Os
Mandamentos são um caminho de libertação
"Colocar a
lei antes da relação com Deus não ajuda o caminho de fé", disse o Papa ao
comentar o texto inicial do Decálogo.
Cidade do
Vaticano - Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para
participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
A primeira etapa
da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente
devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar
especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e
assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.
Já na Praça,
Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto
inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o
Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2).
Deus salva,
depois pede
O Decálogo,
explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar
antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.
“Eu sou o Senhor
teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus.
Isso ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque
é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos
amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai.
Quem parte de si
mesmo….chega a si mesmo!
“Nossas obras
podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem
parte de si mesmo….chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é
uma atitude egoísta.”
Antes de tudo,
prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os
cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência
pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus
Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o
caminho de fé.
Caminho de
libertação
“Como um jovem
pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos,
coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de
libertação e os Mandamentos nos libertam do nosso egoísmo. A formação cristã
não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro
salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento
característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo
um “pequeno exercício em silêncio”.
“Quantas coisas
belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Essa é a libertação de
Deus!”
Clamar para ser
socorrido
Todavia, pode
acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma
espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez
o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.
A ação
libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não
nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor,
salve-me, indique-me o caminho, acaricie-me, dê-me um pouco de alegria.” Isso
cabe a nós: pedir para sermos libertados.
O Papa então
concluiu:
“Deus não nos chamou à vida para permanecer oprimidos, mas para ser livres e
viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto,
infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isso é belo. Que
Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.”
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Fonte: vaticannews.va
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