Tudo começa de novo
A Virgem do Ano Novo nos acompanhará
Festas, música, fogos de artifício, alegria, vestes brancas, flores, euforia. Milhões de pessoas na Avenida Paulista ou na Praia de Copacabana. Os meios de comunicação mostram os festejos em muitas cidades do mundo. Há um clima de alegria que se exterioriza no canto, no grito, nas movimentações dos corpos. Confraternização, abraços. As pessoas dizem com os lábios e com o coração: “Feliz Ano Novo”. Dentro dos corações retos um desejo de construir a paz, de costurar entendimentos, de alinhavar projetos em que violência, desrespeito, abusos de toda sorte sejam eliminados. Nesse começo de ano novo temos vontade de prometer a nós mesmos que seremos artesãos da paz.
Pedimos a bênção do Senhor. O Livro dos Números ensinava como deveriam ser abençoados os filhos de Israel:
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti.
O Senhor volte o seu rosto para ti dê a paz.
Nesse primeiro dia do ano sentimo-nos ávidos de tal bênção para que o tempo de nossa vida nesses dias que chegam nos levem à plenitude de nossos de sermos gente, gente de valor, amantes do Evangelho. Essa bênção é fundamental para nós.
No Natal, o Menino das Palhas realizou as súplicas e esperanças desta bênção. Ele nos trouxe o presente da paz. Sim, Natal é festa da luz, mas também da paz. Que esta bênção atinja a todos os que, por desespero, tramam ações violentas. É tempo em que o menino de peito e a serpente brinquem juntos.
O trecho do evangelho de Lucas proclamado neste primeiro de janeiro fala da chegada dos pastores à gruta onde havia nascido o Menino. No centro de tudo Maria, José e o Menino. Os pastores contam que anjos dos céus os haviam envolvido em grade luminosidade, dizendo que um Menino tinha nascido. José nada diz. É um contemplativo silencioso. Maria também nada fala. Ela e seu companheiro vivem um silêncio contemplativo. Maria, de modo particular, observa esses pobres pastores a chegar. Guarda todos esses fatos para o fundo do coração, para seu mistério pessoal, para o esplendoroso abismo de sua pessoa, ela a imaculada. Quieta, sem alardes, sem exterioridades. A Mãe do Menino é discreta. É habitante do silêncio.
Para sua meditação
Maria, extraordinário tear da encarnação
Que a natureza salte e o gênero humano exulte, pois também as mulheres são honradas, Dance em coro a humanidade, enquanto as virgens recebem as honras: Onde avultou o pecado, a graça superabundou (Rm 5, 20). Reuniu-nos a santa Mãe de Deus, a Virgem Maria, tesouro puríssimo de virgindade, paraíso espiritual do segundo Adão, oficina da união das naturezas, mercado em que foi negociada a nossa salvação, câmara nupcial na qual o Cristo desposou a carne. Ela é aquela sarça espiritual que o fogo do Deus nascente não queimou; é a leve nuvem que carregou o que se senta sobre os querubins, quando este tomou um corpo; é o veio puríssimo que recebeu o orvalho celeste, aquela que o Pastor se revestiu de ovelha. Maria, serva e Mãe, Virgem, céu, única ponte entre Deus e o homem, extraordinário tear da encarnação onde Deus teceu a única túnica da união das duas naturezas, da qual o Espírito Santo foi o tecelão.
São Proco de Constantinopla, bispo – Lecionário Monástico I, p. 385
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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFM, ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.
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