Sacudir a poeira
O Papa Francisco
fala que devemos ser Igreja “em saída”, ou seja, precisamos superar a tentação
de nos fecharmos para dentro de nós mesmos, superando o intimismo ou a fé
inerte e partindo para evangelizar.
Jesus escolheu
os apóstolos, enviou-os para ensinar a todos, de todos os lugares, com o poder
de fazer as pessoas superar seus males físicos, psíquicos e espirituais. Mas
Ele sabia que nem todos aceitariam sua pregação e mudança de vida. Por isso,
Ele afirmou que deveriam ir a outros que os aceitassem. Na saída deveriam até
sacudir a poeira dos pés, indicando a reprovação aos oponentes (Cf. Marcos
6,7-14).
Dom José Alberto |
O Papa Francisco
fala que devemos ser Igreja “em saída”, ou seja, precisamos superar a tentação
de nos fecharmos para dentro de nós mesmos, superando o intimismo ou a fé
inerte e partindo para evangelizar. Dessa forma entramos bem dentro da
perspectiva de Jesus, sendo discípulos e missionários seus. A Igreja não é
finalidade por si mesma nem de si mesma. É instrumento de salvação para
indicar o caminho acertado do ser humano, para produzir vida digna para todos.
O Mestre indica sua missão de ser luz para a humanidade encontrar o sentido de
sua história. Desse modo, é possível consertar o que está errado e que faz o
ser humano sofrer quando isso não é necessário. Tem muito sofrimento provocado
pelo egoísmo, pela injustiça e falta de altruísmo ou compaixão. Como Igreja
solidária seremos capazes de ajudar as pessoas a se formarem e se
conscientizarem a respeito do bem realizado aos outros, com as melhores
consequências também para quem o faz. Podemos implantar mais defesa do meio
ambiente, superar as guerras, as discriminações, as exclusões sociais, bem como
melhorar a família, a política e a cultura inclusiva, com os respeito aos mais
fragilizados da sociedade.
O Concílio
Vaticano II nos dá muitas indicações para sermos Igreja que sabe dialogar com a
sociedade, mesmo tendo que sacudir a poeira frente a quem desrespeita a vida e
a dignidade humana. Sua voz profética a leva a não se calar perante gritantes
injustiças e desrespeito ao semelhante. Ela ajuda a formar as pessoas e as
consciências para a construção de uma convivência cidadã e inclusiva, a partir
da base da família que saiba formar os caracteres das crianças e dos jovens
para a cultura da alteridade e da paz.
Conforme a
narrativa bíblica, Amasias, sacerdote de Betel, advertiu o profeta Amós para
ele não exercer a profecia perto da morada do rei para ele não ser perseguido.
Mas o profeta não renunciou sua missão, mesmo árdua. Continuou a falar em nome
de Deus para a conversão dos que não viviam corretamente (Cf. Amós 7,12ss). Se
as pessoas de bem, comprometidas com o projeto do Criador, exercerem sua missão
de testemunhar a verdade e defender a justiça, terão mais resultado em
colaborar com a mudança da sociedade. Assim atuam em
bem da implantação da vida de mais harmonia e solidariedade para
todos. Não podemos nos omitir perante tantos males da sociedade, fazendo nossa
fé mais dinâmica e transformadora.
Os discípulos de
Jesus o obedeceram e fizeram o bem possível a todos aos quais se dirigiam,
ensinando o que Ele fez e mandou dizer, bem como atuando pelo bem físico, moral
e espiritual para as pessoas. Hoje, se também nos unirmos para a promoção do
bem da comunidade, seremos mais capazes de atender as necessidades de todos, a
partir dos mais deixados de lado no convívio social.
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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