O mundo
tem necessidade de cristãos com coração de filhos
"Deus me
impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus mandamentos são somente uma lei ou
contém uma palavra? Deus é patrão ou Pai? Somos súditos ou filhos? Este
combate, dentro e fora de nós, apresenta-se continuamente", disse o Papa
Francisco em sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira.
Cidade do
Vaticano - A forma como vemos Deus – patrão ou Pai – fará com que raciocinemos
como filhos ou escravos. E o mundo tem necessidade de cristãos com o coração de
filhos.
“Dez Palavras”
para viver a Aliança”: na Audiência Geral desta quarta-feira – realizada na
Praça São Pedro e na Sala Paulo VI - o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo
de catequeses sobre os Mandamentos, explicando a diferença entre uma “ordem” e
uma “palavra”, que é o meio essencial da relação como diálogo.
Ao iniciar sua
reflexão, o Santo Padre explicou aos mais de 13 mil presentes na Praça São
Pedro, que Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la ao cumprimento, mas
“devemos compreender melhor esta perspectiva”.
Na Bíblia, os
mandamentos não vivem por si mesmos, mas são “parte de um relacionamento, de
uma relação”, a da Aliança entre Deus e seu Povo.
A frase “Deus
pronunciou todas estas palavras” no início do capítulo 20 Livro do Êxodo, podem
parecer um início como outro qualquer, mas Francisco ressalta que não é dito
“estes mandamentos”, mas “estas palavras”.
A tradição
hebraica chamará sempre o Decálogo de "as dez Palavras". Mesmo na
forma de leis, são objetivamente mandamentos. Mas por que, então, o Autor
sagrado usa, precisamente aqui, a expressão "dez palavras" e não
"dez mandamentos?
Ordem x Palavra
E que diferença
existe entre uma ordem e uma palavra?, pergunta:
“A ordem é uma
comunicação que não requer o diálogo. A palavra, pelo contrário, é o meio
essencial da relação como diálogo. Deus Pai cria por meio da sua palavra, e o
seu Filho é a Palavra feita carne. O amor nutre-se de palavras e assim a
educação ou a colaboração. Duas pessoas que não se amam, não conseguem se
comunicar. Quando alguém fala ao nosso coração, a nossa solidão acaba. Recebe
uma palavra, acontece a comunicação. E os mandamentos são palavras de Deus.
Deus se comunica com estas dez Palavras e espera a nossa resposta”.
“Uma coisa é
receber uma ordem, outra bem diferente é perceber que alguém fala conosco,
sublinhou. Os mandamentos são um diálogo.”
O Papa refere-se
então ao n. 142 da Evangelii gaudium, justamente onde fala que “um diálogo
é muito mais do que a comunicação de uma verdade. Realiza-se pelo prazer de
falar e pelo bem concreto que se comunica entre eles que se querem bem por meio
das palavras.
A tentação
Esta diferença
não é algo artificial. E voltando-se ao que aconteceu nos primórdios, recorda
que exatamente este é o ponto usado pelo Tentador, o diabo, desde o início,
para enganar o homem e a mulher, querendo convencê-los de que Deus os proibiu
de comer o fruto da árvore do bem e do mal para mantê-los subjugados:
“O desafio é
justamente este: a primeira norma que Deus deu ao homem, é a imposição de um
déspota que proíbe e obriga, ou é o cuidado de um pai que está cuidando os seus
pequenos e os protege da autodestruição? É uma palavra ou uma ordem?”
“A mais trágica
entre as mentiras que a serpente diz a Eva – recorda o Papa – é a sugestão de
uma divindade invejosa e possessiva: “Deus não quer que vocês tenham
liberdade”. E “os fatos demonstram dramaticamente que a serpente
mentiu”.
“O Tentador fez
acreditar que uma palavra de amor era uma ordem”
Súditos ou
filhos?
“E o homem está
diante desta encruzilhada: Deus me impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus
mandamentos são somente uma lei ou contém uma palavra, para cuidar de mim? Deus
é patrão ou Pai? O que vocês pensam? Somos súditos ou filhos? (...) Não
esqueçam nunca disto. Nunca. Mesmo nas situações mais difíceis, pensem que
vocês têm um Pai que nos ama a todos (...). Este combate, dentro e fora de nós,
apresenta-se continuamente: mil vezes devemos escolher entre uma mentalidade de
escravos e uma mentalidade de filhos. O mandamento é do patrão, a palavra é do
Pai”.
O Espírito Santo
– disse então o Papa – é um Espírito de filho, é o Espírito de Jesus:
“Um espírito de
escravos acolhe a Lei de modo opressivo e pode produzir dois resultados
opostos: ou uma vida feita de deveres e de obrigações, ou uma reação violenta
de rejeição. Todo o cristianismo é a passagem da letra da Lei ao Espírito, que
dá a vida. Jesus é a Palavra do Pai, não é a condenação do Pai. Jesus veio nos
salvar com sua palavra, não nos condenar”.
E se vê quando
um homem ou uma mulher viveram esta passagem, diz o Papa:
“Percebe-se se
um cristão raciocina como filho ou como escravo”
"E nós
mesmos recordamos se os nossos educadores cuidaram de nós como pais e mães, ou
se nos impuseram regras. Os mandamentos são o caminho para a liberdade, pois
são as palavras do Pai que nos torna livres neste caminho”.
“O mundo não tem
necessidade de legalismos, mas de cuidado. Tem necessidade de cristãos com o
coração de filhos, tem necessidade de cristãos com o coração de filhos. Não
esqueçam isto”.
Viagem a Genebra
Ao saudar os
peregrinos de língua alemã, o Papa disse: “Rezem por mim e pela minha peregrinação
ecumênica a Genebra amanhã”.
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Assista:
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Fonte: vaticannews.va
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