Ano Velho – Ano Novo
Vi gente
cantando alegremente adeus Ano Velho e Feliz Ano Novo!
Nas casas, nas
ruas, nas praças não havia tristeza. Ela havia perdido para a alegria. Não se
media o tempo com as horas, mas com a força contagiante e inebriante de quem se
unia para dizer adeus ao velho amigo, que ficou conosco trezentos e sessenta e
cinco dias. Saudava-se o novo amigo que acabara de chegar.
Luzes, festa e
alegria foram a saudação que todos lhes dispensaram.
O que nos
contagia na passagem de ano, manifesta como deveria ser cada dia. Uma história
foi construída, mesmo que tenha exigido lutas e desafios e também galhardia.
Por detrás de
tamanha alegria está escondido o desejo do ser humano de dizer não à tristeza
ou amargura. Fomos feitos para viver de outro jeito: sem ódio, sem violência,
sem a triste corrupção dos indignos da pátria.
Talvez a
realidade do anonimato, principalmente nos grandes centros urbanos, seja
superada exatamente nesse momento, pois há encontro, há conversa espontânea,
estamos longe dos esquemas rígidos, talvez até necessários, do trabalho, da
própria vida familiar. Nesse sentido, permita-me manifestar-lhe uma impressão:
Por que há pessoas que tiram de si mesmas selfies e mais selfies e postam nas
redes sociais? Certamente há medo da solidão. Outra vez os alaridos da passagem
de ano têm sua razão de ser: Integram as pessoas, quebram a rotina, dão chance
da alegria, rompem-se certas barreiras no relacionamento...
Fomos feitos
para viver na paz e na alegria. Ou você acha que o Jardim do Éden é só uma
fantasia? Não! Esse é o desejo de Deus! Ele é nossa alegria. Não é possível ser
feliz sem Deus.
Um dia desses,
alguém me disse: “Estamos numa viagem de volta, sem termos tido a viagem de
ida”. É verdade. A vida é uma viagem. Somos todos viandantes. Somos
caminheiros. Nessa viagem chegam sem pedir licença: o cansaço, o desânimo, as
dúvidas. Nem o sábio, nem o poeta, nem o mendigo escapam do peso que ela traz.
Viemos de Deus e estamos voltando para Ele.
Jesus conhece
muito bem nossa condição humana, a ponto de nos dizer: “Vinde a mim vós todos
que estais cansados” (Mt 11,28-30). Jesus é profundamente humano. Que coisa
bonita: Um Deus que é profundamente humano! Isto nos faz acreditar mais e muito
mais apostar nele, pois é o divino que se fez inteiramente humano. Outro
momento que confirma essa verdade foi quando os discípulos voltaram de uma
missão, e Jesus lhes disse: “Venham agora para um lugar deserto, onde vocês
estejam sozinhos, e descansem um pouco” (Mc 6,31).
A festa, a
alegria feita com a devida ponderação, sem os exageros que, às vezes são
cometidos, é algo muito legítimo e necessário, e em nada se opõem ao querer de
Deus. Ele se faz também parceiro, presente na alegria verdadeira. Nada há de
mais sublime do que reconhecermos que Deus se faz parceiro na grande aventura
da vida.
Toda realidade
que nos cerca, certamente nos faz aprender mais um pouco, e se isso, de fato,
acontece, progredimos.
Ano Novo nos
traz essa sensibilidade e percepção de que é possível um mundo diferente, mais
cheio de paz e de harmonia. Mas nada vem pronto do céu. Deus não tira a
responsabilidade de nossa parte.
Deixemos, pois,
o Ano Novo acontecer entre nós, e sabendo conduzir nele nossa história, a
esperança e a alegria não nos deixarão órfãos. Felicíssimo Ano Novo para você.
Padre Ferdinando
Mancílio
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Fonte: a12.com
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