Uma
única grande voz
Bari viveu um
dia histórico com o Papa e com o líderes das Igrejas Cristãs de todo o Oriente,
da Terra Santa ao Egito, do Iraque à Síria, do Líbano à Turquia.
Cidade do Vaticano - Não há
"alternativa possível à paz": o Papa Francisco lançou um forte apelo
em prol do Oriente Médio, terra "pisoteada" por interesses de outros,
devastada por causa da corrida ao armamento, explorada nas suas riquezas
energéticas. O Pontífice, também em nome das Igrejas cristãs reunidas no último
sábado (07/07) na cidade italiana de Bari, levantou sua voz e disse ao mundo
uma série de "Basta!": "Basta aos benefícios de poucos na pele
de muitos! Basta às ocupações de terras que destroem os povos! Basta usar o
Oriente Médio para lucros não relacionados ao Oriente Médio!"
Basta também à
indiferença porque "mata, e nós queremos ser - sublinhou o pontífice - voz
que contrasta o assassinato da indiferença”. “Queremos dar voz àqueles que não
têm voz, para aqueles que só conseguem engolir lágrimas, porque o Oriente Médio
hoje chora, sofre e cala, enquanto outros o pisoteiam à procura de poder e
riqueza". Não se pode levantar a voz para falar de paz enquanto de modo
escondido se prosseguem desenfreadas corridas para o rearmamento. Então
Francisco condena também aqueles que “não olham no rosto de ninguém para obter
depósitos de gás e combustíveis sem restrição e sem escrúpulos".
Recuperar a
dignidade
Na oração e no
discurso do Papa ressoam os gritos das crianças que só conheceram a guerra.
"A humanidade ouça, eu imploro, o choro das crianças. É enxugando suas
lágrimas que o mundo vai recuperar a sua dignidade". "Não se esqueçam
das lições de Hiroshima e Nagasaki" e "não transformem as terras do
Oriente em escuras extensões de silêncio", advertiu Francisco.
O Papa tem em
seus olhos a destruição da guerra na Síria mas também o
"fundamentalismo" que devastou o Iraque. Reza por Jerusalém
"amada por Deus e ferida pelos homens" para a qual pede o respeito ao
"status quo" e uma negociação que conduza a "dois Estados para
dois povos".
Bergoglio também
levanta a questão dos cristãos, em todos essas terras minoritários, para as
quais pede "cidadania", porque "um Oriente Médio sem cristãos
não seria Oriente Médio".
Todos em uma
oração comum
Bari viveu um
dia histórico com o Papa e com o líderes das Igrejas Cristãs de todo o Oriente,
da Terra Santa ao Egito, do Iraque à Síria, do Líbano à Turquia. Todos em uma
oração comum para dizer à humanidade que os conflitos na área, tão estratégicas
para todas as potências do mundo, deveriam cessar. A cidade de Bari foi
escolhida porque conserva as relíquias de São Nicolau, Santo dos católicos e
ortodoxos, amado por cristãos de todas as latitudes, capaz de reunir onde
sutilezas teológicas ainda dividem. Portanto, partir novamente do diálogo
entre cristãos para ser uma presença pacificadora nesta região tão atormentada.
Eles chegaram à
capital da região italiana da Apúlia com seus pastorais pesados, com seus
“chapéus” pretos, as cruzes de características diferentes, dependendo do rito.
E também com orações antigas, em siríaco, assírio, grego, árabe. Ao lado do
Papa há dezessete patriarcas, um líder luterano e uma representante, única
mulher do evento, do Conselho da Igrejas do Oriente Médio. Um caminho não
fácil, a estrada do ecumenismo, mas fortemente desejado por Francisco, que nos
anos não somente continuou o diálogo, mas estreitou ainda mais as relações de
amizade, como por exemplo com o Patriarca Bartolomeu e com o Papa Copta,
Tawadros. Os líderes das igrejas se movem juntos em um ônibus descoberto.
Ser igrejas
cristãs
A acolher este
momento de oração ecumênica, não tão frequente na história da Igreja, é a
cidade de Bari, com 70 mil fiéis deslocados desde as primeiras horas do dia ao
longo da estrada beira mar e a Basílica de San Nicolau, os dois lugares onde se
realizaram os eventos. Houve também um momento a portas fechadas introduzido
pelo administrador apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, Dom
Pierbattista Pizzaballa. Um momento para se confrontar sobre como ser igrejas
cristãs em tal contexto tão modificado, de como garantir proteção e assistência
a quem é vítima dos conflitos, e também como acolher os migrantes, que não
encontram alternativas àquela de abandonar a própria terra. A mesa do encontro
foi colocada no centro da bela basílica de São Nicolau; uma mesa redonda.
Também nesta escolha a vontade de nenhuma primazia: um diálogo franco e aberto.
Foi um evento que não tem precedentes no âmbito da sinodalidade por parte das
igrejas cristãs, “sinodalidade significa caminhar juntos e nunca ocorreu um
encontro entre tantas igrejas cristãs; ocorreu em Bari em nome de São Nicolau”,
comentou o arcebispo de Bari-Bitonto, Dom Francesco Cacucci.
A oração
ecumênica pela paz no Oriente Médio, à beira-mar de Bari, ressoou poderosa e
coral com cantos antigos e invocações em várias línguas. O Papa Francisco, os
Patriarcas das Igrejas cristãs do Oriente Médio e todos os peregrinos e fiéis
presentes, tornaram-se uma única grande voz. O fato de tantas igrejas terem se
reunido para invocar a paz e refletirem juntos sobre o dom da paz é um
importante passo em direção à unidade que todos esperamos.
Silvonei José
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Fonte: vaticannews.va
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