Fruto proibido
O pecado desde o
começo da humanidade requer a humildade de reconhecermos que somos irmãos e
teremos atitude de aceitar as coordenadas divinas e sermos mais humanos com o
semelhante.
A bíblia não
apresenta a palavra divina na linguagem científica e sim religiosa. Uma não é
contra a outra. Lemos, por exemplo, a respeito do pecado dos primeiros seres
humanos chamados de Adão e Eva, com a comparação de cometerem a desobediência e
comido o fruto proibido. Esse fruto, que não é uma simples fruta, apesar da
referência sobre as frutas do jardim, é resultado da soberba humana de se
colocar com seu fruto, ou seja, no lugar de Deus, que está acima do bem e do
mal (Cf. Gênesis 2,16-17). Quando o ser humano se coloca no lugar divino,
arruína com tudo: o meio ambiente, o meio familiar, a ciência para favorecer a
minorias, a economia também assim usada, os desmandos relacionais, morais,
éticos e políticos em qualquer tipo de organização ou convivência humana. Os
resultados negativos acontecem para todos. Os muros altos se constroem, os
sistemas de segurança se sofisticam, as guerras e as armas se fazem, a
corrupção devasta, a segurança se torna cada vez mais frágil...
Se todos
obedecessem a Deus e ao menos seguissem a noção do bem instigado pela
consciência bem formada, teríamos mais acerto em nossa convivência. Deus não
manda ninguém fazer o mal a nenhuma de seus filhos e filhas. Pelo contrário,
Ele veio nos provar, através de seu Filho Jesus, que devemos ajudar uns aos
outros, até dando a vida para acontecer o melhor para todos. Haveria mais
solidariedade, justiça, misericórdia, perdão, diálogo, saudável correção,
entendimento e cuidado com a criação.
O jogo do
empurra-empurra de um culpar o outro não tira a culpa de ninguém. O pecado
desde o começo da humanidade requer a humildade de reconhecermos que somos
irmãos e teremos atitude de aceitar as coordenadas divinas e sermos mais
humanos com o semelhante. Por que minorias têm demais e maiorias sem até o
necessário para viver dignamente? Deus criou a terra para todos e não para
espertalhões, que pegam quase tudo para si, deixando grandes parcelas de mãos
vazias! Diante dos males no planeta todos somos corresponsáveis em dar nossa
parte para ajudar a todos, a partir dos mais fragilizados, para uma convivência
de mais justiça. Deveríamos imitar a justiça de Deus, que não é retributiva e
sim misericordiosa. Ele não nos dá o que merecemos, mas o que precisamos,
inclusive as correções necessárias para a prática de seus preceitos. Para
isso, precisamos colocar nossa parte de esforço para servir e amar.
Apesar de nossos
males, somos instados a viver nossa fé, mesmo tênue, confiando na bondade de
Deus, que está disposto a nos perdoar e ajudar. O apóstolo Paulo nos encoraja à
superação do desânimo, mesmo com o desgaste natural de nossa vida. Basta que
lutemos, fazendo o possível de nossa parte para cooperar com o projeto de Deus.
Ele deseja o bem de todos, querendo que os pecadores se convertam e vivam na
esperança de uma vida terrena. Esta será encaminhada dentro dos parâmetros
indicados pelo Filho de Deus, tendo em vista o encaminhamento definitivo para a
vida depois da morte (Cf. 2 Coríntios 4,16-5,1).
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste2.org.br Estampa: vaticannews.va
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