Explorar o
trabalhador é pecado mortal
Dedicando a
missa na Casa Santa Marta ao “nobre povo chinês”, que hoje festeja Nossa
Senhora de Sheshan, Francisco exorta a tomar distância das riquezas que seduzem
e escravizam.
Cidade do Vaticano - Tomar distância
das riquezas, porque estas nos foram oferecidas por Deus para doá-las aos
outros. A este tema o Papa Francisco dedicou a missa celebrada na manhã de
quinta-feira (24/04) na Casa Santa Marta.
Na memória de
Nossa Senhora Auxiliadora, o Pontífice celebrou a missa na intenção do “nobre
povo chinês”, que festeja a Virgem de Sheshan em Xangai.
Riqueza
apodrecida
O Papa se
inspirou Leitura de São Tiago apóstolo, que fala do salário não pago aos
trabalhadores e o seu clamor que chega aos ouvidos do Senhor. Francisco destaca
que Tiago usa expressões contundentes para falar aos ricos, sem meias palavras,
condenando a “riqueza apodrecida”, como fez Jesus:
“Ai de vós
ricos!”, é o primeiro ataque depois das Bem-aventuranças na versão de Lucas.
“Ai de vós ricos!”. Se alguém fizer uma pregação assim, no dia seguinte nos
jornais aparece: “Aquele padre é comunista!”. Mas a pobreza está no centro do
Evangelho. A pregação sobre a pobreza está no centro da pregação de Jesus: “Bem-aventurados
os pobres” é a primeira das Bem-aventuranças. E a carteira de identidade com a
qual Jesus se apresenta quando volta ao seu vilarejo, a Nazaré, na sinagoga, é:
“O Espírito está sobre mim, fui enviado para anunciar o Evangelho, a Boa Nova
aos pobres, o alegre anúncio aos pobres”. Mas na história sempre tivemos esta
fraqueza de tentar tirar esta pregação sobre a pobreza, acreditando se tratar
de algo social, político. Não! É Evangelho puro, é Evangelho puro.
Dois senhores
Francisco
convidou a refletir sobre o porquê de uma pregação assim “tão dura”. A razão
está no fato de que “as riquezas são uma idolatria”, são capazes de “seduzir”.
O próprio Jesus, explicou o Papa, disse que “não se pode servir a dois
senhores: ou você serve a Deus ou às riquezas”: dá, portanto, uma “categoria de
‘senhor’ às riquezas, isto é, a riqueza “o pega e não o larga e vai contra o
primeiro mandamento”, amar a Deus com todo o coração.
As riquezas vão
também contra o segundo mandamento, porque destroem a relação harmoniosa “entre
nós homens”, “estragamos a vida”, “estragamos a alma”. O Papa recordou a
Parábola do rico - que pensava na “boa vida”, nas festas, nas roupas luxuosas –
e do mendicante Lázaro, “que não tinha nada”.
Tiago
sindicalista
As riquezas,
reiterou, “nos levam embora a harmonia com os irmãos, o amor ao próximo, nos
fazem egoístas”. Tiago reivindica o salário dos trabalhadores que cultivaram a
terra dos ricos e não foram pagos: “alguém poderia confundir o apóstolo Tiago
com um sindicalista”, afirmou Francisco. E na verdade, acrescentou, o apóstolo
“fala sob a inspiração do Espírito Santo”. Parece uma coisa dos nossos dias,
disse o Papa:
Também aqui, na
Itália, para salvar os grandes capitais deixam as pessoas sem trabalho. Vai
contra o segundo mandamento e quem faz isto: “Ai de vós!”. Não eu, Jesus. Ai de
vocês que exploram as pessoas, que exploram o trabalho, que pagam de maneira
informal, que não pagam a contribuição para a aposentadoria, que não dão
férias. Ai de vós! Fazer “economias”, fraudar o que se deve pagar, o salário, é
pecado, é pecado. “Não, padre, eu vou à missa todos os domingos e participo
daquela associação católica e sou muito católico e faço a novena disso…”. Mas
você não paga? Essa injustiça é pecado mortal. Você não está nas graças de Deus.
Não sou eu que estou dizendo, é Jesus, é o apóstolo Tiago. Por isso as riquezas
nos afastam do segundo mandamento, do amor ao próximo.
Rezar pelos
ricos
As riquezas,
portanto, têm uma capacidade que nos tornar “escravos”: por isso Francisco
exorta a “fazer um pouco mais de oração e um pouco mais de penitência” não
pelos pobres, mas pelos ricos.
Você não é livre
diante das riquezas. Você para ser livre diante das riquezas deve tomar
distância e rezar para o Senhor. Se o Senhor lhe deu riquezas é para distribui-las
aos outros, para fazer em seu nome tantas coisas boas para os outros. Mas as
riquezas têm esta capacidade de nos seduzir e nesta sedução nós caímos, somos
escravos das riquezas.
...............................................................................................................................................
Fonte: vaticannews.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário