segunda-feira, 25 de junho de 2018

Papa Francisco nesta segunda:

Educação católica, doar esperança ao mundo global
"Globalizar a esperança e promover as esperanças da globalização são compromissos fundamentais da missão da educação católica", disse Francisco.

Papa Francisco com os membros da fundação "Gravissimum Educationis"
Cidade do Vaticano O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (25/06), na Sala do Consistório, no Vaticano, oitenta membros da fundação Gravissimum Educationis, cujas finalidades científicas e culturais são voltadas a promover a educação católica no mundo.
Os membros da fundação participam do encontro “Educar é transformar”, promovido pelo organismo, constituído pelo Papa, através do convite da Congregação para a Educação Católica, em 28 de outubro de 2015, por ocasião do 50º aniversário da Declaração do Concílio Vaticano II Gravissimum Educationis.
Formar rede
“Com esta instituição, a Igreja renova o seu compromisso com a educação católica em sintonia com as transformações históricas do nosso tempo. A fundação, de fato, incorpora uma solicitação já contida na Declaração conciliar da qual leva seu nome, que sugeria a cooperação entre escolas e universidades para melhor enfrentar os desafios em andamento.”
“Somente mudando a educação é possível mudar o mundo”, sublinhou Francisco, propondo algumas sugestões.
“Primeiramente, é importante formar rede, que significa unir escolas e universidades para fortalecer a iniciativa educacional e de pesquisa, enriquecendo-se dos pontos de forças de cada um, para ser mais eficazes no âmbito intelectual e cultural.”
Criar lugares de encontro e diálogo
“Formar rede significa também unir os saberes, as ciências e as disciplinas para enfrentar os desafios complexos, formar rede significa criar lugares de encontro e diálogo dentro das instituições educacionais e promovê-los com os cidadãos provenientes de outras culturas, tradições, religiões diferentes, a fim de que o humanismo cristão contemple a condição universal da humanidade de hoje.”
“Formar rede significa também fazer da escola uma comunidade educacional na qual professores e alunos não sejam ligados somente por um plano didático, mas por um programa de vida e experiência, capaz de educar para a reciprocidade entre diferentes gerações”, frisou o Pontífice.
Segundo o Papa, a educação católica não se limita somente a formar mentes, “mas percebe que a responsabilidade moral do homem de hoje também se propaga no tempo, e as escolhas de hoje recaem sobre as gerações futuras”.
Não perder a esperança
Outra sugestão do Papa é “não deixar que nos roubem a esperança”. Com essa solicitação, o Pontífice “encoraja os homens e mulheres de nosso tempo a encontrar positivamente a mudança social, imergindo-se na realidade com a luz irradiada pela promessa da salvação cristã”.
“Somos chamados a não perder a esperança porque devemos doar esperança ao mundo global de hoje. “Globalizar a esperança” e “promover as esperanças da globalização” são compromissos fundamentais da missão da educação católica.
Dar ânimo ao mundo global
“Para Francisco, uma globalização sem esperança e sem visão está exposta ao condicionamento de interesses econômicos, muitas vezes distantes de uma concepção correta do bem comum, e produz facilmente tensões sociais, conflitos econômicos e abusos de poder. Devemos dar ânimo ao mundo global, através de uma formação intelectual e moral que saiba favorecer as coisas boas trazidas pela globalização e corrigir as negativas.”
Segundo o Papa, “estes são objetivos importantes que poderão ser alcançados com o desenvolvimento da pesquisa científica, confiada às universidades e também presente na missão da fundação Gravissimum Educationis. Uma busca pela qualidade que tem diante de si um horizonte cheio de desafios”.
Ecologia integral
“Alguns deles, expostos na Encíclica ‘Laudato si’, se referem aos processos de interdependência global, que, por um lado, se propõe como uma força histórica positiva, pois marca uma maior coesão entre os seres humanos; por outro, produz injustiça e mostra a relação estreita entre misérias humanas e crises ecológicas do planeta. A resposta está no desenvolvimento e na busca de uma ecologia integral.”
O Papa concluiu seu discurso, afirmando que o trabalho da fundação, para ser eficaz, deve obedecer a três critérios essenciais.
“Identidade, que requer coerência e continuidade com a missão das escolas, universidades e centros de pesquisa nascidos, promovidos ou acompanhados pela Igreja e abertos a todos, sobretudo aos necessitados; qualidade, farol seguro para iluminar todas as iniciativas de estudo, pesquisa e educação, e o bem comum, difícil de definir em nossas sociedades marcadas pela convivência de cidadãos, grupos e povos de diferentes culturas, tradições e crenças. Precisamos ampliar os horizontes do bem comum e educar a todos sobre a pertença à família humana.”
“Para cumprir sua missão, estabeleçam as bases na coerência com a identidade cristã; disponham os meios conforme a qualidade do estudo e da pesquisa; e persigam objetivos em harmonia com o serviço ao bem comum”, concluiu.
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Vida humana:
Papa Francisco propõe uma visão global da bioética
Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram.

Papa saúda o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Vicenzo Paglia
Cidade do VaticanoO Papa Francisco concluiu sua série de audiências recebendo os participantes da Plenária da Pontifícia Academia para a Vida.
A Plenária se realiza no Vaticano de 25 a 27 de junho, sobre o tema “Iguais no nascimento? Uma responsabilidade global”.
Cardeal Elio Sgreccia
No início do seu discurso, o Pontífice agradeceu publicamente o empenho e a dedicação do Cardeal Elio Sgreccia, um dos maiores especialistas em bioética do mundo e presidente da Pontifícia Academia para a Vida no passado. Hoje, este cargo é ocupado pelo arcebispo Vincenzo Paglia.
Para Francisco, quando se fala de vida humana é preciso considerar a qualidade ética e espiritual da vida em todas as suas fases: desde a concepção até a morte. Mas não só a vida biológica: existe a vida eterna, existe a vida que é família e comunidade, existe a vida humana frágil e doente, ofendida, marginalizada, descartada. “É sempre vida humana”, reiterou o Papa.
A síndrome de Narciso
“Quando entregamos as crianças à privação, os pobres à fome, os perseguidos à guerra, os idosos ao abandono, não fazemos nós mesmos o trabalho ‘sujo’ da morte?”, questionou o Pontífice.
Excluindo o outro do nosso horizonte, a vida se fecha em si mesma e se torna bem de consumo. Como Narciso, acrescentou Francisco, nos tornamos homens e mulheres-espelho, que veem somente a si mesmos e nada mais.
Visão global da bioética
Por isso, é necessária uma visão global da bioética. Em primeiro lugar, explica o Papa, esta bioética global será uma modalidade específica para desenvolver a perspectiva da ecologia integral, própria da Encílica Laudato si’. Portanto, temas como a relação entre pobreza e fragilidade do planeta, a crítica ao novo para¬digma e às formas de poder, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida.
Em segundo lugar, um discernimento meticuloso das complexas diferenças fundamentais da vida humana: do homem e da mulher, da paternidade da maternidade, a fraternidade, a sexualidade, a doença, o envelhecimento, a violência e guerra.
Defender a sacralidade da vida
Para Francisco, a sacralidade da vida embrional deve ser defendida com a mesma paixão que a sacralidade da vida dos pobres que já nasceram.
A bioética global, portanto, requer um discernimento profundo e objetivo da valor da vida pessoal e comunitária, que deve ser protegida e promovida também nas condições mais difíceis.
Todavia, observou o Papa, a regulamentação jurídica e a técnica não são suficientes para garantir o respeito à dignidade da pessoa.
A perspectiva de uma globalização que tende a aumentar a aprofundar as desigualdades pede uma resposta ética a favor da justiça. Por isso é importante estar atentos a fatores sociais e econômicos, culturais e ambientais que determinam a qualidade de vida da pessoa humana.
Destino último da vida humana
Por fim, é preciso se interrogar mais profundamente sobre o destino último da vida.
“A vida do homem, encantadora e frágil, remete além de si mesma: nós somos infinitamente mais daquilo que podemos fazer para nós mesmos.”
A sabedoria cristã, concluiu o Papa, deve reabrir com paixão e audácia o pensamento do destino do gênero humano à vida de Deus, que prometeu abrir ao amor da vida além da morte.
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