sábado, 14 de julho de 2018

Editorial do site do Vaticano:

Uma única grande voz
Bari viveu um dia histórico com o Papa e com o líderes das Igrejas Cristãs de todo o Oriente, da Terra Santa ao Egito, do Iraque à Síria, do Líbano à Turquia.

Cidade do VaticanoNão há "alternativa possível à paz": o Papa Francisco lançou um forte apelo em prol do Oriente Médio, terra "pisoteada" por interesses de outros, devastada por causa da corrida ao armamento, explorada nas suas riquezas energéticas. O Pontífice, também em nome das Igrejas cristãs reunidas no último sábado (07/07) na cidade italiana de Bari, levantou sua voz e disse ao mundo uma série de "Basta!": "Basta aos benefícios de poucos na pele de muitos! Basta às ocupações de terras que destroem os povos! Basta usar o Oriente Médio para lucros não relacionados ao Oriente Médio!"
Basta também à indiferença porque "mata, e nós queremos ser - sublinhou o pontífice - voz que contrasta o assassinato da indiferença”. “Queremos dar voz àqueles que não têm voz, para aqueles que só conseguem engolir lágrimas, porque o Oriente Médio hoje chora, sofre e cala, enquanto outros o pisoteiam à procura de poder e riqueza". Não se pode levantar a voz para falar de paz enquanto de modo escondido se prosseguem desenfreadas corridas para o rearmamento. Então Francisco condena também aqueles que “não olham no rosto de ninguém para obter depósitos de gás e combustíveis sem restrição e sem escrúpulos".
Recuperar a dignidade
Na oração e no discurso do Papa ressoam os gritos das crianças que só conheceram a guerra. "A humanidade ouça, eu imploro, o choro das crianças. É enxugando suas lágrimas que o mundo vai recuperar a sua dignidade". "Não se esqueçam das lições de Hiroshima e Nagasaki" e "não transformem as terras do Oriente em escuras extensões de silêncio", advertiu Francisco.
O Papa tem em seus olhos a destruição da guerra na Síria mas também o "fundamentalismo" que devastou o Iraque. Reza por Jerusalém "amada por Deus e ferida pelos homens" para a qual pede o respeito ao "status quo" e uma negociação que conduza a "dois Estados para dois povos".
Bergoglio também levanta a questão dos cristãos, em todos essas terras minoritários, para as quais pede "cidadania", porque "um Oriente Médio sem cristãos não seria Oriente Médio".
Todos em uma oração comum
Bari viveu um dia histórico com o Papa e com o líderes das Igrejas Cristãs de todo o Oriente, da Terra Santa ao Egito, do Iraque à Síria, do Líbano à Turquia. Todos em uma oração comum para dizer à humanidade que os conflitos na área, tão estratégicas para todas as potências do mundo, deveriam cessar. A cidade de Bari foi escolhida porque conserva as relíquias de São Nicolau, Santo dos católicos e ortodoxos, amado por cristãos de todas as latitudes, capaz de reunir onde sutilezas teológicas ainda dividem. Portanto, partir novamente  do diálogo entre cristãos para ser uma presença pacificadora nesta região tão atormentada.
Eles chegaram à capital da região italiana da Apúlia com seus pastorais pesados, com seus “chapéus” pretos, as cruzes de características diferentes, dependendo do rito. E também com orações antigas, em siríaco, assírio, grego, árabe. Ao lado do Papa há dezessete patriarcas, um líder luterano e uma representante, única mulher do evento, do Conselho da Igrejas do Oriente Médio. Um caminho não fácil, a estrada do ecumenismo, mas fortemente desejado por Francisco, que nos anos não somente continuou o diálogo, mas estreitou ainda mais as relações de amizade, como por exemplo com o Patriarca Bartolomeu e com o Papa Copta, Tawadros. Os líderes das igrejas se movem juntos em um ônibus descoberto.
Ser igrejas cristãs
A acolher este momento de oração ecumênica, não tão frequente na história da Igreja, é a cidade de Bari, com 70 mil fiéis deslocados desde as primeiras horas do dia ao longo da estrada beira mar e a Basílica de San Nicolau, os dois lugares onde se realizaram os eventos. Houve também um momento a portas fechadas introduzido pelo administrador apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa. Um momento para se confrontar sobre como ser igrejas cristãs em tal contexto tão modificado, de como garantir proteção e assistência a quem é vítima dos conflitos, e também como acolher os migrantes, que não encontram alternativas àquela de abandonar a própria terra. A mesa do encontro foi colocada no centro da bela basílica de São Nicolau; uma mesa redonda. Também nesta escolha a vontade de nenhuma primazia: um diálogo franco e aberto. Foi um evento que não tem precedentes no âmbito da sinodalidade por parte das igrejas cristãs, “sinodalidade significa caminhar juntos e nunca ocorreu um encontro entre tantas igrejas cristãs; ocorreu em Bari em nome de São Nicolau”, comentou o arcebispo de Bari-Bitonto, Dom Francesco Cacucci.
A oração ecumênica pela paz no Oriente Médio, à beira-mar de Bari, ressoou poderosa e coral com cantos antigos e invocações em várias línguas. O Papa Francisco, os Patriarcas das Igrejas cristãs do Oriente Médio e todos os peregrinos e fiéis presentes, tornaram-se uma única grande voz. O fato de tantas igrejas terem se reunido para invocar a paz e refletirem juntos sobre o dom da paz é um importante passo em direção à unidade que todos esperamos.
                                                                                                                          Silvonei José
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                                                                                                                Fonte: vaticannews.va

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