Discernimento e misericórdia marcam Pontificado de Francisco
Cidade do
Vaticano (RV) – A tocante visita à Auschwitz e aos refugiados na Ilha de
Lesbos, na Grécia, a publicação da Amoris Laetitia e ainda o
histórico encontro com o Patriarca Kirill, em Havana, além da visita a Lund, na
Suécia, para o encontro com os luteranos.
Estes são alguns
dos momentos fortes de 2016 do Papa Francisco, também marcado pelo Jubileu da
Misericórdia. Para um balanço do ano que está terminando, a Rádio Vaticano
entrevistou o Diretor da revista dos jesuítas, “Civiltà Cattolica”, Padre
Antonio Spadaro.
Papa abençoa uma menina enferma |
RV: Lesbos,
Auschwitz, as regiões atingidas pelo terremoto no centro da Itália: diante do
sofrimento, Francisco escolheu o caminho do silêncio e da escuta. Qual a
mensagem profunda desta escolha?
Padre Antonio Spadaro: “Francisco não
quer explicar a dor, esta é uma coisa que me parece ter compreendido muito bem
no seu modo de agir: ou seja, não quer justificar Deus, como a velha teodiceia,
pela dor do mundo. Quer mostrar como Deus está sempre próximo da humanidade
sofredora. E assim, estar em silêncio, significa não propor respostas um pouco
boas, um pouco doces, se quisermos, mas de qualquer forma distantes do sofrimento;
o silêncio significa estar ao lado e colocar a mão com um gesto, diria,
terapêutico. Um gesto que o Papa fez e faz em várias ocasiões sobre as pessoas,
mas como vimos, também sobre os muros: em Belém, em Auschwitz. Portanto, o Papa
acaricia as feridas porque este é o modo de curá-las. E no fundo, a Cruz de
Cristo é exatamente isto: assumir esta dor, este sofrimento que a humanidade
vive. Este, portanto, não é um silêncio vazio: é um silêncio repleto de
proximidade”.
RV: Amoris
laetitia é o documento papal publicado este ano que suscitou mais interesse,
mas também críticas no âmbito católico. Este pontificado carrega consigo esta
dimensão de tensão. Quais são as indicações que Francisco oferece para
enfrentar esta situação?
Padre Antonio Spadaro: “Diversas vezes
Francisco disse que o conflito faz parte da vida, portanto, é absolutamente
importante nos processos eclesiais. O Papa fica preocupado quando nada se move,
quando não existem tensões, às vezes quando não existem oposições. Então, se o
processo é real, cria tensão efetiva. Amoris laetitia é um documento
extraordinário , porque no fundo coloca a história não somente do povo de Deus,
mas de cada fiel no centro da relação entre homem e Deus. E assim, coloca o
discernimento como critério fundamental e sente, adverte, como a família é o
núcleo central, mas também as situações de fratura, de crise, as enfrenta
sabendo que o Senhor fala a cada pessoa, considerando a sua história de fé.
Portanto, também aqui, neste caso, não existem normas e regras gerais
absolutas, abstratas e válidas para cada situação, mas esta Exortação
Apostólica é o convite a cada pastor a estar próximo do fiel, a estar próximo
da história de cada pessoa”.
RV: O que mais
lhe toca da pessoa de Francisco, que há poucos dias completou 80 anos? Existe
algo que o tocou em particular neste 2016 que, quem sabe, não havia visto nos
anos precedentes em Francisco?
Padre Antonio Spadaro: “É difícil,
porque são tantos elementos deste Pontífice. Talvez o que tenha mais me tocado
neste ano – em que apareceu certa conflitualidade, ao menos em alguns ambientes
– é a sua serenidade. O Papa está sempre sereno, não é agitado. Percebe o que
acontece ao seu redor, mesmo as coisas que poderiam lhe ser menos agradáveis.
Porém, ao mesmo tempo, não perde nunca a serenidade, nunca perde a paz. Ele diz
que come bem, dorme bem, e posso mesmo dizer: reza muito. Então esta sua
imersão radical em Deus que lhe dá esta grande serenidade é o que,
sinceramente, me toca mais profundamente”. (je/ag)
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Quatro milhões de fieis com o Papa no Vaticano em 2016
Cidade do
Vaticano (RV) – Quase quatro milhões de fieis (3.952.140) encontram o Papa
Francisco em 2016 nas 11 Audiências Jubilares, 43 Audiências Gerais, Audiências
especiais, Celebrações litúrgicas e Angelus. Os dados foram divulgados
esta quinta-feira (29/12) pela Prefeitura da Casa Pontifícia.
Francisco no meio do povo |
A estes dados
somam-se estimativas das presenças no Angelus, Regina Coeli e
celebrações na Praça São Pedro.
As presenças
mais significativas foram registradas nos meses de março – em concomitância com
a Semana Santa – e em setembro, por ocasião da canonização de Madre Teresa de
Calcutá.
Os dados
referem-se única e exclusivamente aos encontros realizados no Vaticano e não
compreendem as atividades do Papa com grande participação de fieis, como as
visitas realizadas na Diocese de Roma e na Itália, nem as viagens
internacionais onde, como é sabido, o Santo Padre encontrou milhares de pessoas
nas ruas por onde passou e estádios.
Neste sentido,
recordamos as viagens em 2016 do Pontífice ao México, Lesbos, Armênia, Polônia,
Geórgia, Azerbaijão e Suécia. (JE)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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