segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Papa na Suécia:

do conflito à comunhão

Cidade do Vaticano (RV) – “Do conflito à comunhão. Juntos na esperança”: este é o lema da viagem que o Papa Francisco iniciou na manhã desta segunda-feira (31/10) à Suécia.
Francisco embarca para a Suécia
Trata-se de sua 17ª viagem apostólica e a última deste ano de 2016. A ocasião da visita é a comemoração conjunta dos 500 anos da Reforma protestante e os 50 anos do diálogo entre as duas confissões – ambas as datas que serão recordadas de maneira oficial em 2017.
No total, serão pouco mais de 24 horas em solo sueco. Depois de 2 horas e 40 minutos de voo, o Papa será acolhido no aeroporto internacional de Malmö pelo Primeiro-Ministro sueco, Stefan Löfven. Em Lund, depois do almoço na residência papal de Igelosa, Francisco realizará a visita de cortesia à família real da Suécia: ao acolhê-lo na residência real estarão o Rei Carlos XVI Gustav e a Rainha Silvia.
A oração ecumênica comum
A tarde prosseguirá com a aguardada oração ecumênica na Catedral luterana de  Lund. De fato, esta cidade foi escolhida para a viagem apostólica porque foi ali que em 1947 foi fundada a Federação Luterana Mundial, enquanto a data – 31 de outubro – é o dia em que, segundo a tradição, Martinho Lutero expôs as suas 95 teses sobre a porta da Igreja do castelo de Wittenberg, em 1517.
Este evento inédito – a oração ecumênica comum – é fruto de 50 anos de diálogo: com os luteranos, os católicos iniciaram os colóquios com o Concílio Vaticano II; em 1999, as duas comunidades assinaram a Declaração conjunta sobre a Justificação e, em 2013 aprovaram o documento “Do conflito à comunhão”, que se tornou o lema desta viagem.
O programa do Papa ainda nesta segunda-feira prevê o regresso de Lund a Malmö para o evento ecumênico no ginásio da cidade e o encontro com as delegações ecumênicas – eventos com transmissão ao vivo da Rádio Vaticano.
Comunidade católica sueca
A terça-feira (1°/11) do Papa Francisco será dedicada à pequena comunidade católica sueca. Trata-se de pouco mais de 1% da população de cerca de 10 milhões de habitantes no total. O Pontífice celebra a missa, em latim e sueco, no estádio de Malmo, com a oração mariana do Angelus. Ao final da manhã, o Papa regressa ao Vaticano. 
No vôo aos jornalistas
“Esta viagem é importante porque é uma viagem eclesial, muito eclesial no campo do ecumenismo. O trabalho de vocês ajudará muito a compreender isso, e ajudar as pessoas entenderem bem isso. Muito obrigado”. Foi o que disse o Papa aos jornalistas, nesta manhã de segunda-feira, durante o voo para a Suécia. (SP)
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Francisco:

Olhar ao nosso passado, reconhecer o erro e pedir perdão

Lund (RV) – Após o almoço em privado na Residência Papal de Igelosa, onde Francisco reside nestes dois dias de visita à Suécia, o Santo Padre se transferiu para o Palácio Real de Lund, onde realizou um visita de cortesia à Família Real.
Momento da oração ecumênica
O Papa foi recebido pelo Rei Carlos XVI Gustavo e pela Rainha Silvia. Depois do encontro com a Família Real, o Pontífice, juntos com os soberanos, se dirigiu para a Catedral da cidade onde teve lugar a Oração Ecumênica Comum. Francisco foi acolhido pela Primaz da Igreja da Suécia, Arcebispa Antje Jakelén e pelo Bispo Católico de Estocolmo, Dom Anders Arborelius. Tomaram parte na procissão de entrada representantes da Federação Mundial Luterana. Após os cantos, as leituras e a homilia do Presidente da Federação Mundial Luterana, Bispo Munib Younan, o Papa Francisco fez a sua homilia.
Já no início de seu discurso o Santo Padre recordou as palavras de Cristo “Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós”, pronunciadas no contexto da Última Ceia. Podemos sentir as suas palpitações de amor por nós e o seu desejo de unidade para todos os que creem n’Ele, afirmou.
Desejo de permanecer unidos
Neste encontro de oração, aqui em Lund, - prosseguiu o Papa - queremos manifestar o nosso desejo comum de permanecer unidos a Ele para termos vida. E acrescentou, recordando os irmãos que não se resignaram à divisão:
“É também um momento propício para dar graças a Deus pelo esforço de muitos irmãos nossos, de diferentes comunidades eclesiais, que não se resignaram com a divisão, mas mantiveram viva a esperança da reconciliação entre todos os que creem no único Senhor”.
Agora, no contexto da comemoração comum da Reforma de 1517  - continuou -, temos uma nova oportunidade para acolher um percurso comum, que se foi configurando ao longo dos últimos cinquenta anos no diálogo ecumênico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica.
“Não podemos resignar-nos com a divisão e o distanciamento que a separação gerou entre nós. Temos a possibilidade de reparar um momento crucial da nossa história, superando controvérsias e mal-entendidos que impediram frequentemente de nos compreendermos uns aos outros”.
Reconhecer o erro e pedir perdão
Francisco evidenciou em seguida que devemos também olhar, com amor e honestidade, para o nosso passado e reconhecer o erro e pedir perdão, só Deus é o juiz. E, com a mesma honestidade e amor,  - sublinhou - temos de reconhecer que a nossa divisão se afastava da intuição originária do povo de Deus, cujo anélito é naturalmente estar unido, e, historicamente, foi perpetuada mais por homens de poder deste mundo do que por vontade do povo fiel, que sempre e em toda parte precisa ser guiado, com segurança e ternura, pelo seu Bom Pastor.
Ambos os lados tinham uma vontade sincera de professar e defender a verdadeira fé, mas estamos conscientes também de que nos fechamos em nós mesmos com medo ou preconceitos relativamente à fé que os outros professam com uma acentuação e uma linguagem diferentes. Dizia o Papa João Paulo II: “Não devemos deixar-nos guiar pelo intento de nos tornarmos árbitros da história, mas unicamente pela intenção de compreendermos melhor os acontecimentos e de sermos portadores da verdade”.
Novo olhar ao passado
Com este novo olhar ao passado, não pretendemos fazer uma correção inviável do que aconteceu, mas “contar essa história de maneira diferente”, afirmou.
Jesus recorda-nos: «Sem Mim, nada podeis fazer», disse Francisco. “É Ele que nos sustenta e encoraja a procurar os modos para tornar a unidade uma realidade cada vez mais evidente”.
“Sem dúvida, a separação foi uma fonte imensa de sofrimentos e incompreensões; mas ao mesmo tempo levou-nos a tomar consciência sinceramente de que, sem Ele, nada podemos fazer, dando-nos a possibilidade de compreender melhor alguns aspetos da nossa fé. Com gratidão, reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja”.
Experiência espiritual de Lutero
A experiência espiritual de Martinho Lutero – disse o Papa - interpela-nos lembrando-nos que nada podemos fazer sem Deus. «Como posso ter um Deus misericordioso?» Esta é a pergunta que constantemente atormentava Lutero. Na verdade, a questão da justa relação com Deus é a questão decisiva da vida. Como é sabido, Lutero descobriu este Deus misericordioso na Boa Nova de Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado. Com o conceito «só por graça divina», recorda-nos que Deus tem sempre a iniciativa e que precede qualquer resposta humana inclusive no momento em que procura suscitar tal resposta. Assim, a doutrina da justificação exprime a essência da existência humana diante de Deus.
Testemunhas credíveis da misericórdia
Francisco recordou que Jesus intercede por nós como mediador junto do Pai, pedindo-Lhe a unidade dos seus discípulos para que «o mundo creia». “Concedei-nos o dom da unidade, para que o mundo creia na força da vossa misericórdia”. Este é o testemunho que o mundo espera de nós. E nós, cristãos, seremos testemunhas credíveis da misericórdia, na medida em que o perdão, a renovação e a reconciliação forem uma experiência diária entre nós. E Francisco concluiu:
“Nós, luteranos e católicos, rezamos juntos nesta Catedral e estamos conscientes de que, sem Deus, nada podemos fazer; pedimos o seu auxílio para sermos membros vivos unidos a Ele, sempre carecidos da sua graça para podermos levar, juntos, a sua Palavra ao mundo, que tem necessidade da sua ternura e misericórdia”. (SP)
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Declaração Conjunta:

Graças ao diálogo já não somos desconhecidos

Lund (RV) – Por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma, durante a Oração ecumênica comum na Catedral luterana de Lund, o Papa Francisco e o Presidente da Federação Luterana Mundial, Rev. Mounib Younan assinaram uma Declaração Conjunta introduzida pelas seguintes palavras:  “Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim” (Jo 15, 4).
Francisco na Catedral Luterana de Lund
Com esta Declaração Conjunta, - lê-se no texto -, expressamos jubilosa gratidão a Deus por este momento de oração comum na Catedral de Lund, com que iniciamos o ano comemorativo do quinto centenário da Reforma. Cinquenta anos de constante e frutuoso diálogo ecumênico entre católicos e luteranos ajudaram-nos a superar muitas diferenças e aprofundaram a compreensão e confiança entre nós. Ao mesmo tempo, aproximamo-nos uns dos outros através do serviço comum ao próximo – muitas vezes em situações de sofrimento e de perseguição. Graças ao diálogo e testemunho compartilhado, já não somos desconhecidos; antes, aprendemos que aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa.
Do conflito à comunhão
No texto se evidencia ainda que “ao mesmo tempo que estamos profundamente gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma, também confessamos e lamentamos diante de Cristo que luteranos e católicos tenham ferido a unidade visível da Igreja. Diferenças teológicas foram acompanhadas por preconceitos e conflitos, e instrumentalizou-se a religião para fins políticos.
A nossa fé comum em Jesus Cristo – continua o texto -, e o nosso Batismo exigem de nós uma conversão diária, graças à qual repelimos as divergências e conflitos históricos que dificultam o ministério da reconciliação. Enquanto o passado não se pode modificar, aquilo que se recorda e o modo como se recorda podem ser transformados. Rezamos pela cura das nossas feridas e das lembranças que turvam a nossa visão uns dos outros. Rejeitamos categoricamente todo o ódio e violência, passados e presentes, especialmente os implementados em nome da religião. Hoje, escutamos o mandamento de Deus para se pôr de parte todo o conflito. Reconhecemos que fomos libertos pela graça para nos dirigirmos para a comunhão a que Deus nos chama sem cessar.
O nosso compromisso em prol dum testemunho comum
A  Declaração Conjunta evidencia que “enquanto superamos os episódios da nossa história que gravam sobre nós, comprometemo-nos a testemunhar juntos a graça misericordiosa de Deus, que se tornou visível em Cristo crucificado e ressuscitado”. Cientes de que o modo como nos relacionamos entre nós incide sobre o nosso testemunho do Evangelho, comprometemo-nos a crescer ainda mais na comunhão radicada no Batismo, procurando remover os obstáculos ainda existentes que nos impedem de alcançar a unidade plena. Cristo quer que sejamos um só, para que o mundo possa acreditar (cf. Jo 17, 21).
No texto destaca-se também que muitos membros “das nossas comunidades anseiam por receber a Eucaristia a uma única Mesa como expressão concreta da unidade plena”. “Temos experiência da dor de quantos partilham toda a sua vida, mas não podem partilhar a presença redentora de Deus na Mesa Eucarística”. Reconhecemos a nossa responsabilidade pastoral comum de dar resposta à sede e fome espirituais que o nosso povo tem de ser um só em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no Corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo dos nossos esforços ecumênicos, que desejamos levar por diante inclusive renovando o nosso empenho no diálogo teológico.
Um só em Cristo
Evidencia-se no texto que se reza a Deus para que católicos e luteranos saibam testemunhar juntos o Evangelho de Jesus Cristo, convidando a humanidade a ouvir e receber a boa notícia da ação redentora de Deus. “Pedimos a Deus inspiração, - continua a Declaração -, ânimo e força para podermos continuar juntos no serviço, defendendo a dignidade e os direitos humanos, especialmente dos pobres, trabalhando pela justiça e rejeitando todas as formas de violência”.
Deus chama-nos a estar perto de todos aqueles que anseiam por dignidade, justiça, paz e reconciliação, acrescenta o texto. “Hoje, de modo particular, levantamos as nossas vozes para pedir o fim da violência e do extremismo que ferem tantos países e comunidades, e inumeráveis irmãos e irmãs em Cristo”. Em seguida uma exortação a luteranos e católicos para que trabalhem juntos para acolher quem é estrangeiro, prestem auxílio a quantos são forçados a fugir por causa da guerra e da perseguição, e defendam os direitos dos refugiados e de quantos procuram asilo.
Um olhar também à criação inteira que sofre a exploração e os efeitos duma ganância insaciável. “Reconhecemos o direito que têm as gerações futuras de gozar do mundo, obra de Deus, em todo o seu potencial e beleza. Rezamos por uma mudança dos corações e das mentes que leve a um cuidado amoroso e responsável da criação”, destaca a Declaração Conjunta.
Depois de agradecer aos irmãos e irmãs das várias Comunhões e Associações Cristãs mundiais que estão presentes e unidos em oração, renova-se o compromisso de passar do conflito à comunhão, e fazendo isso como membros do único Corpo de Cristo, no qual estamos incorporados pelo Batismo.
Apelo aos católicos e luteranos do mundo inteiro
Enfim um apelo: “apelamos a todas as paróquias e comunidades luteranas e católicas para que sejam corajosas e criativas, alegres e cheias de esperança no seu compromisso de prosseguir na grande aventura que nos espera. Mais do que os conflitos do passado, há de ser o dom divino da unidade entre nós a guiar a colaboração e a aprofundar a nossa solidariedade. (SP)
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Católicos e luteranos
juntos na defesa e promoção da justiça social

Rádio Vaticano (RV) – “Como duas organizações cristãs mundiais trabalhando pela dignidade humana e justiça social, decidimos dar as mãos”.
Caritas leva alimentos à crianças no Zimbábue
Esta é a principal mensagem da Declaração de Intenções entre a Caritas e o Serviço Mundial luterano firmada na tarde desta segunda-feira (31/10), em Malmö, na Suécia, ao final do evento ecumênico com a presença do Papa Francisco.
“Para trazer esperança. Para testemunhar e agir juntos, sem exclusão. E para convidar nossos membros para que se engajem também localmente”, prossegue o texto da declaração.
Dentro dos objetivos principais deste trabalho conjunto estão: a criação de oportunidades; o comprometimento para cooperar onde for apropriado; partilhar ensinamentos, desafios e oportunidades; assegurar que membros, pessoal e voluntários entendam a Declaração de Intenções e trabalhem juntos em harmonia e colaboração.
Áreas de atuação
A Caritas e o Serviço Mundial luterano se comprometem ainda em trabalhar unidas no auxílio a refugiados, deslocados internos e migrantes; na construção da paz e da reconciliação; resposta humanitária; implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e programas e ações entre as confissões.
Para analisar a aplicação concreta dos mecanismos de cooperação, encontros anuais serão realizados  também para planejar ações futuras.
A Caritas e o Serviço Mundial já trabalharam juntos em diversas ocasiões nas últimas décadas em vários países contra a pobreza e crises humanitárias.
Atualmente a Caritas, “braço social e de justiça” da Igreja, é uma confederação presente em 200 países e territórios representada por 165 organizações nacionais. (rb)
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Papa Francisco:

Diálogo confirma desejo de plena comunhão

Malmö (RV) - O Papa Francisco participou do evento ecumênico na Arena de Malmö, na Suécia, na tarde desta segunda-feira (31/10).
Papa e a arcebispa Ante Jackelen, Primaz da Igreja Luterana da Suécia
“Dou graças a Deus por esta comemoração conjunta dos 500 anos da Reforma, que estamos vivendo com espírito renovado e conscientes de que a unidade entre os cristãos é uma prioridade, porque reconhecemos que, entre nós, é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa”, disse o Papa em seu discurso.
“O diálogo entre nós permitiu aprofundar a compreensão mútua, gerar confiança recíproca e confirmar o desejo de caminhar para a plena comunhão. Um dos frutos produzidos por este diálogo é a colaboração entre distintas organizações da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica. Hoje, graças a este novo clima de compreensão, Caritas Internationalis eLutheran World Federation World Service assinarão uma declaração comum de acordos que visam desenvolver e consolidar uma cultura de colaboração para a promoção da dignidade humana e da justiça social. Saúdo cordialmente os membros de ambas as organizações que, num mundo dividido por guerras e conflitos, foram e são um exemplo luminoso de dedicação e serviço ao próximo. Exorto-os a prosseguir no caminho da cooperação”, frisou o Papa.
Testemunhos
A seguir, Francisco comentou os 4 testemunhos que foram dados antes de seu discurso. Sobre o primeiro, relativo à Criação, ressaltou que “toda a criação é uma manifestação do amor imenso de Deus para conosco. Somos chamados a cultivar uma harmonia com nós mesmos e com os outros, mas também com Deus e com a obra de suas mãos”. 
Em relação ao segundo, sobre o trabalho conjunto que católicos e luteranos realizam na Colômbia, o Papa frisou que “é uma boa notícia saber que os cristãos se unem para dar vida a processos comunitários e sociais de interesse comum” e pediu orações para que “se possa chegar finalmente à paz, tão desejada e necessária para uma digna convivência”.
Do terceiro testemunho, o Papa chamou a atenção para o trabalho em prol das crianças vítimas de atrocidades e para o compromisso em favor da paz. O Pontífice agradeceu à jovem burundinesa pelo seu compromisso em comunicar a mensagem de paz.
O último, dado por uma jovem da Equipe Olímpica de Refugiados, o Papa disse que ela “soube tirar proveito do talento que Deus lhe deu no esporte”. O Santo Padre agradeceu à jovem pelos esforços e cuidados para animar outras meninas a regressarem à escola e também pelas orações que reza todos os dias pela paz no Sudão do Sul.
O Papa recordou também Aleppo, cidade síria martirizada pela guerra, onde se desprezam e espezinham os direitos fundamentais.
“Queridos irmãos e irmãs, não nos deixemos abater pelas adversidades. Que estas histórias nos estimulem e deem novo impulso para trabalharmos cada vez mais unidos. Quando voltarmos às nossas casas, levemos o compromisso de realizar cada dia um gesto de paz e reconciliação para sermos testemunhas corajosas e fiéis da esperança cristã”, concluiu Francisco. (MJ)
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Assista:
A seguir, a íntegra do discurso.
Queridos irmãos e irmãs!
Dou graças a Deus por esta comemoração conjunta dos quinhentos anos da Reforma, que estamos a viver com espírito renovado e conscientes de que a unidade entre os cristãos é uma prioridade, porque reconhecemos que, entre nós, é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa. O caminho empreendido para a alcançar já é um grande dom que Deus nos concede e, graças à sua ajuda, estamos reunidos aqui hoje, luteranos e católicos, em espírito de comunhão, para dirigir o nosso olhar ao único Senhor, Jesus Cristo.
O diálogo entre nós permitiu aprofundar a compreensão mútua, gerar confiança recíproca e confirmar o desejo de caminhar para a plena comunhão. Um dos frutos produzidos por este diálogo é a colaboração entre distintas organizações da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica. Hoje, graças a este novo clima de compreensão, Caritas Internationalis e Lutheran World Federation World Service assinarão uma declaração comum de acordos que visam desenvolver e consolidar uma cultura de colaboração para a promoção da dignidade humana e da justiça social. Saúdo cordialmente os membros de ambas as organizações que, num mundo dividido por guerras e conflitos, foram e são um exemplo luminoso de dedicação e serviço ao próximo. Exorto-vos a prosseguir pelo caminho da cooperação.
Ouvi atentamente os testemunhos de como, no meio de tantos desafios, dia após dia dedicam a vida a construir um mundo que corresponda cada vez mais aos desígnios de Deus. Pranita referiu-se à criação. É verdade que toda a criação é uma manifestação do amor imenso de Deus para conosco; por isso podemos também contemplar a Deus por meio dos dons da natureza. Compartilho a tua consternação pelos abusos que danificam o nosso planeta, a nossa casa comum, com graves consequências também sobre o clima. Como justamente recordaste, os maiores impactos recaem frequentemente sobre as pessoas mais vulneráveis e com menos recursos, que se veem forçadas a emigrar para se salvar dos efeitos das mudanças climáticas. Todos somos responsáveis pela salvaguarda da criação, e de modo particular nós cristãos. O nosso estilo de vida, os nossos comportamentos devem ser coerentes com a nossa fé. Somos chamados a cultivar uma harmonia com nós mesmos e com os outros, mas também com Deus e com a obra das suas mãos. Pranita, encorajo-te a continuares no teu compromisso a favor da nossa casa comum.
Mons. Héctor Fabio informou-nos sobre o trabalho conjunto que católicos e luteranos realizam na Colômbia. É uma boa notícia saber que os cristãos se unem para dar vida a processos comunitários e sociais de interesse comum. Peço-vos uma oração especial por aquela terra maravilhosa para que, com a colaboração de todos, se possa chegar finalmente à paz, tão desejada e necessária para uma digna convivência humana. Seja uma oração que abrace também a todos os países onde perduram graves situações de conflito.
Marguerite chamou a nossa atenção para o trabalho em prol das crianças vítimas de tantas atrocidades e para o compromisso a favor da paz. É algo admirável e, simultaneamente, um apelo para tomar a sério inúmeras situações de vulnerabilidade que padecem tantas pessoas indefesas, aquelas que não têm voz. Aquilo que tu consideras como uma missão, foi uma semente que produziu frutos abundantes, e hoje, graças a esta semente, milhares de crianças podem estudar, crescer e recuperar a saúde. Obrigado pelo facto de agora, mesmo no exílio, continuares a comunicar uma mensagem de paz. Disseste que, todos os que te conhecem, pensam que aquilo que fazes é uma loucura. Sim, é a loucura do amor a Deus e ao próximo! Quem dera que esta loucura pudesse propagar-se, iluminada pela fé e a confiança na Providência! Segue em frente; e possa aquela voz de esperança que ouviste no início da tua aventura continuar a estimular o teu coração e o coração de muitos jovens.
Rose, a mais jovem, ofereceu um testemunho verdadeiramente comovente. Soube tirar proveito do talento que Deus lhe deu através do desporto. Em vez de malbaratar as suas forças em situações adversas, empregou-as numa vida fecunda. Enquanto ouvia a tua história, vinha-me à mente a vida de tantos jovens que precisam de testemunhos como o teu. Gostaria de lembrar que todos podem descobrir esta condição maravilhosa de ser filhos de Deus e o privilégio de ser queridos e amados por Ele. Rose, de coração te agradeço pelos teus esforços e cuidados para animar outras meninas a regressar à escola e também pelas orações que rezas todos os dias pela paz no jovem Estado do Sudão do Sul que tanto precisa dela.
Depois de ter ouvido estes testemunhos corajosos, que nos fazem pensar na nossa vida e no modo como respondemos às situações de necessidade que existem ao nosso lado, quero agradecer a todos os governos que prestam assistência aos refugiados, aos deslocados e àqueles que pedem asilo, porque cada ação em favor destas pessoas que precisam de proteção constitui um grande gesto de solidariedade e reconhecimento da sua dignidade. Para nós, cristãos, é uma prioridade sair ao encontro dos descartados e marginalizados do nosso mundo, tornando palpável a ternura e o amor misericordioso de Deus, que não descarta ninguém, mas acolhe a todos.
Daqui a pouco ouviremos o testemunho do Bispo D. Antoine, que vive em Aleppo, cidade exausta pela guerra, onde se desprezam e espezinham até mesmo os direitos mais fundamentais. As notícias referem-nos diariamente o sofrimento indescritível causado pelo conflito sírio, que dura já há mais de cinco anos. No meio de tanta devastação, é verdadeiramente heroica a permanência lá de homens e mulheres para prestar assistência material e espiritual aos necessitados. E é admirável também que tu, querido irmão, continues a trabalhar no meio de tantos perigos para nos contares a dramática situação dos sírios. Cada um deles está presente no nosso coração e na nossa oração. Imploremos a graça da conversão dos corações de quantos têm a responsabilidade dos destinos daquela região.
Queridos irmãos e irmãs, não nos deixemos abater pelas adversidades. Que estas histórias nos estimulem e deem novo impulso para trabalharmos cada vez mais unidos. Quando voltarmos às nossas casas, levemos o compromisso de realizar cada dia um gesto de paz e reconciliação para sermos testemunhas corajosas e fiéis de esperança cristã.
Assista:
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                                                                                            Fonte: radiovaticana.va    news.va

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