Papa Francisco no Azerbaijão
Baku (RV) – O
Papa Francisco chegou à Baku, capital do Azerbaijão, na manhã deste domingo,
para cumprir a última etapa de sua 16ª Viagem Apostólica internacional.
Se na Geórgia a
visita teve um caráter mais ecumênico, no Azerbaijão, de onde o Papa partirá
ainda este domingo, a visita - que tem por lema "Somos todos irmãos"
- será marcada pelo diálogo inter-religioso.
O Airbus da
Alitália aterrissou no Aeroporto Internacional Guidar Alíev às 9h30min locais,
sendo o Pontífice recebido pelo Vice-Primeiro Ministro Yarub Eyubov. O Núncio
Apostólico no Azerbaijão Dom Marek Solczynski, também Núncio na Geórgia e
Armênia, estava no voo vindo de Tbilisi.
Papa foi recebido no Aeroporto
pelo Vice-Primeiro Ministro do Azerbaijão, Yarub Eyubov
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Houve uma breve
cerimônia de boas-vindas, somente com a apresentação da Guarda de Honra, sem
que fossem entoados hinos ou proferidos discursos.
Do Aeroporto,
Francisco seguiu para a Igreja da Imaculada, distante 23 km, para presidir uma
Santa Missa para centenas de fieis.
O Papa João
Paulo II já havia realizado uma breve viagem apostólica à cidade de Baku entre
22 e 23 de maio de 2002. O centro histórico da cidade está dentro de uma antiga
fortaleza, sendo declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco no ano 2000.
A realidade
católica no país é pequena: os católicos são 560, existe uma só paróquia, 7
sacerdotes religiosos, 10 religiosos, 5 religiosas professas, 1 seminarista
cursando teologia, 1 Instituto de educação e 1 de beneficência Foram 14 os
batizados no último ano. A pequena comunidade dos salesianos, que representa
todo o clero do país, é formada por seis sacerdotes, três Irmãos e um jovem
azero em formação para tornar-se diácono.
94,8% da
população de 9,5 milhões de habitantes é de religião muçulmana. Os cristãos
representam 3,5% da população, sendo a maioria ortodoxa.
Às 19 horas
deste domingo (horário local), o Papa retorna a Roma. (JE)
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Cardeal Tauran:
O diálogo é o caminho para a paz
Cidade do
Vaticano (RV) – A dimensão inter-religiosa marca fortemente a breve visita do
Papa ao Azerbaijão, onde a maioria da população é muçulmana, com pequenas
minorias cristãs-ortodoxas e judaicas.
“A fraternidade
invocada no lema da viagem de Francisco já é vivida em muitos aspectos pelos
líderes religiosos do país e servirá para relançar ao mundo de hoje uma
importante mensagem”, afirma o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Mesquita em Baku |
Cardeal Tauran: “Cada encontro é
um dom de Deus, Criador, Pai providente, Deus da paz. E esta viagem tem a
particularidade de ser, de qualquer maneira, a continuação da recente viagem à
Armênia. Sabemos das fortes tensões existentes entre os dois países. As
religiões e os seus líderes, assim como também os seus seguidores, têm uma
responsabilidade e uma missão especial pelo diálogo, a reconciliação e a paz”.
RV: Atualmente,
como está o diálogo entre judeus, cristãos e muçulmanos no Azerbaijão?
Cardeal Tauran: “As informações
que temos são positivas. Os líderes religiosos apareceram mais de uma vez
juntos, viajam juntos; vieram a Roma juntos. Por outro lado, o próprio governo
toma a iniciativa de promover o diálogo intercultural e inter-religioso.
Portanto, diria que é um ambiente favorável”.
RV: E isto acaba
tendo uma certa influência no país....
Cardeal Tauran: “Sim, sim! É um
país que é relativamente aberto ao externo”.
RV: Eminência,
hoje será a terceira vez que o Papa Francisco entrará em uma mesquita, ao lado
de um importante líder muçulmano. O senhor poderia nos dizer se existe algum
passo, se existe alguma mudança em andamento em relação ao mundo muçulmano?
Cardeal Tauran: “Não, coisas
novas não. Porém é importante, porque o Xeique muçulmano de confissão xiita,
tem também uma grande responsabilidade a nível regional e usufrui de um grande
respeito e simpatia. Os refugiados e os imigrantes, sem distinção de etnia e
religião, são acolhidos. Penso que seja importante encorajar esta orientação”.
RV: O que este
encontro em Baku entre o Papa e o Xeique poderá dizer ao mundo de hoje, com os
seus problemas, os seus questionamentos, sobretudo em relação ao terrorismo, à
desconfiança em relação ao outro, o ceticismo e a guerra conduzida em nome da
religião?
Cardeal Tauran: “Antes de tudo
penso que difundirá uma mensagem de paz e de fraternidade, em particular para o
Cáucaso onde não faltam tensões de fundo étnico e religioso. E depois, uma
outra mensagem para aquela região e para o mundo: o diálogo – e não a guerra –
é o caminho principal, o único digno de ser percorrido em direção à justiça e a
paz. O diálogo é conhecer-se, apreciar-se, saber escutar. Estas atenções às
pessoas no ordinário da vida são muito importantes, porque é lá que se cria uma
cultura da paz e que nasce a esperança”. (je/gc)
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Francisco:
Fé e serviço estão interligados
Baku (RV) – O
primeiro compromisso do Papa, em terras azerbaijanas, foi a solene celebração
Eucarística, na igreja da Imaculada Conceição, o primeiro templo católico de
Baku, inaugurado em 1912, no Centro dos Salesianos.
Hoje a pequena
Comunidade dos Salesianos representa todo o clero do Azerbaijão: 6 sacerdotes,
3 irmãos e um jovem autóctone em formação, prestes a se tornar Diácono. O
Centro Salesiano Maryam, dedicado a Nossa Senhora, é composto de um centro
educacional para crianças e adolescentes, e refeitório para pobres e
refugiados. Com os religiosos Salesianos, trabalham algumas Missionárias da
Caridade, muito ativas entre as pessoas idosas e mais necessitadas da capital
azerbaijana, e duas Filhas de Maria Auxiliadora.
“Permaneçam sempre unidos, vivendo humildemente na caridade e na alegria. O Senhor, que mantém a harmonia entre as diferenças, os protegerá" |
Assim, o Santo
Padre presidiu à celebração da Santa Missa na pequena igreja do Centro
Salesiano, que pode conter 300 pessoas.
Em sua homilia, Francisco apresentou, com base na liturgia do dia,
dois aspetos essenciais da vida cristã: a fé e o serviço. A propósito da fé, o
Papa aconselhou a fazer dois pedidos particulares ao Senhor:
“O primeiro é do
profeta Habacuc, que suplica a Deus para intervir e restabelecer a justiça e a
paz, que os homens romperam com as violências, lutas e contendas. Mas, Deus não
intervém e não resolve com a força a situação. Pelo contrário, convida a
aguardar com paciência, sem nunca perder a esperança e a fé”.
Deus não atende
a nossa vontade de mudar imediatamente o mundo e os outros, mas quer, antes de
tudo, transformar o coração. Ele muda o mundo, mudando os nossos corações,
mediante a nossa colaboração. Devemos abrir-lhe a porta do coração, para que
ele possa entrar na nossa vida. Trata-se de uma abertura de confiança e de fé.
E o Papa passou a explicar o segundo pedido que devemos fazer ao Senhor:
“O segundo
pedido é aquele que, no Evangelho, os Apóstolos dirigem ao Senhor: “Aumentai a
nossa fé!” É um bom pedido, uma súplica que deveríamos dirigir a Deus todos os
dias. Mas a resposta divina é surpreendente: “Se tiverem fé...”. Ele nos pede
para ter fé, porque a fé é um dom de Deus e deve sempre ser pedida e cultivada
por nós”.
Mas a fé,
afirmou Francisco, não é uma força mágica que cai do céu, não é um ‘dote’
pessoal para sempre, tampouco um superpoder para resolver os nossos problemas.
A fé não deve ser confundida com bem-estar, como consolação para termos paz no
coração. A fé é o fio de ouro que nos liga ao Senhor, a pura alegria de estar
unido a Ele. Ao poder da fé, o Senhor acrescenta o poder do serviço. Fé e
serviço estão interligados.
Para explicar
esta interligação, o Pontífice utilizou a imagem que é muito familiar para os
azerbaijanos: os tapetes. “Os seus tapetes, comparou o Papa, são verdadeiras
obras de arte, provenientes de uma antiga tradição”.
Assim acontece
com a vida cristã, que vem de longe, disse Francisco: é um dom que recebemos na
Igreja e provém do coração de Deus, que deseja fazer de cada um de nós “uma
obra-prima” da criação e da história. A vida cristã, como acontece com o
tapete, tem que ser pacientemente tecida, a cada dia, entrelaçando a fé e o
serviço. Assim, a fé causa maravilhas, sempre unida ao serviço. E o Papa
perguntou: Mas que é o serviço? E respondeu:
“Poderíamos
pensar que (o serviço) consiste apenas em ser fiéis aos nossos deveres ou em
praticar uma boa ação. Mas, para Jesus, é muito mais: é disponibilidade total
em nossa vida. Ele nos deu o exemplo vindo ao mundo para servir e dar a sua
vida. Isto se realiza ainda hoje quando celebramos a Eucaristia, mediante a
qual o Senhor está entre nós para servir e amar”.
Portanto, frisou
o Papa, não somos chamados a servir apenas para sermos recompensados, mas para
imitar Deus, que se fez servo por amor. Logo, o serviço se torna estilo de vida
cristã: devemos servir a Deus na adoração e na oração, sendo abertos e
disponíveis, amando o próximo e trabalhando com ardor pelo bem comum. Após ter
apresentado duas tentações da vida cristã, tepidez e senhoria, Francisco animou
o pequeno rebanho azerbaijano:
Estou certo,
porém, de que, fixando seus olhos nos exemplos daqueles que lhes precederam na
fé, não deixarão entibiar seu coração. Toda a Igreja, que nutre uma simpatia
especial por vocês, os encoraja. Vocês são um pequeno rebanho, mas muito
precioso aos olhos de Deus”.
Por fim,
retomando a imagem do “tapete”, o Santo Padre a aplicou à pequena comunidade
católica azerbaijana: cada um é como um esplêndido fio de seda, que, unidos e
entrelaçados, criam uma linda composição. E os exortou:
“Permaneçam
sempre unidos, vivendo humildemente na caridade e na alegria. O Senhor, que
mantém a harmonia entre as diferenças, os protegerá. Por intercessão da
Imaculada Conceição e de Santa Teresa de Calcutá, cujos frutos de fé e serviço
estão presentes no meio de vocês, acolham as palavras, que resumem a mensagem
de hoje: “O fruto da fé é o amor. O fruto do amor é o serviço. O fruto do
serviço é a paz”. (MT)
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O Papa concluiu o Angelus, invocando a intercessão e a proteção da Santíssima Mãe de Deus “para as vossas famílias, os doentes e os idosos, para quantos sofrem no corpo e no espírito”. (JE)
Papa no Angelus:
Depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas
Baku (RV) – Ao concluir a celebração eucarística na Igreja da Imaculada, em Baku, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus com os presentes. “Nesta Celebração Eucarística, dei graças a Deus convosco, mas também por vós: aqui, depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas”, afirmou.
"Os tantos cristãos corajosos que
tiveram confiança no Senhor e mantiveram-se fiéis nas adversidades”
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“Os tantos cristãos corajosos que tiveram confiança no Senhor e mantiveram-se fiéis nas adversidades”, foram recordados pelo Santo Padre, que citando um pronunciamento de João Paulo II quando de sua visita ao país em 2002 disse: «Honra… a vós que credes!».
O Papa então dirigiu seus pensamentos à Virgem Maria, “venerada no país, não somente pelos cristãos”:
“Na luz que resplandece do rosto materno de Maria, dirijo uma cordial saudação a vós, queridos fiéis do Azerbaijão, encorajando cada um a testemunhar com alegria a fé, a esperança e a caridade, unidos entre vós mesmos e com os vossos pastores. Saúdo e agradeço, em particular, à Família Salesiana, que cuida intensamente de vós e promove várias obras beneméritas, e às Irmãs Missionárias da Caridade: continuai com entusiasmo a vossa obra ao serviço de todos!”.
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No encontro com as Autoridades,
Papa almeja nova fase de paz estável
Baku (RV) – Na
parte da tarde deste domingo (02/10), o Santo Padre iniciou suas atividades em
terras azerbaijanas, com uma visita de cortesia ao Presidente do país, Ilham
Heydar Aliyev, no Palácio Presidencial de Ganjlik, em Baku.
Ao término da
cerimônia de boas vindas, o Papa fez uma visita ao Monumento dos que tombaram
na guerra da Independência do Azerbaijão.
A seguir,
Francisco se dirigiu de papamóvel ao Centro Heydar Aliyev, de Baku, dedicado ao
pai do atual Presidente, onde manteve um encontro com as Autoridades
azerbaijanas.
Em seu discurso, ao agradecer as cordiais saudações do Presidente,
em nome do seu Governo e de todo o povo, Francisco disse:
Papa encontra as Autoridades do Azerbaijão,
no Centro Heydar Aliyev de Baku
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“Cheguei a este
país trazendo no coração a admiração pela complexidade e a riqueza da sua
cultura, fruto da contribuição dos muitos povos que, ao longo da história,
habitaram nestas terras, dando vida a um tecido de experiências, valores e
peculiaridades, que caracterizam a sociedade atual”.
No próximo dia
18 de outubro, disse o Papa, o Azerbaijão celebrará o 25° aniversário de
independência. Esta ocasião dá a possibilidade de lançar um olhar de conjunto
aos acontecimentos destas décadas, aos progressos realizados e aos problemas
que o país está enfrentando.
O caminho
percorrido até agora mostra claramente os esforços consideráveis feitos para
consolidar as instituições e favorecer o crescimento econômico e civil da
nação. É um percurso que requer constante solicitude de todos, especialmente
dos mais vulneráveis.
Trata-se de um
percurso possível, afirmou Francisco, graças a uma sociedade que reconhece os
benefícios do multiculturalismo e instaura relações de mútua colaboração e
respeito entre as várias comunidades civis e religiosas. E auspiciou:
“Espero
vivamente que o Azerbaijão continue a trilhar o caminho da colaboração entre
diferentes culturas e confissões religiosas. Que a harmonia e a coexistência
pacífica alimentem sempre mais a vida social e civil do país, nas suas
múltiplas expressões, e assegurem a todos a possibilidade de oferecer a própria
contribuição para o bem comum”.
Infelizmente,
recordou o Pontífice, o mundo sofre pelo drama de tantos conflitos, alimentados
pela intolerância, promovidos por ideologias violentas e pela negação prática
dos direitos dos mais frágeis. Por isso, é preciso fomentar a cultura da paz,
que se nutre de um incessante diálogo e negociações leais; promover a harmonia
entre os Estados, mediante sabedoria e a coragem, que leva ao progresso e à
liberdade dos povos e aponta acordos duradouros e pacíficos. E o Papa fez seu
apelo:
“Quero expressar
a minha atenciosa proximidade aos que foram obrigados a deixar a sua terra e
aos que sofrem pelos conflitos sangrentos. Espero que a comunidade
internacional possa oferecer a sua ajuda indispensável para a abertura de uma
nova fase de paz estável na região; dirijo a todos o convite a não poupar
esforços para se chegar a uma solução pacífica”.
O Santo Padre
exprimiu sua esperança de que o Cáucaso possa ser o lugar, onde as
controvérsias e as divergências encontrem, através do diálogo e da negociação,
sua recomposição e superação das dificuldades, e seja uma verdadeira porta
aberta entre o Oriente e o Ocidente, como também para a paz e a solução de
conflitos novos e antigos. E o Papa acrescentou:
“A Igreja
Católica, apesar de ser uma presença numericamente exígua no país, está integrada
na vida civil e social do Azerbaijão, participa das suas alegrias e é solidária
na solução dos seus problemas. Além disso, seu reconhecimento jurídico
internacional ofereceu uma maior estabilidade para a vida da comunidade
católica no país”.
Francisco
concluiu seu pronunciamento exprimindo sua satisfação pelas cordiais relações
entre a comunidade católica e a muçulmana, a ortodoxa e a judaica, esperando
que aumentem os sinais de amizade e colaboração. Estas boas relações são de
grande importância para a convivência pacífica e a paz no mundo e a cooperação
para o bem de todos. Por fim, o Papa admoestou:
“O apego aos
genuínos valores religiosos é completamente incompatível com a tentativa de
impor aos outros, pela violência, as próprias convicções, servindo-se, como
escudo, do santo Nome de Deus. Que a fé em Deus seja fonte e inspiração de
compreensão mútua, respeito e ajuda recíproca em prol do bem comum da
sociedade. Deus abençoe o Azerbaijão com a harmonia, a paz e a prosperidade”.
(MT)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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