Papa Francisco:
"É tempo que as armas se calem definitivamente"
Rádio Vaticano
(RV) - Ao meio-dia deste domingo de Natal, o Papa Francisco assomou ao
balcão central da Basílica de São Pedro para a tradicional bênção Urbi et
Orbi (para a cidade e para o mundo) do Pontífice.
Em suas intenções
de paz, o Papa recordou as regiões em guerra e incentivou as negociações aos
países que buscam a concórdia. Francisco também recordou as famílias que
perderam entes queridos em atos de terrorismo.
Abaixo, a
íntegra da mensagem de Francisco.
***
Queridos irmãos
e irmãs, feliz Natal!
Hoje, a Igreja
revive a maravilha sentida pela Virgem Maria, São José e os pastores de Belém
ao contemplarem o Menino que nasceu e jaz em uma manjedoura: Jesus, o Salvador.
Neste dia cheio
de luz, ressoa o anúncio profético:
«Um menino
nasceu para nós, um filho nos foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros e
o seu nome é: Conselheiro-Admirável, Deus herói, Pai-Eterno, Príncipe da Paz»
(Is 9, 5).
Francisco acena à multidão |
O poder deste
Menino, Filho de Deus e de Maria, não é o poder deste mundo, baseado na força e
na riqueza; é o poder do amor. É o poder que criou o céu e a terra, que dá vida
a toda a criatura: aos minerais, às plantas, aos animais; é a força que atrai o
homem e a mulher e faz deles uma só carne, uma só existência; é o poder que
regenera a vida, que perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal
em bem. É o poder de Deus. Este poder do amor levou Jesus Cristo a despojar-Se
da sua glória e fazer-Se homem; e o levará a dar a vida na cruz e ressurgir
dentre os mortos. É o poder do serviço, que estabelece no mundo o reino de
Deus, reino de justiça e paz.
Por isso, o
nascimento de Jesus é acompanhado pelo canto dos anjos que anunciam:
«Glória a Deus
nas alturas, e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).
Hoje este
anúncio percorre a terra inteira e quer chegar a todos os povos, especialmente
aos povos que vivem atribulados pela guerra e duros conflitos e sentem mais
intensamente o desejo da paz.
Paz aos homens e
mulheres na martirizada Síria, onde já demasiado sangue foi versado.
Sobretudo na cidade de Aleppo, cenário nas últimas semanas de uma das
batalhas mais atrozes, é tão urgente assegurar assistência e conforto à
população civil exausta, respeitando o direito humanitário. É tempo que as
armas se calem definitivamente, e a comunidade internacional se empenhe
ativamente para se alcançar uma solução negociada e restabelecer a convivência
civil no país.
Paz às mulheres
e homens da amada Terra Santa, eleita e predileta de Deus. Israelenses e
palestinos tenham a coragem e a determinação de escrever uma página nova da
história, onde o ódio e a vingança cedam o lugar à vontade de construir,
juntos, um futuro de mútua compreensão e harmonia. Possam reencontrar
unidade e concórdia o Iraque, a Líbia e o Iêmen, onde as populações
padecem a guerra e brutais ações terroristas.
Paz aos homens e
mulheres em várias regiões da África, particularmente naNigéria, onde o
terrorismo fundamentalista usa mesmo as crianças para perpetrar horror e morte.
Paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, para que sejam
sanadas as divisões e todas as pessoas de boa vontade se esforcem por embocar
um caminho de desenvolvimento e partilha, preferindo a cultura do diálogo à
lógica do conflito.
Paz às mulheres
e homens que sofrem ainda as consequências do conflito noleste da Ucrânia, onde
urge uma vontade comum de levar alívio à população e implementar os
compromissos assumidos.
Concórdia,
invocamos para o querido povo colombiano, que sonha realizar um novo
e corajoso caminho de diálogo e reconciliação. Tal coragem anime também a amada
Venezuela a empreender os passos necessários para pôr fim às tensões
atuais e edificar, juntos, um futuro de esperança para toda a população.
Paz para todos
aqueles que, em diferentes áreas, suportam sofrimentos devido a perigos
constantes e injustiças persistentes. Possa o Myanmarconsolidar os
esforços por favorecer a convivência pacífica e, com a ajuda da comunidade
internacional, prestar a necessária proteção e assistência humanitária a
quantos, delas, têm grave e urgente necessidade. Possa aPenínsula Coreana ver
as tensões que a atravessam superadas num renovado espírito de colaboração.
Paz para quem
perdeu uma pessoa querida por causa de brutais atos deterrorismo, que semearam
pavor e morte no coração de muitos países e cidades. Paz – não em palavras, mas
real e concreta – aos nossos irmãos e irmãs abandonados e excluídos, àqueles
que padecem a fome e a quantos são vítimas de violência. Paz aos
deslocados, aos migrantes e aos refugiados, a todos aqueles hoje são objeto do tráfico
de pessoas. Paz aos povos que sofrem por causa das ambições econômicos de
poucos e da avidez insaciável do deus-dinheiro que leva à escravidão. Paz a
quem suporta dificuldades sociais e econômicas e a quem padece as consequências
dos terremotos ou de outras catástrofes naturais.
Paz às crianças,
neste dia especial em que Deus Se faz criança, sobretudo às privadas das
alegrias da infância por causa da fome, das guerras e do egoísmo dos adultos.
Paz na terra a
todas as pessoas de boa vontade, que trabalham diariamente, com discrição e
paciência, em família e na sociedade para construir um mundo mais humano e mais
justo, sustentadas pela convicção de que só há possibilidade de um futuro mais
próspero para todos com a paz.
Queridos irmãos
e irmãs!
“Um menino
nasceu para nós, um filho nos foi dado”: é o “Príncipe da Paz”. Acolhâmo-Lo!
***
[depois da
Bênção]
A vocês,
queridos irmãos e irmãs, reunidos de todo o mundo nesta Praça e a quantos estão
unidos conosco de vários países por meio do rádio, televisão e outros meios de
comunicação, formulo os meus cordiais votos.
Neste dia de
alegria, todos somos chamados a contemplar o Menino Jesus, que devolve a
esperança a todo o ser humano sobre a face da terra. Com a sua graça, demos voz
e demos corpo a esta esperança, testemunhando a solidariedade e a paz. Feliz
Natal a todos! (rv)
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Assista:
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Fonte: radiovaticana.va
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