Cristãos trabalhem pela unidade, fofocas dividem
Cidade do
Vaticano (RV) - Jesus, antes da Paixão, reza pela “unidade dos fiéis, das
comunidades cristãs” para que sejam uma só coisa como Ele e o Pai, a fim de que
o mundo creia”. Com estas palavras do Evangelho do dia, o Papa Francisco
iniciou a homilia da missa celebrada nesta quinta-feira, (12/05), na Casa Santa
Marta.
Rezemos pela unidade dos cristãos |
Onde “os
cristãos incitam guerra entre eles”, afirma o Papa Francisco, ali “não há
testemunho”:
Pedir perdão
“Devemos pedir
perdão ao Senhor por esta história! Uma história muitas vezes de divisões, não
somente no passado, mas também hoje! O mundo vê que estamos divididos e diz:
‘Mas que entrem num acordo, depois vamos ver. Jesus ressuscitou e está vivo e
estes seus discípulos não estão de acordo? Uma vez, um cristão católico disse a
outro cristão do Oriente, também católico: ‘O meu Cristo ressuscita depois de
amanhã. E o seu quando ressuscita?’ Não somos unidos nem mesmo na Páscoa! Isso
no mundo inteiro, e o mundo não crê”.
“Foi a inveja do
diabo”, explicou o Papa, que fez entrar o pecado no mundo”: assim, também nas
comunidades cristãs “é quase habitual” que haja egoísmo, ciúmes, invejas e
divisões. Isto leva a falar mal um do outro. Falamos muito mal dos outros! Na
Argentina, estas pessoas são chamadas de fofoqueiras: semeiam discórdia,
dividem. E ali as divisões começam com a língua, por causa da inveja, ciúmes e
também fechamento!
"Moder a
língua"
A língua é capaz
de destruir uma família, uma comunidade, uma sociedade. É capaz de semear ódio
e guerras”, disse o Papa. Ao invés de procurar esclarecer, “é mais cômodo falar
mal” e destruir “a fama do outro”. O Papa citou a anedota conhecida de São
Filipe Neri que, a uma mulher que tinha falado mal, deu como
penitência depenar uma galinha e espalhar suas penas pelo bairro para
depois recolhê-las. “Mas não é possível!”, exclamou a mulher. Assim, é o falar
mal:
“O falar mal é
assim: suja o outro. Aquele que fala mal, suja! Destrói! Destrói a fama,
destrói a vida e muitas vezes, várias vezes!, sem motivo contra a verdade.
Jesus rezou por nós, por todos nós que estamos aqui e por nossas comunidades,
por nossas paróquias, por nossas dioceses: ‘Que sejam um’.
Peçamos ao
Senhor que nos dê a graça, pois a força do diabo, do pecado que nos impulsiona
a criar desunião, é muito grande. Que Ele nos dê a graça, que nos dê o dom.
Qual é o dom que faz a unidade? O Espírito Santo! Que Ele nos dê este dom que
cria harmonia, porque Ele é a harmonia, a alegria em nossas comunidades. Que
Ele nos dê a paz, porém com a unidade. Peçamos a graça da unidade para todos os
cristãos, a grande graça e a pequena graça de todos os dias para as nossas
comunidades, as nossas famílias, e a graça de morder a língua!” (MJ)
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Papa não descarta Comissão para estudar diaconato feminino
Uma Comissão que estude a questão do diaconato às mulheres e
mais clareza sobre os motivos pelos quais as consagradas não podem proferir a
homilia durante a Missa.
São duas das
muitas e delicadas questões que o Papa respondeu ao receber em audiência as
religiosas da União das Superioras maiores (Uisg) na manhã desta quinta-feira,
(12/05), na Sala Paulo VI.
As mulheres são fundamentais à Igreja |
No longo diálogo
improvisado, o Papa convidou todas as consagradas a evitar os riscos do
“feminismo” e da “servidão” na Igreja, ao invés do “serviço”.
Não é de hoje
que o Magistério do Papa Francisco celebra o “gênio feminino” na Igreja. E elas
pedem ao Papa para ter mais expressão. Foram diversas as perguntas, divididas
em quatro partes: concretas, diretas, no estilo de Francisco. Questões que as
consagradas do mundo inteiro advertem ser urgentes e para as quais pedem
respostas claras.
Primeira
pergunta: a presença das mulheres nos processos decisórios da Igreja. Francisco
concorda com um aumento das responsabilidades em vários níveis por parte de
personalidades femininas, sim, mas nos casos em que a jurisdição não esteja
ligada à ordem sacra. Isto por que – destaca – o olhar de uma mulher pode
contribuir para o enriquecimento de uma decisão: seja na fase de elaboração,
seja na de execução.
Diaconato
permanente às mulheres
Ao destacar que
elas já são protagonistas no serviço aos pobres e doentes, na catequese e em
muitos outros ministérios eclesiais, as consagradas apresentam a questão da
abertura do diaconato permanente às mulheres, com referência à Igreja
primitiva.
O Papa recordou
que o antigo papel das diaconisas ainda hoje não é muito claro, e se disse
disponível a criar uma Comissão para estudar a questão.
Mulheres e
homilia
As religiosas
também perguntaram ao Papa sobre a possibilidade de proferir a homilia durante
a Missa. O Papa distinguiu entre a pregação durante uma Liturgia da Palavra –
que pode ser feita sem dificuldade por uma mulher, consagrada ou leiga – da
Liturgia eucarística, na qual a homilia é ligada à presidência da celebração,
que é própria do sacerdote.
Além disso,
Francisco exorta a vigiar diante de duas tentações: aquela do feminismo –
porque a mulher vive na Igreja com a alta dignidade que vem do Batismo – e
aquela, por tantas vezes estigmatizada pelo clericalismo, que se percebe quando
os sacerdotes pretendem guiar sozinhos as próprias paróquias, sem estimular a
sinodalidade e a colaboração, respaldados por leigos que, por comodidade,
deixam-se “clericalizar”.
Presença onde
for decidido
Ao falar de uma
melhor inserção das consagradas na vida da Igreja, o Papa auspicia que estejam
presentes nas assembleias do dicastério dos religiosos e nas assembleias em que
se debatem questões pertinentes a elas.
Serviço não
servidão
Francisco
apreciou ainda a maternidade que as religiosas e as consagradas exprimem no
cuidado das várias formas de marginalização.
O Papa também
critica a distorção a que, em alguns casos, é submetido o serviço realizado
pelas irmãs. Como, por exemplo, quando a presença delas é dedicada à cura não
das almas, mas exclusivamente ao serviço servil de uma canônica.
O Código pode
ser mudado
Em uma nova
parte, as perguntas colocaram em destaque o trabalho de reforma em curso em
muitas Congregações e Institutos e de possíveis dificuldades de natureza
canônica. O Papa se disse inclinado à possibilidade de promover pequenas
mudanças na lei da Igreja, desde que – fez questão de afirmar – isso seja
sempre o resultado de um discernimento profundo por parte das autoridades
competentes.
O difícil “para
sempre”
Uma pergunta
colocou em pratos limpos o sentido do provisório que acomete muitos jovens
diante de um compromisso para a vida. Francisco concordou, indicando o que
afirmara na Exortação Amoris Laetitia e dando mais uma vez destaque
ao problema da fraca preparação dos noivos ao matrimônio. Sobre a vida
consagrada, o Papa recordou o exemplo de São Vicente de Paulo que, para um
determinado serviço, preferiu o caminho dos votos temporários.
Carisma,
dinheiro e pobreza
Severas as
palavras com as quais Francisco se deteve sobre aquela espécie de “mercado”
que, às vezes, se vê em ocasião do pedido de contribuição para a administração
dos Sacramentos. O Papa solicitou à vida religiosa que custodie os valores da
pobreza, que protege dos erros e derivas dos carismas, mesmo não subestimando a
necessidade de cuidar bem da administração dos bens.
Místicas não
quer dizer “múmias”
Uma das últimas
perguntas se concentrou sobre o rótulo de “ativistas sociais” atribuído a tantas
religiosas enquanto realizam seu serviço entre os mais pobres. Certamente, cada
consagrada – afirmou o Papa – deve ter uma vida mística, mas isso não
quer dizer ser uma “múmia”. Se o carisma pede serviço, é preciso fazê-lo,
apesar do risco das más línguas e das calúnias.
Repouso
Por fim, o Papa
convidou as consagradas a dar o justo espaço ao repouso e a não deixar de
consultar as irmãs idosas ou aquelas doentes: com a sua experiência e
sabedoria, elas são a memória do Instituto. (rb)
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Fonte: radiovaticana.va
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