Qual a origem da mitra e do solidéu usados pelos bispos?
Na Igreja Católica, por meio da sagrada Ordenação, os bispos são constituídos pelo Espírito Santo como sucessores dos Apóstolos e pastores do povo de Deus, exercendo, em comunhão com o Papa e sob a sua autoridade, a missão de perpetuar a obra redentora de Cristo. Na verdade, foi a seus Apóstolos que Cristo confiou o mandato e o poder de ensinar, de santificar e de apascentar os homens, missão esta que os bispos, como seus sucessores, são chamados a exercer, sendo verdadeiros mestres, pontífices e pastores do povo de Deus (Cf. Decreto Christus Dominus, 2).
A fim de manifestar a grande dignidade do ministério episcopal, a Igreja estabeleceu certas insígnias que os bispos devem portar, sobretudo nas celebrações litúrgicas, para que se manifeste de maneira visível sua íntima participação no sumo sacerdócio de Cristo e a recepção da plenitude do Sacramento da Ordem. O Cerimonial dos Bispos – livro que apresenta e descreve todas as celebrações litúrgicas presididas pelo Bispo ou nas quais ao menos ele está presente – apresenta como insígnias episcopais o anel, o báculo pastoral, a mitra, a cruz peitoral e, ainda, o pálio se lhe for concedido pelo direito (Cf. Cerimonial dos Bispos, 57). No presente artigo, vamos conhecer a origem e o significado da mitra e do solidéu.
Mitra: espécie de chapéu
com duas pontas na parte superior e duas tiras do mesmo tecido.
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No Rito da Ordenação de um bispo, mais precisamente na oração que acompanha a imposição da mitra, aparece o sentido espiritual dessa insígnia, que evoca a nobreza da missão e a santidade com que deve ser exercida: “Recebe a mitra, e brilhe em ti o esplendor da santidade, para que, ao aparecer o príncipe dos pastores, mereças receber a coroa imperecível da glória”.
Durante as celebrações litúrgicas, o bispo usa a mitra “quando está sentado; quando faz a homilia; quando faz as saudações, as alocuções e os avisos, a não ser que logo a seguir tenha de tirar a mitra; quando abençoa solenemente o povo; quando executa gestos sacramentais; quando vai nas procissões. Por outro lado, o bispo não a usa “nas preces introdutórias; nas orações; na oração universal; na oração Eucarística; durante a leitura do Evangelho; nos hinos, quando estes são cantados de pé; nas procissões em que se leva o Santíssimo Sacramento, ou as relíquias da Santa Cruz do Senhor; diante do Santíssimo Sacramento exposto” (Cerimonial dos Bispos, 60).
É importante dizer, ainda, que a mitra é usada não somente pelos bispos, mas, também, pelos abades que a ela têm direito.
Solidéu pode possuir cores diferentes segundo cada grau da hierarquia. |
Ao contrário da mitra, o uso do solidéu não está limitado às celebrações litúrgicas. Porém, quando usado durante a Eucaristia, deve ser tirado ao início da Oração Eucarística e recolocado após a comunhão, bem como durante o rito da adoração à Santa Cruz, na Celebração da Paixão do Senhor.
A cor do solidéu expressa o lugar que aqueles que podem usá-lo ocupam na hierarquia eclesiástica: o Papa usa solidéu branco; os cardeais, vermelho; os bispos, violáceo; abades e clérigos, preto.
Padre Jefferson Antônio da Silva Monsani
Formado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Teologia pela Faculdade João Paulo II (Marília)
Assessor Diocesano da Catequese
Vigário Paroquial do Santuário São João Batista e São Judas Tadeu
Diocese de Araçatuba-SP
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Fonte: a12.com Fotos: Shutterstock
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