enumera cinco princípios para evitar abusos litúrgicos
Dom Armando Bucciol |
As redes sociais
transmitem com extraordinária velocidade imagens de sacerdotes que, em
diferentes contextos litúrgicos, usam posturas e comportamentos que não
correspondem às orientações da Igreja Católica. Sem julgar as motivações desse
agir, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, dom Armando
Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), diz que estas posturas são
expressões de ‘criatividade selvagem’ e que acabam difundindo a imagem de uma
liturgia ‘show’, de baixa ou equivoca coerência com a identidade da liturgia da
Igreja. “Estes vídeos não refletem o que acontece na grande maioria das
comunidades eclesiais”, defende o religioso.
O bispo aponta
que é preciso melhorar, sempre e muito, mas defende que não é um ‘desastre’ a
vida litúrgica nas igrejas, como pode aparecer pelas imagens veiculadas que
tomam uma proporção ‘midiática’. Para dom Armando a grande maioria dos
ministros ordenados celebra com fé, competência e espiritualidade. “Se
deslizes superficiais, abusos litúrgicos, expressões banais, às vezes, recebem
a honra (ou desonra) da rápida e ambígua difusão mediática, tenho certeza, e
experiência, de que as milhares de celebrações que acontecem pelo País são bem
preparadas, vividas e ali-mentam a fé, em Jesus, de tantos irmãos e irmãs”,
disse.
Os abusos, na
avaliação do presidente da Comissão para a Liturgia, não podem ser ignorados e
justificados. Eles são fruto de insuficiente ou errada compreensão do que é
liturgia e do ‘papel’ do ministro. Frente a este contexto, dom Armando acha
necessário recordar alguns ‘princípios’ essenciais que deveriam nortear quem
preside e quem colabora nas celebrações litúrgicas. Abaixo, o presidente
da comissão enumera cinco princípios que devem nortear quem preside e colabora
nas celebrações litúrgicas.
1) Antes e acima
de tudo, o protagonista (‘primeiro ator’) é Jesus Cristo que, no Espírito
Santo, une a sua Igreja na perene louvação ao Pai, em sua entrega por amor. É
Ele que deve aparecer e resplandecer, não o ‘servo’”.
2) Os
‘ministros’ são só (indignos) ‘servos’, de Cristo e da Igreja. Ninguém é ‘dono’
nesta delicada e exigente missão, que pede muitas competências e uma verdadeira
‘vida no Espírito’, isto é, oração – diálogo íntimo e eclesial com o Senhor.
3) É preciso
adquirir um estilo celebrativo amadurecido, na formação teológica
(‘profissional’ do ministro) e na experiência de fé, a começar pela iniciação
cristã, antes, e pela vivência litúrgica nas casas de formação. A liturgia
exige a compreensão do que somos e do que devemos fazer.
4) Na liturgia,
não é suficiente seguir à risca as rubricas (o que é importante, mas não
basta). Pede-se muito mais. Trata-se de compreender e viver ‘de dentro, o
mistério pascal de Cristo, com todas as consequências que comporta, em nível
pessoal e pastoral.
5) Quem preside
não é um ‘ator’ (ou comediante) que deve embelezar cerimônias para entreter o
seu público que, satisfeito pelo espetáculo, bate palmas e…’gostou’! Nada disso
tem a ver com o que celebramos quando ‘anunciamos a morte do Senhor’!
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Fonte: cnbb.net.br
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