Fé ideológica
adora um deus que não possui as chagas dos irmãos
adora um deus que não possui as chagas dos irmãos
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco celebrou a missa matutina, desta quinta-feira
(02/03), na Casa Santa Marta. O Pontífice sublinhou que “ressoa forte, no
início da Quaresma, o convite à conversão”.
A liturgia de
hoje coloca esta exortação diante de três realidades: o homem, Deus e o
caminho. A realidade do homem é a de escolher entre o bem e o mal: “Deus nos
criou livres. A escolha é nossa”, disse o Pontífice, “mas não nos deixa
sozinhos”, nos indica o caminho do bem com os Mandamentos. Depois, há a
realidade de Deus: “para os discípulos era difícil entender” o caminho da cruz
de Jesus:
Deus tomou sobre
si toda a realidade humana, menos o pecado. Não há Deus sem Cristo. Um deus sem
Cristo é desencarnado. Um deus que não é real.
Momento da Consagração |
“A realidade de
Deus é Deus que se fez Cristo, por nós. Para nos salvar. Quando nos
distanciamos dessa realidade e nos distanciamos da Cruz de Cristo, da verdade
das chagas do Senhor, nos distanciamos também do amor, da caridade de Deus, da
salvação e caminhamos numa estrada ideológica de Deus, distante do Deus que
veio até nós para nos salvar, do Deus que morreu por nós. Esta é a realidade de
Deus. Deus é Cristo. Não há Deus sem Cristo.”
O Papa citou o
diálogo entre um agnóstico e um fiel que acreditava em Deus, criado por um
escritor francês do século passado:
“O agnóstico de
boa vontade perguntava ao fiel: “Mas, como é possível! Para mim, o problema é
como Cristo é Deus: Não posso entender isso. Como Cristo é Deus?”. E o fiel
respondeu: Para mim, isso não é um problema. O problema seria se Deus não
tivesse se tornado Cristo”. Esta é a realidade de Deus: Deus que se fez
Cristo, Deus que se fez carne e este é o fundamento das obras de misericórdia.
As chagas de nossos irmãos são as chagas de Cristo, são as chagas de Deus,
porque Deus se fez Cristo. Esta é a segunda realidade. Não podemos viver a
Quaresma sem esta realidade. Devemos nos converter não a um Deus abstrato, mas
a um Deus concreto que se fez Cristo.”
Enfim, a
terceira realidade, é a do caminho. Jesus diz: “Se alguém quer me seguir,
renegue a si mesmo, tome a sua cruz a cada dia e me siga”
“A realidade do
caminho é a de Cristo: seguir Cristo, fazer a vontade do Pai e como Ele pegar
as cruzes de cada dia e renegar a si mesmo para seguir Cristo. Não fazer o
que eu quero, mas o que Jesus quer. Seguir Jesus. Ele fala que nessa estrada
nós perdemos a vida para ganhá-la depois. É perder a vida continuamente,
deixar de fazer o que eu quero, perder as comodidades, estar sempre na estrada
de Jesus que estava a serviço dos outros, e adorar Deus. Esta é a estrada
certa.”
“O único caminho
seguro é seguir Cristo crucificado, escândalo da Cruz. Estas três realidades, o
homem, Deus e o caminho são a bússola que não deixa o cristão errar o caminho”,
concluiu o Papa. (MJ)
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