“O meu mandamento é este: amem-se uns aos
outros, assim como eu amei vocês.” (Jo 15, 12)
Irmãs e irmãos,
que a paz do Senhor Jesus esteja convosco!
Em tempos tão
difíceis para o Brasil, mas também para tantos outros povos e nações, queremos
trazer uma palavra de ânimo e esperança, nesta Solenidade do Corpo e Sangue de
Cristo, em sintonia com o povo de Deus, que vem sofrendo com a grave crise
socioeconômica e política. Vivenciamos, nos últimos dias, com a paralização dos
nossos irmãos e irmãs caminhoneiros, dificuldades de transportes, alta nos
preços, mudanças na rotina das nossas cidades e comunidades cristãs, atividades
canceladas e transtornos diversos. Manifestamos nossa solidariedade aos
caminhoneiros que percorrem as estradas e rodovias de nossa Arquidiocese e de
todo o Brasil. Entendemos as causas que levaram a isso e conclamamos a todos
para que repensemos na forma como o dinheiro tem tomado conta de nossas vidas:
a busca do lucro sem medida, que leva à exploração do trabalho, tanto por parte
dos governos, como dos empresários.
No entanto,
cremos no Senhor da vida, que a todos chama para viver em sua amizade e na
fraternidade com os demais, para que, à luz da fé e da prática do Evangelho de
Jesus Cristo, construamos o bem comum, essência maior de nossa vida em
comunidade. Proclamamos que a o Corpo e o Sangue de Cristo produzem em nós a
esperança verdadeira que se não se apaga diante das dificuldades, mas que nos
anima, como povo, para enfrentarmos esses tempos difíceis.
Com o Papa
Francisco declaramos que cremos em Deus que manifestou o seu amor imenso em
Cristo morto e ressuscitado (Evangelii Gaudium, n.11). Esta verdade renova as
nossas forças, sempre. Jesus, que faz novas todas as coisas (Ap 21,5), pode
sempre renovar a nossa vida, a nossa comunidade e o nosso país. Numa sociedade
que nega a vida, marcada por uma economia de exclusão, pela desigualdade
social, pela crise das instituições e pelo individualismo, queremos, por meio
do anúncio da Palavra de Deus, iluminar os novos modos de nos relacionarmos com
Deus, com os outros e com o ambiente.
Uma fé autêntica
– que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de
mudar o mundo. Queremos deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem
por ela. Por isso, somos convocados, pela Palavra de Deus e pela Doutrina
Social da Igreja a nos colocarmos em profética posição, trabalhando pela
inclusão social dos pobres, ouvindo seus clamores e sendo solidários a eles,
promovendo o bem comum e o direito de todos a uma vida digna, em plenitude,
como quer Jesus (Jo 10,10), o que inclui garantir comida, educação, saúde,
moradia e trabalho com salário justo.
Neste ano
eleitoral, o Papa Francisco nos recorda: “Governar é servir cada um de nós,
cada um dos irmãos que compõem o povo, sem esquecer ninguém” (Deus é Jovem, p.
54). E no ano do laicato, lembremos que Jesus faz de nós, homens e mulheres,
jovens, crianças e idosos, sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-14).
A evangelização
implica também um caminho de diálogo como forma de encontro, na busca de
consenso e de acordos, tendo como centro a preocupação por uma sociedade justa
e sem exclusões. Só assim teremos a paz verdadeira. Não a paz que vem das
armas, da força ou do silêncio imposto. Mas a que nasce da justiça e da
misericórdia. É pela ternura e pelo amor que a nossa sociedade será
transformada, e as raízes da paz e da solidariedade nos conduzirão à vida plena
revelada na entrega do Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo.
Que vivamos,
neste mundo, a ação misteriosa do Ressuscitado e do seu Espírito, contando com
a presença materna de Maria, Mãe de Jesus, sempre solícita para que não falte o
vinho na nossa vida, mulher orante e trabalhadora em Nazaré, mas também nossa
Senhora da prontidão, a que sai “às pressas” (Lc 1,39) da sua povoação para ir
ajudar os outros.
Dom José Luiz
Majella Delgado, C.Ss.R. - Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre
Pouso Alegre, 31
de maio de 2018
Solenidade do
Ssmo. Corpo e Sangue de Cristo
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Fonte: arquidiocese-pa.org.br
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