Construir pontes e não atalhos
Diante de todos
os fatos que fazem história em nosso país, e fazem toda a nação permanecer
perplexa sem saber o que vai acontecer, nasce em todos nós um sentimentos de
insegurança e instabilidade que não contribui em nada. Por outro lado não dá
pra ficar em cima do muro esperando acontecer, é preciso agir, buscar, fazer a
nossa parte e acreditar que pessoas mudam e mudanças são necessárias.
A nossa
confiança vem do Senhor: “Colocai em mim todas as vossas preocupações” (Mt
11,28); porém em tempos difíceis, sempre esperamos tempos melhores. A Palavra
de Deus nos alerta: Maldito o homem que confia no homem” (Jer 17,5). Como diz o
dito popular: “Confie sempre, mas com um pé atrás”.
O respeito e o amor constroem pontes de entendimento |
Desejo
precisamente que o diálogo entre nós ajude a construir pontes entre todos os
homens, de tal modo que cada um possa encontrar no outro, não um inimigo nem um
concorrente, mas um irmão que se deve acolher e abraçar. Neste trabalho, é
fundamental também o papel da religião.
Com efeito, não
se podem construir pontes entre os homens, esquecendo Deus; e vice-versa: não
se podem viver verdadeiras ligações com Deus, ignorando os outros.
Por isso, é
importante intensificar o diálogo entre as diversas religiões, para que jamais
prevaleçam as diferenças que separam e ferem, mas, embora na diversidade,
triunfe o desejo de construir verdadeiros laços de amizade entre todos os
povos”.
Esse é o maior
desafio de toda sociedade, das igrejas, das religiões. É inconcebível para os
tempos modernos, viver de concorrência na política, na Igreja, entre as
religiões.
Em nenhum setor
da convivência humana deve existir o maior, o mais perfeito, o mais importante,
o salvador da pátria. Deve primar sempre para ser o melhor, fazer o melhor,
buscar o melhor para o bem de todos, onde todos tenham o direto de ser e se
manifestar, sem concorrência ou privilégios.
Na medida em que
cada um busca a própria satisfação e a salvação dos seus interesses pessoais, a
coletividade sai perdendo. “De que adiante ganhar o mundo inteiro e vier perder
a sua alma? (Mc. 8,36).
A maior
satisfação é ver a felicidade reinar em todos os corações, onde as necessidades
são atendidas e trazem um sentimento de realização pessoal. Por isso toda a
liderança está sempre dirigida para a construção do bem comum, sendo o melhor,
o mais competente, o mais justo, o mais leal, o mais ético, o mais digno da
autoridade que lhe foi confiada.
São tempos
difíceis, são tempos para construir pontes, estabelecer laços de igualdade, de
viver as diferenças como caminho de encontro, buscando o que nos une e nunca o
que nos divide.
A religião tem
um papel fundamental nesta nebulosidade política e social, pois precisamos
re-ligar a nossa limitada condição humana, com o Pai Deus que nos fez à Sua
imagem e semelhança, encontrando nesta relação o sentido verdadeiro do nosso
peregrinar terrestre. Sem essa relação com Deus, nos tornamos estéreis,
perderemos os valores éticos e morais, a vida não tem sentido, tudo não passa
de um sonho. Vamos construir pontes e não atalhos.
Dom Anuar
Battisti - Arcebispo de Maringá (PR)
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração: paroquiasaofranciscoxavier.org.br
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