que temos virtudes sim, mas também
limites e defeitos que nos deixam interrogando sobre estes e lastimando sobre essa
realidade. No entanto, somos levados também a perceber que não estamos sozinhos
e contando só com nossas forças diminutas para enfrentarmos tantos desafios da
vida. Lembramos as palavras confortadoras do apóstolo Paulo, ouvidas do próprio
Jesus: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2
Coríntios 12,9). Por isso mesmo não desanimamos quando, em nossos limites, não
vemos saída para enfrentar dificuldades e problemas. Sabemos que a fé em Deus
nos dá coragem e segurança. Fazendo o que é possível de nossa parte, temos a
certeza da ajuda divina para superarmos nossos males.
Na época do
profeta Ezequiel Deus o enviou a uma missão difícil para convencer os
israelitas rebeldes, corruptos e injustos a aceitar a proposta divina para o
seu bem e levar a vida nova dos convertidos para a construção de uma sociedade
justa e solidária, promovendo a liberdade e a vida digna para todos (Cf.
Ezequiel 2,2-5). De fato, sem viver dentro das coordenadas de Deus, na justiça,
na misericórdia e no amor, o ser humano produz degradação do meio ambiente,
físico, social e moral, com todas as consequências danosas para todos.
Muitas vezes
seria possível a solução de tantos problemas pessoais, familiares e sociais se
houvesse mais valorização dos que estão ao nosso redor, conseguindo-se mais
relacionamento de diálogo, mútua colaboração e união para se solucionarem
dificuldades de toda ordem. Se é “santo de casa”, melhor ainda para se saber
que a santidade está aí perto e pode e até deve nos contagiar para o
encaminhamento de uma vida melhor. Discutir, por exemplo, em família, em quem
votar, para se eleger o candidato melhor possível ou o menos pior para o
benefício social, já se colabora por um mundo melhor. Assim também, analisar
juntos o que fazer para a promoção de vida mais digna de uma pessoa ou uma
família pobre, leva os que o realizam a valorizar mais suas possibilidades de
solidariedade humana. E assim por diante!
Dom José Alberto
Moura – Arcebispo de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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