Em sua
catequese, o Pontífice deu sequência à reflexão sobre as obras corporais de
misericórdia. Na semana passada, falou sobre dar de comer e de beber. Desta
vez, comentou outras duas: era estrangeiro e me hospedastes; estava nu e me
vestistes.
“A crise
econômica, os conflitos armados e as mudanças climáticas obrigam tantas pessoas
a emigrar. Todavia, as migrações não são um fenômeno novo, mas pertencem à
história da humanidade. É falta de memória histórica pensar que são
características dos nossos anos”, disse o Papa, citando como exemplo episódios
bíblicos, como o de Abraão, do povo de Israel e da própria família de Jesus. “A
história da humanidade é história de migrações: em todas as latitudes, não há
povo que não tenha conhecido o fenômeno migratório.”
Crise econômica
gera muros e barreiras
Hoje, lamentou o
Papa, o contexto de crise econômica favorece atitudes de fechamento e não de
acolhimento. Em algumas partes do mundo, surgem muros e barreiras. O instinto
egoísta ofusca o trabalho de quem se esforça em assistir os migrantes.
Mas o fechamento não é uma solução; pelo contrário, favorece os tráficos
criminosos. A única via de solução é a da solidariedade, à qual os cristãos são
chamados com particular urgência.
“É um
compromisso que envolve todo mundo, ninguém está excluído. As dioceses, as
paróquias, os institutos de vida consagrada, as associações e os movimentos são
chamados a acolher os irmãos e as irmãs que fogem da guerra, da fome, da
violência e de condições de vida desumanas. Todos juntos somos uma grande força
de amparo para quem perdeu a pátria, a família, o trabalho e a dignidade.”
A lição da
senhora com o migrante no táxi
O Papa então
contou aos fiéis um fato ocorrido poucos dias atrás, de um refugiado que
procurava o caminho para atravessar a Porta Santa. Uma senhora ofereceu ajuda e
parou um taxi para que acompanhasse o rapaz. No início, o taxista não queria
que o migrante entrasse no carro, pois estava descalço e cheirava mal. Ao final
acabou cedendo e, no caminho, ouviu a história de dor e sofrimento que o
refugiado contou à senhora. Esta, quando quis pagar a corrida, ouviu do taxista
que era ele quem deveria pagá-la, pois esta história havia mudado o seu
coração. Esta senhora conhecia a dor de um migrante, porque tinha sangue
armênio e conhecia o sofrimento do seu povo. “Pensem nessa história e pensem no
que podem fazer pelos refugiados.”
Vestir os nus é
restituir dignidade
Na sequência, o
Papa comentou a outra obra corporal de misericórdia: vestir os nus. “Do que se
trata senão restituir a dignidade a quem a perdeu?”, questionou o Pontífice.
“Pensemos também nas mulheres vítimas do tráfico lançadas nas ruas ou a outros,
demasiados modos de usar o corpo humano como mercadoria, até mesmo de crianças
e adolescentes. Do mesmo modo, não ter um trabalho, uma casa, um salário
justo, ou ser discriminado pela raça ou pela fé são todas formas de “nudez”
diante das quais, como cristãos, somos chamados a estar atentos e prontos à
ação.
E esta foi exortação
final de Francisco:
“Queridos irmãos
e irmãs, não caiamos na armadilha de nos fecharmos em nós mesmos, indiferentes
às necessidades dos irmãos e preocupados somente com os nossos interesses. É
precisamente na medida em que nos abrimos aos outros que a vida se torna
fecunda, as sociedades reconquistam a paz e as pessoas recuperam sua plena
dignidade. E não se esqueçam daquela senhora, daquele migrante e do taxista do
qual o migrante mudou a alma.” (BF)
Assista:
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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