sábado, 7 de julho de 2018

Em Bari, Papa e líderes cristãos rezam pela paz no Oriente Médio

Papa venera as relíquias de São Nicolau
O primeiro gesto do Papa Francisco em sua chegada à cidade de Bari foi venerar as relíquias de São Nicolau, que recorda o período em que a Igreja ainda estava unida.
Cidade do Vaticano - Ao chegar à cidade italiana de Bari, no sul do país, a primeira etapa do Papa Francisco foi na Basílica de São Nicolau, onde se encontram as relíquias veneradas seja por católicos, seja por ortodoxos.
Com ele, estavam os patriarcas e os líderes cristãos que o Pontífice convidou para viverem uma jornada de oração pela paz no Oriente Médio. Também estavam presentes na Basílica a comunidade dos dominicanos.
O Papa acendeu a chama que há décadas é o sinal da única fé entre católicos e ortodoxos, acesa pela primeira vez por Pio XI.
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Assista:
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Francisco no encontro ecumênico:
A indiferença mata
No encontro ecumênico de oração pela paz pelo Oriente Médio, o Papa pediu que reine a paz entre todos os povos que sofrem, especialmente para Jerusalém, Cidade Santa amada por Deus e ferida pelos homens.
Cidade do VaticanoO Santo Padre partiu cedo, de helicóptero, na manhã deste sábado (07/07), para se dirigir à cidade de Bari, sul da Itália, para um encontro Ecumênico.
Em Bari encontram-se as relíquias de São Nicolau, muito venerado pelas Igrejas orientais. Ali, o Papa quis reunir os líderes de Igrejas e Comunidades cristãs, para uma jornada de oração e de reflexão sobre a dramática situação no Oriente Médio, que aflige tantos irmãos e irmãs na fé.
Ao chegar à cidade, transferiu-se diretamente à Basílica pontifícia de São Nicolau, onde, acolheu e cumprimentou os Patriarcas. Juntos, desceram à cripta para venerar as relíquias de São Nicolau e acender uma lamparina, símbolo da Igreja unida.
A seguir, o Papa e os Patriarcas dirigiram-se para a uma grande Praça, perto do mar, onde se deu o encontro de Oração ecumênica pela Paz.
Os irmãs no Oriente Médio não estão sós
Em seu pronunciamento introdutório ao encontro de Oração pela Paz no Oriente Médio, o Santo Padre disse:
“Viemos como peregrinos a Bari, janela aberta para o vizinho Oriente, trazendo no coração as nossas Igrejas, os povos e as inúmeras pessoas que vivem em situações de grande sofrimento. A eles, dizemos: ‘Estamos com vocês’.”
Depois, Francisco agradeceu aos Irmãos Patriarcas por terem aceito, com generosidade e prontidão, o convite para participar deste encontro de oração e reflexão, sob a proteção da Mãe de Deus, aqui venerada como “Odegitria”, que nos sustenta no nosso caminho comum. Ela nos indica o caminho. E, referindo-se a São Nicolau, disse:
Encruzilhada de civilizações
“Aqui, são custodiadas as relíquias de São Nicolau, bispo do Oriente, cuja veneração sulca os mares e cruza as fronteiras entre as Igrejas. Que este Santo taumaturgo possa curar as feridas de muitos. Aqui, sentimo-nos impelidos a viver esta jornada, com a mente e o coração voltados para o Oriente Médio, encruzilhada de civilizações e berço das grandes religiões monoteístas”.
Daquelas terras do Oriente, onde nasceu o Salvador, - recordou Francisco - propagou-se a luz da fé pelo mundo inteiro; lá brotaram as fontes de espiritualidade e do monacato; lá são mantidos ritos antigos únicos e riquezas inestimáveis da arte sacra e da teologia; lá reside a herança dos nossos grandes Padres. Esta tradição é um tesouro que deve ser mantido, porque no Oriente Médio estão as raízes da nossa fé.
Presença em risco
E o Papa acrescentou:
“Mas, naquela esplêndida região, adensou-se, especialmente nos últimos anos, uma espessa cortina de trevas: guerras, violências, destruições, ocupações, fundamentalismos, migrações forçadas e abandono… Tudo isso sob o silêncio de tantos e a cumplicidade de muitos. Ali, a presença de nossos irmãos e irmãs na fé corre grande risco”.
Hoje, - prosseguiu o Papa – acendemos, juntos, a chama da esperança, pois os cristãos são luz do mundo. E exortou:
“Hoje, rezamos unidos, para implorar do Senhor aquela paz que os poderosos da terra ainda não conseguiram encontrar. Que ressoe o grito do salmista “reine a paz entre vocês”, entre os irmãos que sofrem e todos os povos e crenças, de modo especial, para Jerusalém, Cidade Santa amada por Deus e ferida pelos homens!”
A indiferença mata
O Santo Padre concluiu seu pronunciamento dizendo que não podemos nos permitir dizer “Sou eu, porventura, o guarda do meu irmão?”. E expressou seus ardentes votos:
“A indiferença mata! Mas, nós queremos ser voz que contrasta a morte da indiferença. Queremos dar voz a quem não tem voz, a quem chora, sofre e emudece no Oriente Médio, enquanto muitos o espezinham em busca de poder e riquezas. Imploremos a Deus a paz para os pequeninos, os simples, os feridos! Que Deus atenda a nossa oração”.
Após o encontro de oração pela paz, Francisco e os Patriarcas voltaram para a Basílica de São Nicolau, para um encontro a portas fechadas.
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Papa Francisco:
A paz é a única alternativa para o Oriente Médio
Papa no encontro pela paz: “Os detentores do poder devem pôr-se, final e decididamente, ao serviço da paz e não dos próprios interesses”.
Cidade do Vaticano O Santo Padre realizou no sábado (07/07) na cidade de Bari, sul da Itália, um encontro ecumênico de reflexão e oração pela paz no Oriente Médio.
Após o encontro de oração, Francisco e os Patriarcas voltaram para a Basílica de São Nicolau, onde são custodiadas as relíquias de São Nicolau, onde mantiveram um encontro privado de diálogo.
Nosso pecado é a incoerência
Ao término da reunião, o Santo Padre pronunciou um discurso conclusivo, no Sagrado da Basílica de São Nicolau, dizendo inicialmente:
“Sinto-me muito grato pela partilha que tivemos a graça de viver. Ajudamo-nos a redescobrir a nossa presença de cristãos no Oriente Médio. Esta presença será mais profética se testemunharmos Jesus, Príncipe da paz. Como Igreja, somos tentados, pelas lógicas de poder e lucro, resolutivas e de conveniência. Nosso pecado é a incoerência entre a fé e a vida, que obscurece nosso testemunho cristão”.
Os gritos de guerra se transformarão em cânticos de paz
A Boa Nova de Jesus, crucificado e ressuscitado por amor, - disse Francisco – veio das terras do Oriente Médio e conquistou o coração do homem, ao longo dos séculos. A fé dos simples, enraizada no Oriente Médio, é fonte para saciar a nossa sede de paz. Eis o sentido deste encontro de oração e reflexão, proposto pelo Papa, que afirmou:
“Encorajados, uns aos outros, dialogamos fraternalmente. Este é um sinal de que devemos buscar, cada vez mais, o encontro e a unidade, sem medo das nossas diferenças. O mesmo acontece com a paz, que deve ser cultivada. Não são as tréguas, com a construção de muros e provas de força, que trarão a paz, mas a escuta e o diálogo. Somente assim os gritos de guerra se transformarão em cânticos de paz!”
Basta de usar o Oriente Médio para lucros alheios
Para que isto seja possível - advertiu Francisco –, “é essencial que os detentores do Poder se ponham, final e decididamente, ao serviço autêntico da paz e não dos próprios interesses”:
“Basta com os lucros de poucos à custa de muitos! Basta com as ocupações de terras, que dilaceram os povos! Basta prevalecer as verdades de parte sobre as esperanças da gente! Basta usar o Oriente Médio para lucros alheios. A guerra é o flagelo que acomete tragicamente esta amada região e as suas vítimas são sempre a gente simples”.
Não se pode falar de paz enquanto houver armas
Neste sentido, recordando a martirizada Síria, o Santo Padre disse: “A guerra é filha do poder e da pobreza. Vence-se renunciando às lógicas da supremacia e erradicando a miséria. Muitos conflitos são fomentados também pelos fundamentalismos e os fanatismos, que, em nome da religião, blasfemam contra o nome de Deus, que é Paz". E o Papa acrescentou:
“A violência é sempre alimentada pelas armas. Não se pode falar de paz, enquanto houver corrida ao rearmamento. Esta é uma gravíssima responsabilidade, sobretudo das Nações mais poderosas. Que a lição de Hiroshima e Nagasaki não transforme as terras do Oriente, onde nasceu o Verbo da Paz, em obscuros silêncios. Basta com as contraposições obstinadas! Basta com a sede de lucro, que se apodera das jazidas de gás e de combustíveis, sem respeitar a ‘Casa comum’!
Que haja convivência pacífica, - acrescentou Francisco –! Que seja tutelada a presença dos povos minoritários! Que haja cidadania comum e que os cristãos sejam todos cidadãos, com direitos iguais.
Solução negociada
Por fim, o Papa dirigiu seu pensamento a Jerusalém, cidade de todos os povos, cidade única e sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos do mundo inteiro, cuja identidade e vocação devem ser preservadas e cujo “status quo” seja respeitado, conforme a deliberação da Comunidade Internacional e das Comunidades cristãs da Terra Santa:
“Somente uma solução negociada, entre Israelenses e Palestinos, firmemente desejada e favorecida pela Comunidade das Nações, poderá contribuir para uma paz estável e duradoura e garantir a coexistência de dois Estados para dois Povos”.
O clamor das crianças
O pensamento do Santo Padre dirigiu-se às numerosas crianças, que, no Oriente Médio, choram pelas mortes violentas de suas famílias e se vêm obrigadas a fugir. Esta é a morte da esperança! Que a humanidade ouça o clamor das crianças, - pediu encarecidamente o Papa -. Somente enxugando as suas lágrimas o mundo encontrará sua dignidade. Enfim, Francisco advertiu:
“Que o Oriente Médio não seja mais uma ‘arca de guerra’ entre os Continentes, mas uma ‘arca de paz’, que acolhe os povos e as confissões religiosas. Querido Oriente Médio, que sejam dissipadas as suas trevas de guerra, do poder, da violência, dos fanatismos, dos lucros iníquos, da exploração, da pobreza, da desigualdade e do não reconhecimento dos direitos humanos. Que em toda a região reinem a Paz e a Justiça e que a bênção de Deus desça sobre todos os seus habitantes”.
Ao término deste encontro de oração e reflexão, com os Patriarcas, pela Paz no Oriente Médio, o Papa Francisco transferiu-se para o Arcebispado de Bari para o almoço com os Patriarcas e líderes de outras Confissões religiosas.
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                                                                                                                Fonte: vaticannews.va

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