Campanha da
Fraternidade
Começando a
Quaresma de 2017, introduzimos também o tema da Campanha da Fraternidade, que
neste ano fala dos Biomas brasileiros, ligando a realização da vida humana com
as realidades do território. A libertação do povo depende de sua sintonia com a
terra, como diz a bíblia: “Se o Senhor nos quer bem, ele nos introduzirá nela e
nos dará esta terra, onde corre leite e mel” (Nm 14,8).
“Fraternidade:
biomas brasileiros e defesa da vida” é o tema da Campanha deste ano. A
fundamentação bíblica, identificada no lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn
2,15). Na criação, Deus aparece como sendo um oleiro, quando diz: “Então o
Senhor Deus formou o ser humano com o pó do solo, soprou-lhe nas narinas o
sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7).
A natureza
criada deve ser fonte de vida e de dar condições para que o ser vivente tenha
condição de se sobreviver. Mas tudo deve contribuir para que a pessoa humana
viva com dignidade, porque ela é o objetivo de toda a criação. Aí está a
importância dos seis biomas do território brasileiro. Cada um deles deve
oferecer o necessário para a população construir seus objetivos de vida.
A destruição dos
biomas é uma transgressão à natureza. É tirar sua capacidade de preservação da
vida, que depende de terra produtiva, fértil e trabalhável. Todos eles
(Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal) têm sua
biodiversidade prejudicada. Em determinados locais é impensável uma recuperação
total, porque a exploração chegou a um grau máximo.
A dimensão
econômica do poder é uma tentação. Não basta ter o necessário para uma
sobrevivência com dignidade. O acúmulo mata a vida, porque impossibilita que
outros sejam também felizes. Nessas condições não importa destruir, devastar,
provocar deserto e matar o bioma. A força do poder não mede as consequências
desastrosas para a grande massa impossibilitada para competir.
A reflexão da
Quaresma nos ajuda a superar a ideologia do poder destruidor. É um caminho de
conversão, porque o ser humano foi criado em íntima união com a terra. Terra
que precisa ser cuidada com carinho, com respeito e responsabilidade. O
trabalho feito nela tem que ser com sustentabilidade e assim ser preservada
contra todo tipo de ação predatória, porque quem mais sofre é a pessoa humana.
Dom Paulo Mendes
Peixoto - Arcebispo de Uberaba
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração: campanhadafraternidade2017.com.br
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