o 17º Encontro Nacional de Presbíteros (ENP)
Encontristas
Como representantes de 213 das 274 Igrejas Particulares, Dioceses e Arquidioceses do Brasil, estes foram os números de participantes: presbíteros: 501; bispos: 8; bispos: cardeais: 2.
No final do
encontro, foi emitida uma Carta Mensagem com o resultado das reflexões realizadas.
Leia a mensagem
na íntegra
CARTA DO 17º
ENCONTRO NACIONAL DE PRESBÍTEROS AOS PRESBITÉRIOS DESTE IMENSO BRASIL!
“Cuidai de vós
mesmos e de todo o rebanho, pois o Espírito Santo vos constituiu como guardiães
...” (At 20, 28).
Como filhos de
Deus e irmãos em Cristo, nós, 501 presbíteros, 8 Bispos e 2 Cardeais e demais
convidados, representamos 213 de nossas 274 Igrejas Particulares, que formam a
Igreja no Brasil, reunimo-nos, na Casa da Mãe Aparecida, entre os dias 26 de
abril a 02 de maio de 2018, para rezar, conviver e experimentar a alegria de
ser pastor, discípulo missionário do Senhor. Nosso encontro foi assessorado
pelo Pe. Dr. Paulo Sérgio Carrara e o dia de espiritualidade foi orientado por
Dom Cláudio Cardeal Hummes.
1- Presbíteros
fazendo história nos ENPs
Neste 17º
Encontro Nacional de Presbíteros do Brasil refletimos nossa identidade,
espiritualidade e missão. Palavras como discipulado, pastoreio, intimidade com
Deus e cuidado de si e do rebanho marcaram este encontro. Como eixo
transversal, fez-se menção à realidade de sofrimento do povo. Nossas reflexões
consideraram o momento de crise política, econômica, social, moral e ética da
sociedade brasileira, em uma certa descrença de parte do povo nas lideranças e
instituições; a perseguição, prisão e morte de irmãos presbíteros no Brasil e
no mundo. Contemplamos também o Ano do Laicato e reafirmamos nossa comunhão e
fidelidade ao Magistério da Igreja, na pessoa do Papa Francisco, na
eclesiologia do Concílio Vaticano II, na Teologia da América Latina, nas
Conferências do Episcopado Latino Americano e Caribenho e nas orientações da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
2 – Discípulo
missionário do Senhor
Somos discípulos
missionários de Jesus Cristo e para termos esta identidade e exercermos esta
missão, faz-se necessário permanecer com Jesus Bom Pastor, com a firme
convicção da presença do Espírito Santo em nosso ser, existir e agir. O
discipulado nasce do encontro com o Senhor. Ser discípulo é deixar-se iluminar
pela Palavra de Deus, nutrir pela Eucaristia e ser enviado em missão às mais variadas
periferias existenciais do nosso tempo. Não podemos separar o ser discípulo do
ser missionário e viceversa. Vivemos na intimidade do Senhor e, por isso,
convidamos, cada irmão e irmã, a ser também discípulo do Divino Mestre. O
discípulo missionário é “luz do mundo e sal da terra” (cf. Mt 5,13-14). Estamos
cientes de sermos chamados a vivermos em comunhão com o Senhor, escutando e
testemunhando o Seu Evangelho, fazendo nossos os sentimentos d’Ele (cf. Fl 2,5)
a serviço da comunidade e, como profetas, anunciando as propostas do Reino e
denunciando as estruturas de pecado.
3 – Pastores do
rebanho
Temos a
consciência de que no exercício de nosso ministério somos
“sacerdotes-profetaspastores”. O termo “presbítero” expressa bem a dignidade do
nosso ser, existir e agir. Neste mundo em constante transformação, bebemos nas
fontes: da Palavra de Deus, da Tradição Apostólica, do Magistério da Igreja, da
Liturgia, expressa também na religiosidade popular, para alcançarmos o ideal de
pastorear o rebanho seguindo o exemplo de Cristo Bom Pastor.
Nosso ministério
e nossa vida estão marcados pelo cuidado, diálogo, atenção, humildade,
proximidade e fraternidade, misericórdia e ternura para com o Povo de Deus.
Reconhecemo-nos pastores plasmados pelo Espírito Santo e somos capazes de
apascentar o rebanho com leveza e profundo espírito evangélico, tendo a
espiritualidade encarnada e atentos aos desafios do tempo presente.
Sabemos que a
espiritualidade presbiteral tem como traço característico ser pastor. Como tal,
nós temos o cheiro de cada ovelha e somos guias nas comunidades. Assumimos a
responsabilidade de conduzir ao Senhor aqueles que, mediante a Igreja, o
próprio Senhor nos confiou, protegendo-os dos “lobos vorazes”: ideologia,
radicalismo, comodismo, fundamentalismo, individualismo, agnosticismo,
relativismo e do perigo da dispersão. Trabalhamos para a transformação do mundo
à luz do Evangelho. Como pastores, somos constituídos pelo Espírito Santo como
guardiães da Igreja de Deus, isto é, da Tradição, na fidelidade no serviço ao
Senhor. Essa missão se constitui numa autoridade evangélica, no serviço
cuidadoso e amoroso daquele tesouro de Deus, que é cada ser humano.
4 – Cuidai de
vós mesmos e de todo rebanho
O cuidado de si
e do rebanho se ligam mutuamente. No “cuidado de vós mesmos”, situa-se a
Pastoral Presbiteral, chão da organização de nossos presbitérios, que promove a
espiritualidade de comunhão entre bispo e presbíteros. Da experiência de ter-se
encontrado com Jesus Cristo nasce o convite para que cultivemos integralmente o
cuidado do rebanho, a Igreja, Povo de Deus, toda ministerial; Igreja,
comunidade de comunidades, no resgate do sentido do ministério como serviço, no
qual os leigos, consagrados e ministros ordenados promovam a obra
evangelizadora.
A Pastoral Presbiteral,
no nosso testemunho, trabalha a necessidade da formação permanente, aprofunda
conhecimentos teológico no mundo atual. Ela também fomenta as necessidades de
cuidado físico, afetivo, psicológico, relacional, intelectual, pastoral e
espiritual. Ajuda na conversão para uma Igreja em saída, Igreja Missionária. Na
dimensão humana, incentiva a utilização de meios para alcançar a maturidade em
Cristo, como homens integrados e realizados. Isso acontece no cultivo do senso
crítico e de unidade com a diocese; o autoconhecimento e a capacidade de se
relacionar; a integração positiva e oblativa da sexualidade como celibatário e
a promoção da capacidade de trabalho em equipe; o zelo pastoral e o uso sadio
do dinheiro e dos bens como meios de partilha e comunhão. Na dimensão
comunitária, promove a experiência concreta da fraternidade presbiteral por
meio da hospitalidade, da comunhão de bens, da solicitude com os irmãos idosos
e doentes, com colegas em situação de crise e isolamentos, e/ou
sobrecarregados, como também, da correção fraterna, da ajuda mútua e do lazer
realizado em conjunto. Na dimensão espiritual, incentiva o cultivo da
espiritualidade com base na caridade pastoral, que dê sentido e vigor ao agir
pastoral, bebendo nas fontes da Palavra, Tradição e dos Sacramentos, na oração
pessoal e comunitária, na liturgia, na direção espiritual, na vida em
comunidade, no cultivo da devoção à Nossa Senhora e no serviço aos pobres e
sofredores. Na dimensão intelectual, desperta especialmente o aprofundamento
teológico-pastoral e bíblico. Na dimensão pastoral-missionária, promove a
necessidade de conhecer a cultura atual e as transformações sociais, a fim de
responder mais eficazmente às necessidades do Povo de Deus. Sente a necessidade
de rever costumes, estilos, horários, linguagens e estruturas. Percebe a
necessidade de presbíteros profetas sensíveis aos problemas do povo,
comprometidos com a justiça e que se põem ao lado dos pequenos, dos pobres e
daqueles que a sociedade descarta e lança fora (cf. Evangelii Gaudium n. 195).
5 – Intimidade
com Deus
A intimidade com
Deus sustenta nosso ministério e vida. O ardor pelo cuidado do Povo de Deus se
fortalece na oração, por isso, rezamos e ensinamos os fiéis a rezar. Como ato
litúrgico, a oração exerce papel fundamental na relação filial da assembleia
com Deus. Ela serve para reunir a comunidade e, segundo a Sacrosanctum
Concilium, “Glorifica a Deus e santifica a pessoa-humana” (cf. SC, n. 7; 10).
Por outro lado, a celebração litúrgica não deve se converter em evento social,
para promover diversão religiosa, na qual se perde a dimensão do mistério.
Também não se deve fechar no tradicionalismo e rigorismo litúrgicos. Além
disso, cabe-nos evitar o exibicionismo e a vanglória pela observação de normas
e rubricas; o mundanismo, o comodismo, o fetichismo e o fascínio pelas
conquistas sociais e políticas; o fundamentalismo e seus princípios puramente
doutrinais (cf. Evangelii Gaudium n. 60;63;93-101). Que na celebração
eucarística resplandeça a nobre simplicidade (cf. Sacrosanctum Concilium, n.
34). A Igreja responderá melhor às necessidades espirituais das gerações
presentes e futuras pela vivência do Evangelho. O segredo reside na nossa
maturidade de fé, na renovação teológica, espiritual e pastoral.
6- Enviados como
pastores
Aqui, da casa da
Mãe Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, Santuário dos romeiros e
peregrinos, nós, presbíteros da Igreja no Brasil, no empenho de nos configurar
sempre mais a Jesus Bom Pastor, somos enviados como Seus discípulos
missionários para cuidar do rebanho a nós confiado. Maria, Mãe Aparecida,
primeira discípula e testemunha da alegria, segure nossas mãos e nos ajude a
caminhar. Inspire-nos o testemunho de São João Maria Vianney, nosso patrono.
Assim seja.
Aparecida-SP, 02
de maio de 2018
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Com informações do PortalA12
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