Distribuir e
sobrar
A formação do
adequado senso crítico ajuda a pessoa a discernir o joio do trigo e, a quem tem
bom caráter e espírito altruísta e de hipoteca social, a cooperar com a
implantação do bem comum.
Vivemos numa
sociedade em que o dinheiro e o acúmulo de riquezas materiais são concentrados
demais nas mãos de poucos. Esses parecem insaciáveis e com medo de não terem
ainda o suficiente para viver, esquecendo-se de que não viverão eternamente
nesta terra. Não percebem que na colaboração com a promoção dos mais
necessitados estaria sua grandeza de humanismo que lhes dê mais segurança de
vida digna. Aliás, nosso sistema tributário também favorece o descompromisso
dos que têm demais com o bem da sociedade. Quem ganha ou tem pouco acaba
pagando mais impostos, proporcionalmente, do que os de grandes ganhos e
fortunas. É possível mudar isso se o povo se conscientizar e escolher políticos
de compromisso com o bem social.
Dom José Alberto Moura |
Hoje temos cerca
de um quarto da humanidade morrendo de fome em diversos países. Por outro lado,
há o desperdício de um terço dos alimentos produzidos no planeta. A
racionalização da distribuição dos alimentos e dos bens materiais acontecer
de melhor forma, com governos que fizessem o planejamento do ganho, do
trabalho e das exigências de solidariedade e compromisso de inclusão social.
Políticas públicas deveriam ser elaboradas com programas de governo dos que se
apresentam para exercer cargos eletivos na coisa pública, com a fiscalização do
resultado dos mesmos. Na apresentação dos candidatos precisamos mais de
programas de ação do que de promessas vazias e eleitoreiras. As ideologias de
partidos (se é que todos as tenham!) não podem sufocar a disposição de se
trabalhar pelo bem comum e não simplesmente para o bem dos mesmos partidos.
Até na variedade
de mentalidades e história de vida das pessoas, os órgãos de formação, como
famílias, escolas, Igrejas, instituições de serviço público e privado poderiam
ajudar, talvez ainda mais, na conscientização de todos para a cultura da
alteridade. Aí se daria mais a formação do caráter para a solidariedade, a
justiça e a inclusão social, bem como a formação para a adequada política, em
que todos colaborem com a prática da cidadania e o bem comum. Caso contrário, o
egoísmo, com influência dos que vivem ao contrário da colaboração com a
comunidade é que vai reinar, produzindo sempre mais o individualismo roedor do
tecido social.
A formação do
adequado senso crítico ajuda a pessoa a discernir o joio do trigo e, a quem tem
bom caráter e espírito altruísta e de hipoteca social, a cooperar com a
implantação do bem comum. Se não é possível nem conveniente arrancar todo o
joio, para não se estragar também o trigo, na parábola contada por Jesus (Cf.
Mateus 113,24-30), é preciso que os bons sejam persistentes no seu ideal
e sua prática de promover o benefício dos que são injustiçados e empobrecidos.
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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