A família e seus desafios
“A alegria do
amor” que caracteriza a família, segundo o Papa Francisco, em sua recente
Exortação Apostólica “sobre o amor na família”, não existe de maneira plena e
não pode ser idealizado. As famílias, como a Sagrada Família de Nazaré,
enfrentam, hoje, muitos desafios. “Cada família tem diante de si o ícone da
família de Nazaré, com o seu dia a dia feito de fadigas e pesadelos. [...] Como
Maria, as famílias são exortadas e viver, com coragem e serenidade, os desafios
familiares tristes e entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as
maravilhas de Deus.” (Amoris Laetitia, 30).
Francisco tem amor todo especial pela Família |
Esta lógica
individualista não promove a alegria do convívio e não educa para o amor e a
doação de si (cf. AL 39). A “cultura do provisório” invade também as relações
familiares. Com rapidez troca-se de uma relação afetiva para outra. Tudo é
medido a partir de si mesmo, dos gostos e desejos pessoais. “Transpõe-se para
as relações afetivas o que acontece com os objetos e o meio ambiente: tudo é
descartável, cada um usa e joga fora, gasta e rompe, aproveita e espreme
enquanto serve; depois, adeus.” (AL 39). Neste contexto, torna-se difícil o
amor com as características da doação e da gratuidade.
Dentre outros
tantos desafios apresentados pelo Santo Padre estão: tendências culturais que
apresentam uma afetividade sem qualquer limite, criando pessoas imaturas; o
enfraquecimento da fé e da prática religiosa, que deixa as famílias sem apoio
em suas dificuldades; a falta de casa para morar e formalizar uma relação;
filhos nascidos fora do matrimônio ou que crescem com um único progenitor;
famílias que são forçadas a migrar; famílias que vivem na miséria; a
toxicodependência, que faz sofrer muitas famílias (cf. AL 41-51). Outro
desafio, que ataca diretamente a família, é a chamada “ideologia do gênero”,
que “nega a diferença e a reciprocidade natural de homem e mulher” (AL 56),
esvaziando a base antropológica da família.
Porém, “como
cristãos, não podemos renunciar a propor o matrimônio, para não contradizer a
sensibilidade atual, para estar na moda, ou por sentimentos de inferioridade
face ao descalabro moral e humano”. (AL 35). Apresentar o matrimônio de tal
modo que seja “um reflexo claro da pregação e das atitudes de Jesus, o qual, ao
mesmo tempo em que propunha um ideal exigente, não perdia jamais a proximidade
compassiva às pessoas frágeis como a samaritana ou a mulher adultera”. (AL 38).
O Papa sugere que o matrimônio seja apresentado “mais como um caminho dinâmico
de crescimento e realização do que como um fardo a carregar a vida inteira”.
(AL 37). Nossas comunidades e paróquias devem oferecer “espaços de apoio e
aconselhamento sobre questões relacionadas com o crescimento do amor, a
superação dos conflitos e a educação dos filhos”. (AL 38).
Dom Adelar Baruffi - Bispo de Cruz Alta
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Fonte: cnbb.org.br Foto: radiovaticana.va
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