Vencer as resistências à graça de Deus
A homilia do
Pontífice teve início com uma frase da oração da coleta: “Que a tua graça vença
as resistências do pecado”. E se concentrou sobre as resistências na vida
cristã de ir avante. O Papa distingui vários tipos de resistências. Há
“resistências abertas, que nascem da boa vontade”, como aquela de Saulo que
resistia à graça, mas “estava convencido em fazer a vontade de Deus”. É Jesus
que lhe diz de parar e Saulo se converte. “As resistências abertas são
saudáveis”, no sentido que “são abertas à graça para se converter”. De fato,
somos todos pecadores.
Resistências
escondidas
Capela Santa Marta |
“Mas essas
resistências escondidas, que todos temos, como são? Sempre vêm para deter um
processo de conversão. Sempre! É deter, não é lutar contra. Não, não! É ficar
parado; sorrir, talvez: mas você não passa. Resistir passivamente, de maneira
escondida. Quando há um processo de mudança numa instituição, numa família, eu
ouço dizer: ‘Há resistências ali’… Mas graças a Deus! Se não existissem, a
coisa não seria de Deus. Quando há essas resistências é o diabo que as semeia
ali, para que o Senhor não prossiga”.
Palavras vazias
Francisco falou
então de três tipos de resistências escondidas. Há a resistência das “palavras
vazias”. Para explicar, Francisco citou o Evangelho de hoje, quando Jesus diz
que nem todo mundo que disser “Senhor, Senhor” entrará no reino dos céus. Como
na parábola dos dois filhos que o Pai convida à vinha: um diz “não” e depois
acaba indo, o outro diz “sim” e não aparece:
“Dizer sim, tudo
sim, muito diplomaticamente; mas é ‘não, não, não’. Tantas palavras: ‘Sim, sim,
sim; mudaremos tudo! Sim!’, para não mudar nada, não? Ali esta a camuflagem
espiritual: os que tudo sim, mas que é tudo não. É a resistência das palavras
vazias”.
Palavras
justificatórias
Depois, tem a
resistência “das palavras justificatórias”, ou seja, quando uma pessoa se
justifica continuamente, “sempre há uma razão para se opor”: Não, fiz isso por
aquilo”. Quando as justificações são muitas, “não há o bom cheiro de Deus”,
disse o Papa, mas “existe o mau cheiro do diabo”. “O cristão não precisa se
justificar”, esclarece Francisco. “Foi justificado pela Palavra de Deus”.
Trata-se de resistência das palavras “que buscam justificar a minha posição
para não seguir aquilo que o Senhor nos indica”, disse ainda o Pontífice.
Palavras
acusatórias
Depois, existe a
resistência “das palavras acusatórias”: quando se acusam os outros para não
olhar para si mesmos, não se necessita de conversão e assim se resiste à graça
como evidencia a Parábola do fariseu e do publicano.
As resistências
não são somente aquelas grandes resistências históricas como a Linha Maginot ou
outras, mas aquelas que “estão dentro de nosso coração todos os dias!” A
resistência à graça é um bom sinal “porque nos indica que o Senhor está
trabalhando em nós”. Devemos “deixar cair as resistências para que a graça vá
adiante”. A resistência, de fato, procura sempre se esconder nas formalidades
das palavras vazias, das palavras justificatórias, das palavras acusatórias e
muitas outras, procura “não deixar-se levar pelo Senhor” porque “sempre existe
uma cruz”. “Onde está o Senhor, pequena ou grande, haverá uma cruz. É a
resistência à Cruz, a resistência ao Senhor que nos leva à redenção”, explica o
Papa. Portanto, quando existem resistências não é preciso ter medo, mas pedir
ajuda ao Senhor, reconhecendo-se pecador:
“Digo-lhes para
não ter medo quando cada um vocês, cada um de nós, vê que em seu coração
existem resistências. Digam claramente ao Senhor: ‘Olha, Senhor, eu procuro
cobrir isso, fazer aquilo para não deixar entrar a sua palavra. Senhor, com
grande força, socorre-me. A sua graça vença as resistências do pecado’. As
resistências são sempre um fruto do pecado original que nós levamos. É feio ter
resistências? Não, é bonito! O feito é tomá-las como defesa da graça do Senhor.
Ter resistência é normal. É dizer: Sou pecador, ajuda-me Senhor! Preparemo-nos
com esta reflexão para o próximo Natal.”
Beato Charles de
Foucauld
No final da
missa, o Papa recordou que hoje se celebra os 100 anos do assassinato do Beato
Charles de Foucauld, ocorrido na Argélia em primeiro de dezembro de 1916. Era
“um homem – disse – que venceu tantas resistências e deu um testemunho que fez
bem à Igreja. Peçamos que nos abençoe do céu e nos ajude a caminhar nos
caminhos de pobreza, contemplação e serviço aos pobres”. (BF/MJ)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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