sexta-feira, 20 de maio de 2016

Papa na missa desta sexta-feira:

"Compreender os pecadores e nunca negociar a verdade"

Cidade do Vaticano (RV) – Manifestar a verdade de Deus não deve se desassociar da compreensão das fraquezas humanas. É o que Jesus ensina no Evangelho e que o Papa ressaltou, comentando, na Missa na Casa Santa Marta, esta sexta (20/05) o trecho evangélico em que Jesus fala com os fariseus sobre o adultério. Francisco afirmou que Cristo supera a visão humana que reduz a visão de Deus a uma ‘equação casuística’.
O Evangelho é repleto de ‘ciladas’, como quando os fariseus e os doutores da lei tentam enganar Jesus, fazendo-o cair em contradição, ameaçando a sua autoridade e a confiança de que goza entre o povo. Uma das ‘emboscadas’ contidas no Evangelho do dia fala dos fariseus que perguntam a Jesus se é lícito repudiar a própria esposa.
Verdade, e não casuística
O Papa Francisco a definiu ‘a cilada da casuística’, montada por um ‘pequeno grupo de teólogos iluminados’ convencidos de possuir toda a ciência e a sabedoria do povo de Deus. Um risco do qual Jesus escapa indo ‘além’, indo até ‘a plenitude do matrimônio’.
Tenhamos o coração aberto à compreensão
E já o havia feito no passado com os saduceus, em relação à mulher que tinha tido sete maridos, mas que na ressurreição não será esposa de nenhum, porque no céu não se tem ‘mulher nem marido’.
Naquele caso Cristo, observou o Papa, se referiu à ‘plenitude escatológica’ do matrimônio. Com os fariseus, ao contrário, ‘vai à plenitude da harmonia da criação’. ‘Deus os criou homem e mulher, os dois serão uma só carne’.
“Não são mais dois, mas uma só carne. Assim, ‘o homem não divida o que Deus uniu. Seja no caso do levirato, seja neste, Jesus responde da verdade esmagadora, da verdade contundente – esta é a verdade! – da plenitude sempre! E Jesus nunca negocia a verdade. E estes, este pequeno grupo de teólogos iluminados, negociavam sempre a verdade, reduzindo-a à casuística. Jesus não negocia a verdade e esta é a verdade sobre o matrimônio, não existe outra”.
Verdade e compreensão
“Mas Jesus – prossegue Francisco – é tão misericordioso, tão grande, que jamais, jamais, fecha a porta aos pecadores. Por isso, não se limita a expressar a verdade de Deus, mas pergunta também aos fariseus o que Moisés estabeleceu na lei. E quando os fariseus lhe repetem que contra o adultério é lícito escrever ‘um ato de repúdio’, Cristo replica que aquela norma foi escrita ‘para a dureza do seu coração’. Ou seja, explicou o Papa, Jesus distingue sempre entre a verdade e a fraqueza humana, sem rodeios”.
“Neste mundo em que vivemos, com esta cultura do provisório, a realidade do pecado é muito forte, mas Jesus, recordando Moisés, nos diz: ‘Se há dureza do coração, se há pecado, algo se pode fazer: o perdão, a compreensão, o acompanhamento, a integração, o discernimento destes casos... Mas a verdade não se pode vender nunca! E Jesus é capaz de dizer esta verdade tão grande e, ao mesmo tempo, ser tão compreensivo com os pecadores, com os fracos”.
Perdoar não é uma equação
Assim, sublinhou Francisco, estas são as duas coisas que Jesus nos ensina: a verdade e a compreensão, o que os ‘teólogos iluminados’ não conseguem fazer porque estão fechados na cilada da ‘equação matemática ‘pode?’ ou ‘não pode?’ e, portanto, são incapazes de horizontes maiores e de amar a fraqueza humana.
É suficiente ver – concluiu o Papa – a delicadeza com a qual Jesus trata a adultera quando está para ser lapidada. ‘Eu também não te condeno; vai e de agora em diante, não peque mais’.
“Que Jesus nos ensine a ter, com o coração, uma grande adesão à verdade e também com o coração, uma grande compreensão e acompanhamento a todos os nossos irmãos que estão com dificuldades. E este é um dom, isto o ensina o Espírito Santo, não estes doutores iluminados, que para nos ensinar, precisam reduzir a plenitude de Deus a uma equação casuística. Que o Senhor nos dê esta graça”. (CM)
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Papa aos jogadores do Milan e Juve:
Sejam campeões na vida

O Papa recebeu no final desta manhã de sexta-feira, (20/5), na Sala Clementina, os Dirigentes da Liga Nacional Profissional de Primeira Divisão italiana e os jogadores de futebol da Juventus e do Milan.
Ao cumprimentar os jogadores, que vieram a Roma para a final da Copa Itália sábado, (21/5), no Estádio Olímpico, o Papa disse:
“A sua presença aqui me oferece a oportunidade de expressar o meu apreço pelas capacidades profissionais e as belas tradições que distinguem as suas sociedades esportivas e o ambiente do futebol em geral. Penso aos tantos torcedores, especialmente jovens, que os seguem com simpatia. Portanto, vocês são convidados a manifestar suas qualidades humanas de atletas, que testemunham os autênticos valores do esporte”.
Virtudes humanas
O sucesso de um time, explicou Francisco, é resultado de uma multiplicidade de virtudes humanas: harmonia, lealdade, capacidade de amizade e de diálogo, solidariedade. Trata-se de valores espirituais que se tornam valores esportivos.
Garoto joga bola na República Democrática do Congo
Exercendo estas qualidades morais, os jogadores fazem ressaltar ainda mais a verdadeira finalidade do mundo do esporte, marcado, às vezes, por fenômenos negativos. E o Papa acrescentou:
“Trata-se simplesmente de demonstrar que cada um de vocês, antes de ser jogadores, é pessoa, com suas qualidades e limitações. Mas, sobretudo, com sua consciência que, espero, seja sempre iluminada também pela relação com Deus. Logo, que nunca falte entre vocês o sentido de fraternidade, o respeito mútuo, a compreensão e o perdão”.
Mensagem positiva
Ao concluir sua saudação aos jogadores italianos, o Pontífice recordou que “o homem deve estar sempre em harmonia com o atleta” e lhes deixou sua exortação final:
“Sejam campeões no esporte, mas, sobretudo, campeões na vida! Ressaltem sempre o que há de verdadeiramente bom e belo mediante o testemunho dos valores que devem caracterizar o autêntico esporte. Não tenham medo de fazer conhecer, com serenidade e equilíbrio, aos seus tantos admiradores os princípios morais e religiosos, que inspiram as suas vidas”.
Neste sentido, Francisco reconheceu os esforços que a Liga da Primeira Divisão tem feito para que o futebol possa constituir uma mensagem positiva para toda a sociedade. (MT)
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Necessário "sim" da Santa Sé
para institutos diocesanos de vida consagrada

Para que a criação de um Instituto diocesano de vida consagrada seja válida será necessário, a partir de 1º de junho próximo, a consulta prévia à Santa Sé, resultando na “pena de nulidade do decreto de criação do próprio Instituto” se o mesmo não tiver sido precedido da referida consulta.
Foi o que estabeleceu o Papa num Reescrito, assinado pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, seguindo o parecer do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos.
Francisco com religiosos
A decisão deriva da consciência de que “todo novo Instituto de vida consagrada, mesmo se adquire presença e se desenvolve no seio de uma Igreja particular, é um dom feito a toda a Igreja”, e da necessidade, indicada pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, “de evitar que sejam criados a nível diocesano novos Institutos sem o suficiente discernimento que verifique a originalidade de seu carisma, que defina os traços específicos que a consagração terá nela mediante a profissão dos conselhos evangélicos e que identifique suas reais possibilidades de desenvolvimento”, lê-se no Reescrito.
A esse propósito, eis o que disse o secretário do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Dom Juan Ignacio Arrieta, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom Juan Ignacio Arrieta:- “O Papa precisou um cânone do Código de Direito Canônico, o cânone 579, que reconhece que todos os bispos podem, na própria diocese, erigir institutos de vida consagrada ou sociedades de vida apostólica. Agora, o bispo, para erigi-los, segundo o Código, deve consultar previamente a Santa Sé. O Papa com este Reescrito diz que esta consulta é preceptiva, é obrigatória, e que se a Santa Sé não for consultada, a ereção de um instituto diocesano é nula, é inválida. A única novidade, portanto, é estabelecê-lo com clareza, inclusive de modo rápido. Daí, o Reescrito e não outras formas. Com esse procedimento rápido o Papa indicou que essa consulta serve para a validez.” (RL)
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