Os
cristãos “sem memória” perdem o sal da vida
"Memória"
foi a palavra-chave na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta.
Francisco pediu que os fiéis façam memória dos encontros com Cristo, dos
antepassados e da lei do amor.
Cidade do
Vaticano - A memória cristã é o sal da vida, voltar para ir para frente:
devemos recordar e contemplar os primeiros momentos nos quais encontramos
Jesus. Palavras do Papa Francisco na missa celebrada na manhã de quinta-feira
(07/06) na capela da Casa Santa Marta. A sua homilia foi inspirada na exortação
de São Paulo a Timóteo, na Primeira Leitura: “Lembra-te de Jesus Cristo”.
Sal da vida
Trata-se de
voltar com a memória para encontrar Cristo, explicou o Papa, “para encontrar forças
e poder caminhar para frente. A memória cristã é sempre um encontro com Jesus
Cristo”.
A memória cristã
é como o sal da vida. Sem memória não podemos ir para frente. Quando
encontramos cristãos “desmemorados”, logo vemos que perderam o sabor da vida
cristã e acabaram como pessoas que cumprem os mandamentos, mas sem a mística,
sem encontrar Jesus Cristo. E Jesus Cristo devemos encontrá-lo na vida.
Encontros,
antepassados e lei
Francisco
acrescentou que são três as situações em que podemos encontrar Jesus Cristo:
"nos primeiros momentos, nos nossos antepassados e na lei”. A Carta aos
Hebreus nos indica como fazer:
“Evoquem na
memória aqueles primeiros tempos, depois da conversão, em que eram tão
fervorosos …” “Cada um de nós tem momentos de encontro com Jesus”. Na
nossa vida, prosseguiu o Papa, houve “um, dois, três momentos em que Jesus se
aproximou, se manifestou. Não esqueçam esses momentos: devemos ir para trás e
retomá-los porque são momentos de inspiração, onde nós encontramos Jesus
Cristo”.
Cada um de nós
tem momentos assim: quando encontrou Jesus Cristo, quando mudou de vida, quando
o Senhor lhe fez ver a própria vocação, quando o Senhor o visitou num momento
difícil… Nós no coração temos esses momentos. Busquemo-los. Contemplemos esses
momentos. Memória daqueles momentos nos quais eu encontrei Jesus Cristo.
Memória daqueles momentos nos quais Jesus Cristo encontrou a mim. São a fonte
do caminho cristão, a fonte que me dará as forças.
“Eu recordo
esses momentos?", perguntou Francisco. "Momentos de encontro com
Jesus quando a minha vida mudou, quando me prometeu algo?” "Se nós não
lembramos, vamos procurá-los. Cada um de nós tem os seus. ”
Não recebemos a
fé por correio
O segundo
encontro com Jesus, disse ainda o Papa, acontece através da memória dos antepassados,
que a Carta aos Hebreus chama “os seus chefes, que lhes ensinaram a fé”. Também
Paulo, sempre na segunda carta a Timóteo, o exorta assim: “Lembre-se de sua mãe
e de sua avó que lhe transmitiram a fé”. “Não recebemos a fé por correio”,
afirmou o Papa, mas “homens e mulheres nos transmitiram a fé” e diz a Carta aos
Hebreus: “Olhem para eles que são uma multidão de testemunhas e se fortaleçam
neles, eles que sofreram o martírio”.
Sempre quando a
água da vida se torna um pouco turva, destacou Francisco, “é importante ir à
fonte e encontrar nela a força para ir avante. Podemos nos perguntar: eu evoco
os meus antepassados? Eu sou um homem, uma mulher com raízes? Ou me tornei
desarraigado? Somente vivo no presente? Se é assim, é preciso imediatamente pedir
a graça de voltar às raízes”, àquelas pessoas que nos transmitiram a fé.
A lei do coração
Por fim, a lei,
que Jesus nos faz recordar no Evangelho de Marcos. O primeiro mandamento é:
“Escutai, Israel, o Senhor nosso Deus”.
A memória da
lei. A lei é um gesto de amor que o Senhor fez conosco porque nos indicou o
caminho, nos disse: por esta estrada não vai errar. Evocar na memória a lei.
Não a lei fria, que parece simplesmente jurídica. Não. A lei do amor, a lei que
o Senhor inseriu no nosso coração.
“Eu sou fiel à
lei, lembro da lei, respeito a lei?", questionou ainda o Papa. Algumas
vezes, nós cristãos, inclusive consagrados, temos dificuldade de dizer de cor
os mandamentos: ‘Sim, sim, eu lembro, mas depois a um certo ponto erro, não
lembro”.
Memória e
esperança
Lembrar-se de
Jesus Cristo, concluiu o Papa, significa ter “o olhar fixo no Senhor” nos
momentos da minha vida nos quais eu O encontrei, momentos de provação, nos meus
antepassados e na lei. E a memória “não é somente um ir para trás”. É ir para
trás para ir para frente. Memória e esperança vão juntas. São complementares,
se completam. “Lembre-se de Jesus Cristo, o Senhor que veio, pagou por mim e
que virá. O Senhor da memória, o Senhor da esperança”.
O convite final
do Papa é que cada um de nós hoje pegue um minuto para se perguntar como está a
memória dos momentos nos quais encontrei o Senhor, a memória dos meus
antepassados e a memória da lei. Depois, como vai a minha esperança, naquilo
que espero. “Que o Senhor nos ajude neste trabalho de memória e de esperança.”
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Fonte: vaticannews.va
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