Leitura do livro do Profeta Isaías
Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: “Reina teu Deus!” Ouve-se a voz de teus vigias, eles levantam a voz, estão exultantes de alegria, sabem que verão com os próprios olhos o Senhor voltar a Sião. Alegrai-vos e exultai ao mesmo tempo, ó ruínas de Jerusalém; o Senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém. O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus.
_______________________________________________________
- Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus.
- Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus.
- Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque ele fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo / alcançaram-lhe a vitória.
- O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa de Israel.
- Os confins do universo contemplaram / a salvação do nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, / alegrai-vos e exultai!
- Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa / e da cítara suave! / Aclamai, com os clarins e as trombetas, / ao Senhor, o nosso rei!
_______________________________________________________
2ª Leitura: Hb 1,1-6
Leitura da Carta aos Hebreus
Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus outrora aos nossos pais pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também ele criou o universo. Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas. Ele foi colocado tanto acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o nome deles. De fato, a qual dos anjos Deus disse alguma vez: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”? Ou ainda: “Eu serei para ele um Pai, e ele será para mim um filho”? Mas, quando faz entrar o Primogênito no mundo, Deus diz: “Todos os anjos devem adorá-lo!” – Palavra do Senhor.
No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la. Apareceu um homem enviado por Deus, que se chamava João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas apenas a testemunha da luz. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo. A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam. Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade. João dava testemunho dele, proclamando: «Este é aquele, a respeito de quem eu falei: aquele homem que vem depois de mim passou na minha frente, porque existia antes de mim.» Porque da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor. Porque a Lei foi dada por Moisés, mas o amor e a fidelidade vieram através de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único, que está junto ao Pai.
Os pobres anunciam a graça de Deuss
Quando um paroquiano da catedral, piedoso,
classe média, por acaso participa da celebração de Natal numa capela de
periferia, fica impressionado porque aí a celebração é bem mais alegre do que
na catedral. Por que será?
A 2ª leitura de hoje nos anuncia que se
manifestou o carinho de Deus para com a humanidade. No evangelho, os mais
pobres, os pastores do campo, são testemunhas disso. Constatam a verdade
daquilo que o anjo lhes tinha anunciado. Contam-no a Maria, e esta guarda em
seu coração as palavras dessa gente humilde. Eles, voltando, louvam e
glorificam a Deus. O anúncio dos anjos faz dos humildes pastores – gente que
dorme ao relento nas frias noites de invemo da Palestina – as primeiras
testemunhas da realização do projeto de Deus: o projeto de mandar a nós quem
nos liberte de verdade. Eles verificam o sinal que o anjo lhes deu: o menino é
pobre como eles, está deitado numa manjedoura. Eles, os pobres, serão também os
primeiros destinatários do grito de libertação de Jesus: “Felizes vós, os
pobres …” (Lc 6,20). Existe entre Jesus, Maria e os pastores uma solidariedade
visceral, que até causa inveja a quem se julga importante.
Prefigura-se assim o que deverá ser a vida
cristã. O “estilo cristão” é o estilo desses pobres – os pastores, os pais de
Jesus – que o evangelho apresenta: simplicidade, honestidade, transparência,
ternura; pois Deus mesmo mostrou sua ternura para conosco. Por outro lado, este
estilo inclui também a consciência da missão de anunciar ao mundo a
manifestação do carinho de Deus.
A semelhança com as comunidades eclesiais dos pobres é contundente. Enquanto nas igrejas dos bairros ricos cada iniciativa e cada celebração custam esforço enorme para conseguir alguma participação e para não ferir os privilégios e preferências tradicionais, nas capelas da periferia ressoa a alegria espontânea de quem se sabe agraciado por Deus. Parece necessário mesmo que a mensagem alegre do Natal passe pelos humildes, pois estes são especialistas em receber e partilhar.
_______________________________________________________
PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário