no trabalho, não
cedam aos pedidos que humilham
Na mensagem dirigida aos participantes da
terceira edição do “LaborDì”, promovida pela ACLI de Roma, o Papa exorta as
novas gerações a não cederem a contextos profissionais “poluídos”, onde é
normal "fazer qualquer coisa" apenas para obter "prestígio social"
ou "dinheiro". O "desempenho" frio das máquinas sempre será
acompanhado pela criatividade e pela "imaginação" humanas.
Papa Francisco na vigília com os jovens durante sua viagem apostólica à Bélgica (VATICAN MEDIA Divisione Foto) |
Um convite a não ceder aos pedidos que
"humilham", que muitas vezes é preciso fazer "para se sair bem",
abrindo caminho num contexto, o do mundo do trabalho, "poluído" por
modelos difíceis de aceitar. Modelos em que o prestígio social e o dinheiro
parecem ser os únicos objetivos. Ambientes em que o "desempenho" das
máquinas "não é tudo", e onde é fundamental apoiar "a fantasia
pela qual Deus nos fez todos diferentes".
Sair das "tocas", somos feitos
"para o ar livre"
“Somos ‘peças únicas’, ajudemo-nos uns aos
outros a recordar isto”, é a exortação que o Papa Francisco fez aos
participantes da terceira edição do “LaborDì”, o projeto que visa “promover e
colocar o trabalho digno de volta no centro, "promovido pelas Associações
Cristãs de Trabalhadores Italianos (ACLI) de Roma.
“Talvez o trabalho tenha aparecido para
vocês até agora como um problema dos adultos. Como bispo idoso de Roma,
gostaria de lhes dizer: não é assim!”, explicou Francisco, destacando o
compromisso e a energia necessários para o crescimento do novas gerações. Cada
um pode “ter desperdiçado boas oportunidades”, mas nunca deve se cansar de sair
de suas “tocas”: aqueles refúgios construídos quando surgem “confusões e
ameaças”.
Mas, na realidade, fomos feitos para a luz,
para o ar livre. Assim, depois de passar pela adolescência, o cenário do mundo
se abre diante de vocês. Pode parecer cheio e distraído quando vocês chegam; e,
no entanto, ainda falta a contribuição de vocês, daquilo que sempre vocês
esperam. Com vocês – e gostaria de dizer a cada um: com você – o novo entra no
mundo. Tudo, realmente tudo pode mudar.
Uma "revolução suave" baseada nas
relações e unicidade
A partir do “grito da Terra” e do seu
“modelo errado de desenvolvimento”, o Papa reflete sobre a interligação
presente entre cada ser humano citada na Encíclica Laudato si’. O mundo do
trabalho também é “humano”, embora por vezes contaminado “por dinâmicas e
comportamentos negativos que por vezes o tornam inabitável”. Nos ambientes
profissionais são precisamente os “nossos laços” que contam mais do que os
“números e desempenhos”. Cultivá-los, unindo-os à “consciência” da própria “unicidade,
que independe de qualquer sucesso ou fracasso”, pode desencadear uma “revolução
suave”.
O coração, “lugar de decisões”, onde
“surgem os sonhos”
O Papa recorda a imagem do canteiro de
obras, proposta durante a segunda edição do LaborDì, também familiar para os
trabalhos em vista do Jubileu. Este ano, porém, ele nos convida a refletir
sobre o coração. Ele, presente “também nas mensagens que vocês trocam todos os
dias”, é na Bíblia “o lugar das decisões”, onde “nascem as aspirações”, “surgem
os sonhos”, “sente-se a resistência” e “a preguiça se insinua”.
Vocês conhecem seu coração: guarde-o! Às
vezes ele pode ser assustador e podemos fingir que não o sentimos, mas ele
continua sendo nosso, inviolável. Sempre podemos voltar a ele. E lá, se vocês
tiverem o dom da fé, saberão que Deus espera por vocês com infinita paciência.
O “sopro no pescoço” que causa solidão e
resignação
O Papa denuncia a velocidade muitas vezes
opressiva que caracteriza o contexto de trabalho atual. O “sopro no pescoço” de
tantas pessoas, os seus “muitos pedidos, às vezes muitas indicações e
recomendações”, não devem alienar as novas gerações, extinguindo seus sonhos,
tornando-as “solitárias e resignadas”.
O coração sabe perceber e, quando for o
caso, precisamos pedir ajuda e nos unir a quem nos conhece e se preocupa
conosco. É preciso escolher.”
O risco de se tornar “engrenagens de uma
máquina”
A entrada no mundo do trabalho acontece,
segundo Francisco, “juntos”. Caso contrário, o risco é de se tornar
“engrenagens de uma máquina”, onde quem “têm poder pode fazer qualquer coisa
conosco”. Um modelo contrário a esta alienação é o da ACLI, onde “as intuições
do coração” se transformam em “laços sociais”.
O coração busca amizades, pensa sem se
isolar, se aquece identificando-se. O coração pode ser flexível e generoso. Ele
sabe abrir mão de algo, mas perseguindo o ideal. Ele sabe estabelecer
objetivos, mas se preocupa com as formas como eles são alcançados.
A imaginação humana, “que cria o que ainda
não existe”
A falta destes requisitos coloca em perigo
“a dignidade humana de quem trabalha, ou não encontra trabalho, ou se adapta” a
um trabalho “indigno”. As tarefas das máquinas devem ser acompanhadas pela
"inteligência" inteiramente “humana” do coração, “a razão que ouve as
razões dos outros, a imaginação que cria o que ainda não existe”.
Os adultos não corrompam a “novidade” dos
jovens
Por fim, Francisco agradece aos adultos
presentes, convidando-os a não submeterem os jovens “às razões da existência”.
“Não corrompamos a novidade”, acrescenta, exortando-os a apresentá-los passo a
passo “aos longos tempos e até ao peso das responsabilidades”, confiando
“naquilo que é semeado em seus corações”. Ali germina “o trabalho que não
aliena, mas liberta”.
Edoardo Giribaldi – Vatican News
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