Papa chega a Milão e visita famílias na periferia
Milão (RV) - O Santo Padre deixou o Vaticano, na manhã deste sábado (25/3), às 7h10 (hora local), e se dirigiu ao aeroporto romano de Fiumicino, para mais uma Viagem Pastoral: a visita à cidade de Milão.
Milão, capital
da região da Lombardia, no norte da Itália, a segunda maior do país, tem uma
população de cerca de um milhão e meio de habitantes. A capital lombarda é
cosmopolita: quase 14% da população é de origem estrangeira. A cidade continua
sendo um dos principais centros industriais da Europa; sua economia é uma das
mais ricas do mundo e uma das mais caras também, além de ser classificada como
uma das mais poderosas e influentes.Milão é conhecida mundialmente como a
capital do design e da moda, e tem um rico patrimônio cultural e
religioso.
A
Arquidiocese é dirigida pelo Cardeal-arcebispo Angelo Scola. A Sé da cidade de
Milão tem a famosa Catedral ou “Duomo” dedicada a Santa Maria Nascente. A
arquidiocese, com suas 1.108 paróquias, é uma das mais extensas do mundo. Seu
Padroeiro é Santo Ambrósio, que foi Bispo da cidade de 374 até 397.
Periferia
O Papa chegou ao
aeroporto de Milano-Linate às 8.15 horas (4.15 hora de Brasília). A seguir,
dirigiu-se ao bairro popular Forlanini, conhecido como “Casas Brancas”onde
visitou duas famílias em seus apartamentos e conversou com os moradores no
pátio do condomínio. Ali, Francisco encontrou ainda alguns representantes de
famílias nômades, islâmicas e imigrantes, que vivem no bairro. A eles o Papa
fez uma breve saudação, dizendo:
Papa entra pela periferia de Milão |
“São vocês que
me acolhem ao chegar a Milão! Este é um grande presente para mim: entrar na
cidade e encontrar rostos, famílias, uma comunidade. Agradeço-lhes pelos
presentes que me deram: uma estola, sinal tipicamente sacerdotal, e uma estátua
de Nossa Senhora, que representa aquela posta no ponto mais alto sobre a
Catedral”.
Explicando o
significado de cada um dos presentes que recebeu da comunidade do bairro
Forlanini Francisco disse: "A estola lembra que venho entre vocês como
sacerdote. É uma estola tecida de modo artesanal. Sua importância consiste em
recordar que o sacerdote cristão é escolhido pelo povo, para servir o povo... O
sacerdócio é tecido pela fé, o trabalho, as orações e as lágrimas do povo".
Ao agradecer o
segundo presente, a estátua de Nossa Senhora, cópia daquela que se encontra
sobre a Catedral de Milão, chamada “Madonnina” (pequena Nossa Senhora), o Papa
disse: “É ela que me acolhe na entrada da Cidade”, e acrescentou:
“Ela recorda a
pressa de Maria que corre ao encontro de sua prima Isabel. É como a pressa, a
solicitude da Igreja, que não está inerte esperando, mas vai ao encontro de
todos, nas periferias, dos cristãos e não cristãos. Ela leva Jesus a todos, dá
sentido à nossa vida e nos salva do mal".
Ao se despedir
do povo, o Papa concedeu a todos a sua Bênção Apostólica. (MT)
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Assista:
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Assista:
Na Catedral de Milão,
Papa dialoga com sacerdotes e consagrados
Milão (RV) - Ao
se despedir dos moradores do bairro “Casas Brancas” na periferia de Milão,
Francisco se dirigiu à famosa Catedral da Cidade para o encontro com os
sacerdotes e consagrados.
O discurso do
Santo Padre consistiu em respostas a três perguntas feitas por um sacerdote, um
diácono permanente e uma freira.
Respondendo ao
sacerdote, Padre Gabriel Gioia, que lhe perguntou sobre a secularização e a
sociedade multiétnica, multirreligiosa e multicultural de Milão, Francisco
disse que uma das primeiras coisas que lhe vem em mente é a palavra “desafio”.
Todas as épocas históricas, desde o início do cristianismo, foram submetidas a
numerosos desafios, tanto na comunidade eclesial como na social:
“Não devemos
temer os desafios, aliás é bom que existam, porque são sinais de uma fé e de
uma comunidades vivas que buscam o Senhor. Devemos temer quando uma fé não
representa um desafio; elas fazem com que a fé não se torne ideologia”.
Papa fala com sacerdotes e consagrados |
Depois,
referindo-se à realidade multicultural, multireligiosa e multiétnica, contida
na pergunta do Padre Gabriel Gioia, o Pontífice disse que a Igreja, em toda a
sua história, sempre teve algo para nos ensinar em relação à cultura da
diversidade: as dioceses, os presbíteros, as comunidades, as congregações.
A Igreja é “una”
nos seus aspectos multiformes. O Evangelho é “uno”. Não devemos confundir
unidade com deformidade; é preciso, com a graça do Espírito Santo, fazer
discernimento de tudo aquilo que nos conduz à ressurreição e à vida, não a uma
cultura de morte.
A seguir,
respondendo à segunda pergunta que um diácono permanente lhe fez sobre a
“contribuição que um diácono pode dar para delinear o rosto de uma Igreja
feliz, desapegada e humilde”, o Santo Padre disse que “os diáconos têm sempre
muito para dar. E aqui, voltou a esclarecer o valor do discernimento. O
diácono não deve ser confundido como “meio padre” e como “meio leigo” e
nem como intermediário entre os fiéis e os pastores:
“O diaconato é
uma vocação específica, uma vocação familiar que evoca o serviço, como um dos
dons característicos do Povo de Deus. O diácono é o defensor do serviço no
âmbito da Igreja: servir ao Altar, servir à Palavra, servir aos Pobres. A sua
contribuição e missão consiste em recordar a todos a dimensão do serviço à fé,
em âmbito laical, clerical e familiar”.
O diácono,
explicou ainda o Papa, é sacramento do serviço a Deus e aos irmãos na família e
entre o Povo de Deus. O diaconato é uma vocação eclesial e um dom do Espírito
Santo a serviço de Deus, dos irmãos, dos pobres e de uma comunidade solidária.
Por fim,
dirigindo-se à religiosa, Madre Paola Paganini, que lhe perguntou “como ser
sinais, hoje, de profecia e testemunhas de uma vida pobre, virgem, obediente e
fraterna, sendo uma minoria no mundo”, Francisco respondeu-lhe, partindo
precisamente da palavra “minoria” que, muitas vezes, é acompanhada pela
“resignação”, por causa da fragilidade, da velhice:
“A maioria dos
nossos padres e madres fundadores jamais pensaram em ser uma multidão ou uma
grande maioria. Os nossos fundadores foram movidos, pela ação do Espírito Santo
e em certo momento da história, para ser presença alegre do Evangelho entre os
irmãos; renovar e edificar a Igreja como fermento na massa e como sal e luz do
mundo”.
A realidade de
hoje, explicou o Santo Padre, precisa de unidade, de fermento e de sabor religioso,
sobretudo nas periferias, onde as pessoas são excluídas, abandonadas, pobres.
Apesar de serem poucos, numericamente, os religiosos devem, segundo seus
carismas, irem às periferias para dar esperança e alegria, que brotam da
mensagem evangélica. Colocar Cristo ao centro de tudo. E o Bispo de Roma
concluiu:
“A evangelização
nem sempre é sinônimo de pescar peixes, mas é tomar o largo, ser testemunhas de
Jesus Cristo. Mas, depois, é o Senhor que pesca peixes como, quando e onde não
sabemos. Isso é muito importante!"
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Assista:
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Papa aos detentos na prisão de San Vittore:Assista:
"Me sinto em casa!"
Milão (RV) – O
Papa Francisco visitou no final da manhã deste sábado em Milão a prisão San
Vittore, onde estão reclusos 900 presos. Depois de percorrer os diferentes
pavilhões e saudar os detentos, almoçou com cerca de cem deles.
As autoridades
da prisão pensaram que o Papa se sentiria mais à vontade se durante o almoço
pudesse trocar algumas palavras com detentos que falassem seu próprio idioma.
Por esta razão, colocaram em sua mesa algumas detentas latino-americanas, como
a equatoriana Dalia, a argentina Mónica e a chilena Gemma.
Francisco com os detentos |
Os demais
lugares no improvisado refeitório foram ocupados por presos representando
diferentes nacionalidades e religiões, que aguardam a sentença definitiva.
Francisco
visitou o primeiro pavilhão onde se encontram as mulheres detidas com seus
filhos pequenos. O Papa saudou as detentas e conversou com os voluntários que
trabalham no local.
Jorge Bergoglio
percorreu os diversos setores da prisão até chegar na “Rotonda”, a parte
central do complexo prisional, que serve de praça para os reclusos e onde pode
saudar e ouvir uma ampla explanação.
“Me sinto em
casa”, disse Francisco aos presos, segundo informou o jornal Avvenire.
Um representante
dos presos pediu ao Papa para rezar por eles para “que seus erros possam ser
perdoados” e “as pessoas não olhem para eles com desprezo”.
O almoço foi
preparado por detentas que frequentam o curso da chamada “Escola Livre de
Cozinha”. No menu, pratos típicos da cozinha milanesa, como risoto, chuleta
empanada acompanhada por batatas e sobremesa.
Os responsáveis
da prisão haviam colocado à disposição do Papa, segundo seu desejo pessoal, o
quarto do Capelão para um breve repouso, fato não realizado pela falta de
tempo, visto que presidiria logo após a Santa Missa no Parque de Monza,
distante 20 km.
Francisco é o
primeiro Pontífice a entrar na Prisão San Vittore, um cárcere utilizado durante
a ocupação nazista como centro de tortura e detenção de judeus antes de sua
deportação para Auschwitz.
(JE/Avvenire)
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Francisco:
Deus continua a procurar aliados
para cooperar com a criatividade do Espírito
Milão (RV) –
Diante de um público estimado em 1 milhão de pessoas, o Papa Francisco presidiu
na tarde deste sábado, no Parque de Monza, a Santa Missa na Solenidade da
Anunciação. Francisco destacou que cComo ontem, Deus continua a procurar
aliados, continua a procurar homens e mulheres capazes de acreditar, capazes de
fazer memória, de sentir-se parte de seu povo para cooperar com a criatividade
do Espírito".
“Acabamos de
ouvir o anúncio mais importante de nossa história: a anunciação a Maria (cfr.
Lc 1, 26-38). Uma passagem densa, cheia de vida, e que gosto de ler à luz de
outro anúncio: o do nascimento de João Batista (cfr Lc 1, 5-20). Dois
anúncios que se seguem e que estão unidos; dois anúncios que, comparados entre
eles, nos mostram o que Deus dá a nós em seu Filho.
A anunciação de
João Batista ocorre quando Zacarias, sacerdote, pronto para dar início à ação
litúrgica, entra no Santuário do Templo, enquanto toda a assembleia está do
lado de fora, à espera. A anunciação de Jesus, ao invés disto, realiza-se em um
lugar perdido da Galileia, em uma cidade periférica e com uma fama não
particularmente boa (cfr Jo 1,46), no anonimato da casa de uma jovem chamada
Maria.
Um contraste não
sem pouca importância, que nos indica que o novo Templo de Deus, o novo
encontro de Deus com o seu povo, terá lugar em locais onde normalmente não se
espera, às margens, na periferia. Lá se marcarão os encontros, lá se
encontrarão; lá Deus se fará carne para caminhar junto a nós desde o seio de
sua Mãe. Já não será mais um lugar reservado a poucos, enquanto a maioria
permanece fora, à espera. Nada e ninguém lhe será indiferente, nenhuma situação
será privada da sua presença: a alegria da salvação tem início na vida
cotidiana da casa de uma jovem de Nazaré.
"A alegria da salvação tem início na vida cotidianada casa de uma jovem de Nazaré” |
Deus mesmo é
Aquele que toma a iniciativa e escolhe inserir-se, como fez com Maria, em
nossas casas, nas nossas lutas cotidianas, cheias de ansiedades e desejos. E é
precisamente dentro das nossas cidades, das nossas escolas e universidades, das
praças e dos hospitais que se cumpre o anúncio mais belo que podemos ouvir:
“Alegra-te, o Senhor é contigo!”. Uma alegria que gera vida, que gera
esperança, que se faz carne no modo em que olhamos ao amanhã, na postura com
que olharmos para os outros. Uma alegria que se torna solidariedade, hospitalidade,
misericórdia para com todos.
Como Maria,
também nós podemos ser tomados pela dúvida. “Como acontecerá isto?” em
tempos assim com tanta especulação? Se especula sobre a vida, o trabalho, a
família. Se especula sobre os pobres e os migrantes; se especula sobre os
jovens e sobre seu futuro. Tudo parece reduzir-se a cifras, deixando por outro
lado, que a vida cotidiana de tantas famílias se tinja de precariedade e de
insegurança. Enquanto a dor bate em muitas portas, enquanto em tantos jovens
cresce a insatisfação pela falta de oportunidades reais, a especulação é
abundante por tudo.
Certamente, o
ritmo vertiginoso a que somos submetidos parece nos roubar a esperança e a
alegria. As pressões e a impotência diante de tantas situações pareceriam quase
nos tirar o ânimo e tornar-nos insensíveis diante de inúmeros desafios. E
paradoxalmente quando tudo se acelera para construir – em teoria – uma
sociedade melhor, no final não se tem tempo para nada e para ninguém. Perdemos
o tempo para a família, o tempo para a comunidade, perdemos o tempo para a
amizade, para a solidariedade e para a memória.
Nos fará bem
perguntarmo-nos: Como é possível viver a alegria do Evangelho hoje nas nossas
cidades? É possível a esperança cristã nesta situação, aqui e agora?
Estas duas perguntas
dizem respeito à nossa identidade, a vida das nossas famílias, dos nossos
países e das nossas cidades. Dizem respeito à vida de nossos filhos, de nossos
jovens e exigem de nossa parte um novo modo de situar-nos na história. Se a
alegria e a esperança cristã continuam a ser possíveis, não podemos, não
queremos permanecer diante de tantas situações dolorosas como meros
expectadores que olham para o céu esperando que “pare de chover”. Tudo
aquilo que acontece exige de nós que olhemos para o presente com audácia, com a
audácia de quem sabe que a alegria da salvação toma forma na vida cotidiana da
casa de uma jovem de Nazaré.
Diante da dúvida
de Maria, diante de nossas dúvidas, três são as chaves que o Anjo nos oferece
para ajudar-nos a aceitar a missão que nos é confiada:
1. Evocar a Memória
A primeira coisa
que o Anjo faz é evocar a memória, abrindo assim o presente de Maria a toda
história da salvação. Evoca a promessa feita a Davi como fruto da aliança com
Jacó. Maria é filha da Aliança. Também nós hoje somos convidados a fazer
memória, a olhar para o nosso passado para não esquecer de onde viemos. Para
não nos esquecermos dos nossos antepassados, dos nossos avós e de tudo aquilo
que passaram para chegarmos onde estamos hoje. Esta terra e a sua gente
conheceram a dor de duas guerras mundiais; e às vezes viram a sua merecida fama
de trabalhadores e de civilidade manchada por desregradas ambições. A memória
nos ajuda a não permanecer prisioneiros de discursos que semeiam fraturas e
divisões como único modo para resolver os conflitos. Evocar a memória é o
melhor antídoto a nossa disposição diante das soluções mágicas da divisão e do
afastamento.
2. A pertença ao Povo de Deus
A memória
permite a Maria de apropriar-se de sua pertença ao Povo de Deus. Nos faz bem
recordar que somos membros do Povo de Deus! Milaneses, sim, ambrosianos, certo,
mas parte do grande Povo de Deus. Um povo formado por mil rostos, histórias e
proveniências, um povo multicultural e multiétnico. Esta é uma das nossas
riquezas. É um povo chamado a acolher as diferenças, a integrá-las com respeito
e criatividade e a celebrar a novidade que provém dos outros; é um povo que não
tem medo de abraçar as fronteiras; é um povo que não tem medo de dar acolhida a
quem tem necessidade porque sabe que ali está presente o seu Senhor.
3. A possibilidade do impossível
“Nada é
impossível para Deus” (Lc 1,37): assim termina a resposta do Anjo a Maria.
Quando acreditamos que tudo depende exclusivamente de nós, permanecemos
prisioneiros das nossas capacidades, das nossas forças, dos nossos míopes
horizontes. Quando, pelo contrário, nos dispomos a deixar-nos ajudar, a
deixar-nos aconselhar, quando nos abrimos à graça, parece que o impossível
começa a se tornar realidade. Sabem bem estas terras que, no decorrer de sua
história, geraram tantos carismas, tantos missionários, tanta riqueza para a
vida da igreja! Tantos rostos que, superando o pessimismo estéril e divisor,
abriram-se à iniciativa de Deus e tornaram-se sinal do quão fecunda possa ser
uma terra que não se deixa fechar nas próprias ideias, nos próprios limites e
nas próprias capacidades e se abrem aos outros.
Como ontem, Deus
continua a procurar aliados, continua a procurar homens e mulheres capazes de
acreditar, capazes de fazer memória, de sentir-se parte de seu povo para
cooperar com a criatividade do Espírito. Deus continua a percorrer os nossos
bairros e as nossas ruas, vai em cada lugar em busca de corações capazes de
escutar o seu convite e de fazê-lo tornar carne aqui e agora. Parafraseando
Santo Ambrósio em sua comentário a esta passagem podemos dizer: Deus continua a
buscar corações como o de Maria, dispostos a acreditar até mesmo em
condições extraordinárias (cfr. Esposizione del Vangelo sec. Luca II, 17:
PL 15, 1559). Que o senhor faça crescer em nós esta fé e esta esperança. (JE)
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Encontro com crismandos conclui visita do Papa a Milão
Milão (RV) – Uma
multidão de 80 mil jovens acolheu o Papa no Estádio de São Siro, em Milão, aos
gritos de “Francisco, Francisco”, naquele que foi seu último compromisso em
terras ambrosianas antes de retornar a Roma. Uma verdadeira festa da fé, com
muita música, cores e danças.
No encontro com
os crismandos, o Santo Padre respondeu a algumas perguntas feitas por um jovem
crismando, por um casal e por uma catequista.
Um jovem
O primeiro a
interpelar Francisco foi um jovem: “Quando tinhas a nossa idade, o que te
ajudou a fazer crescer a amizade com Jesus?”
Uma verdadeira festa da fé para o Papa Francisco no Estádio de São Siro |
“São três
coisas, com um fio unindo as três”. Os avós podem ajudar a crescer na amizade
com Jesus, esta é a minha experiência, disse Bergoglio. “A nona me
ensinou a rezar, também minha mãe”. “Os avós tem a sabedoria da vida”, reiterou
o Papa, e com esta sabedoria “nos ensinam como caminhar próximos a Jesus. A mim
o fizeram”. “Falem com vossos avós. Perguntem a eles, escutem-nos, falem com
eles”.
Depois, “brincar
com os amigos também me ajudou muito” – acrescentou o Papa - pois é bom “sentir
alegria nas brincadeiras com os amigos, sem insultos”, e pensar, “assim
brincava Jesus”. “Nos faz bem brincar com os amigos, porque quando o jogo é
limpo, se aprende a respeitar os outros, se aprende a fazer uma equipe, a
trabalhar juntos. E isto nos une a Jesus”. E se houver brigas, “depois pedir
perdão”.
Por fim, uma
terceira coisa que o ajudou muito a crescer na amizade com Jesus: ir à
paróquia, reunir-se com os outros. É algo importante. Estas três coisas...um
conselho que dou a vocês. Vos farão crescer na amizade com Jesus. “Com estas
três coisas tu rezarás mais. E a oração é aquele fio que une as três coisas”.
Um pai
Um pai, ao lado
de sua esposa, foi o segundo a dirigir-se ao Pontífice: “Como transmitir aos
nossos filhos a beleza da fé? Às vezes parece realmente difícil poder falar
deste tema sem ser chatos e banais e partilhar com eles a fé? Que palavras
usar?
Em resposta, o
Papa convidou os pais a recordarem-se das pessoas “que deixaram uma marca” na
fé deles e “o que deles ficou marcado”, pedindo que por alguns minutos
“voltassem a ser filhos para recordar as pessoas” que os ajudaram a acreditar.
“Todos trazemos na memória, mas especialmente no coração, alguém que nos ajudou
a crer”, observou.
O Papa explica
que as crianças, os filhos, observam o comportamento dos adultos, “captando
tudo”, “tirando as suas conclusões e os seus ensinamentos”. Neste sentido,
aconselha os pais “a terem cuidado deles, a ter cuidado de seus corações, de
sua alegria e de sua esperança”.
Quando se coloca
um filho no mundo se deve ter a consciência de que temos a responsabilidade de
fazê-lo crescer na fé. E acrescentou, que quando os pais brigam, as crianças
sofrem e não crescem na fé.
“Os “olhos” de
vossos filhos pouco a pouco memorizam e leem com o coração como a fé é uma das
melhores heranças que vocês receberam de vossos pais, de vossos antepassados.
Mostrar a eles como a fé nos ajuda a seguir em frente, a enfrentar os tantos
dramas que temos, não com uma atitude pessimista, mas confiante, este é o
melhor testemunho que podemos dar a eles”.
Existe um dito:
“As palavras são levadas pelo vento”, mas aquilo que se semeia na memória, no
coração, permanece para sempre.
O Papa observa
que em muitos lugares, muitas famílias têm a bonita tradição de irem juntas à
Missa e depois a um parque. Assim, que a fé se torna uma exigência da família
com outras famílias. Neste sentido. Francisco também exorta os pais a brincarem
com seus filhos, a “perderem tempo” com eles.
Também educar à
solidariedade, às obras de misericórdia. Neste ponto o Papa coloca um acento na
“festa, na gratuidade, no buscar outras famílias e viver a fé como um espaço de
prazer familiar”. A isto deve ser acrescentado outro elemento: “não
existe festa sem solidariedade”. Não dar o supérfluo, “mas dividir com os
outros aquilo que temos”.
Uma catequista
Por fim, uma
catequista pede ao Papa um conselho sobre como abrir à escuta e ao diálogo com
todos os educadores que trabalham com os jovens:
A educação deve
ser harmônica, responde o Papa. Educar com o conteúdo, as atitudes na vida e os
valores. Mas nunca educar somente, por exemplo, com noções, ideias. Também o
coração se deve fazer crescer na educação, o fazer, o modo de caminhar na vida.
Uma educação
baseada no pensar-fazer-sentir (cabeça-mãos-coração). O conhecimento é
multiforme, nunca é uniforme. Não separar. Não educar somente o intelecto – dar
noção intelectual é importante, mas isto, sem o coração e as mãos, não serve.
Os jovens/alunos
tem interesses e facilidades diferentes. Para isto – diz o Papa – o
professor deve estimular as boas qualidades de seus alunos.
O Papa, por fim,
chama a atenção para o bullying. “Estejam atentos!”.
Agora pergunto a
vocês, crismandos...escutem em silêncio: na vossa escola, em vosso bairro, há
alguém que você insulta, engana, porque ele/ela tem algum defeito, porque é
gordo, magro, isto ou aquilo?...pensem! Vocês gostam de fazê-los passar
vergonha e de bater neles por isto? Pensem! Isto se chama bullying. Por
favor...ainda não acabei...Por favor! Para o Sacramento da santa Crisma, façam
a promessa ao Senhor de nunca fazer isto e nunca permitir que se faça isto em
vosso colégio, escola, bairro, entendido? E me prometam nunca enganar, insultar
o companheiro de colégio, de bairro. Prometem isto hoje? (Siiim, respondem!). O
Papa não está contente com a resposta. Prometem isto? (Siiim, respondem!). Este
sim disseram ao Papa. Agora em silêncio, pensem que coisa ruim é isto e pensem
se vocês são capazes de prometer isto a Jesus. Prometem a Jesus nunca fazer
este bullying? ...siiim!. Obrigado! E que o Senhor vos abençoe.
Com a oração do
Pai Nosso e a bênção final, o Santo Padre deixou o Estádio de São Siro pouco
depois das 19 horas (hora local), para dirigir-se ao aeroporto e retornar a
Roma. (JE
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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