Na casa de Nazaré aprendemos a riqueza do coração
O Beato
Paulo VI, quando foi em peregrinação à terra de Jesus, Israel, fez uma visita a
Nazaré. Fez uma bela reflexão a partir do que sentia por estar naquele lugar
santificado pela presença de Jesus, Maria e José. Diz: “Nazaré é a escola onde
se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Aqui se aprende
a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão
misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de
Deus” (Alocuções 05.01.64).
"A pobreza que aprendemos em Nazaré é a riqueza do coração." |
Que podemos
aprender de Nazaré? A Sagrada Família mostra muito bem como viver para
Deus num mundo que insiste em negá-lo. Certamente podemos pensar que o povo de
Israel tinha fé, era religioso e devoto. Mas... acabaram com Jesus e recusaram
o Evangelho. Já desde o Antigo Testamento, na linguagem dos profetas, se fala
de um rosto fiel, os pobres de Javé (Sf 3,13). A família de Jesus, seus
discípulos e seguidores eram os pobres. Viviam para Deus, nas muitas
dificuldades e até violências da vida. A vida da família de Jesus por
viver em Nazaré, que era lugar pobre e sem expressão, vive a intensidade da
vida. Inclusive religiosa, pois ali não havia uma organização do culto como nas
grandes cidades. Ser consagrado a Deus (nazareno) exige essa abertura total a
Deus na simplicidade. É uma escola. Percebemos isso na vida de Jesus. Nessa
vida foi educado. Sempre para Deus, em qualquer situação e circunstância.
Cantamos: “Na casa de Nazaré, o sim ecoou sereno e Deus se fez pequeno”. Responder
a Deus é simples e discreto.
Nazaré, segundo
os estudos arqueológicos, era um lugarejo fora das rotas das estradas. Devia
ter uns duzentos habitantes. Eram muito humildes e pobres. Eram capazes de
viver intensamente com o pouco que tinham. A pobreza que se prega, não é tanto
a falta de coisas, mas a abertura para Deus como maior riqueza. Então tudo é
grande, é precioso, é rico. Podemos dizer que o melhor recheio para um pão
sofrido é o amor. O desapego faz de qualquer coisa uma grande riqueza. Receita
para uma boa saúde: pão com amor.
Procuramos
encher nossa vida com tanta coisa. O pouco quando é amado é grande riqueza. Não
procuramos que faltem coisas. Queremos a fartura para todos. Mas a fartura sem
o sentido da riqueza de Deus nunca satisfaz. A pobreza que aprendemos em
Nazaré é a riqueza do coração. Quanto faz falta para nós a simplicidade, a
capacidade de servir, de ficar feliz em todo lugar, mesmo se falta alguma
coisa. Vivendo no amor, tudo é gostoso e rico. Um colega missionário, vivendo
na Angola durante a guerra dizia: “A gente comia folhas e era feliz”. Faltava
tudo. Tinha o alimento para o coração. Não se quer miséria.
A Família de
Nazaré ensina também a viver com os outros. Quantas vezes Jesus e Maria terão
ido ao poço buscar a água. As casas eram extremamente humildes. Quem sabe um
cômodo para a família e algum ambiente para animais e as poucas reservas. Jesus
era filho do carpinteiro, mas suas parábolas são sobre o campo e o lago. Ali
cada um tinha sua pequena plantação e alguns animais. Era uma grande família.
Viviam próximos e dedicados uns aos outros. Tudo era comum. Problemas não
faltavam. É nesse ambiente que devemos procurar as virtudes da Sagrada
Família e fazer sagrada a nossa família. Nesse ambiente simples, a simples
família foi suficiente para educar o Filho de Deus feito Homem. Em qualquer
circunstância podemos ter um coração capaz de amar e servir a Deus. Assim o
povo sofrido poderá encontrar nova sorte.
Pe. Luiz Carlos
de Oliveira - Missionário Redentorista
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Fonte: a12.com
A família que caminha com Jesus
Na oitava de Natal celebramos a festa da Sagrada Família, contemplando o conjunto que rodeia ao Menino Deus em razão da sua encarnação. Deus quis nascer num lar, e o primeiro lugar que Ele santificou e restaurou foi a família.
Para salvar a
pessoa humana Jesus tinha que assumir um povo, uma cultura e uma família. Nesta
família santa integrada por Maria e José, o Filho do Homem aprendeu o valor da
oração, do trabalho, da solidariedade, da pobreza evangélica e a sabedoria dos
anawim, isto é, dos que esperam e confiam no bom Deus.
Jesus, Maria e José abençoai nossas famílias! |
Quando São Lucas
registra que Jesus crescia em graça e tamanho diante de Deus, está assinalando
a pedagogia da encarnação e humanização escolhida para resgatar a pessoa desde
dentro, a partir da própria carne. Quando nos referimos aos anos ocultos de
Jesus, o que deu pano para muitas hipóteses estapafúrdias e mirabolantes,
esquecemos que nessa vida cotidiana assumida na simplicidade e na árdua labuta
de quem tem que trabalhar como filho do carpinteiro José, Cristo estava
salvando a todos os lares, curando e elevando a ordem da graça a realidade
familiar com todos os seus valores e desafios.
Estava a mostrar
que mesmo nas agruras e dificuldades do exílio no Egito como família de
refugiados e perseguidos, era possível cumprir perfeitamente a vontade do Pai e
transparecer a sua misericórdia e ternura.
Hoje a família
passa por turbulências e também perseguições que tratam de desconstruí-la e
substituí-la por vínculos aleatórios e subjetivos. No entanto fica claro que
Jesus na sua encarnação não só se uniu a cada pessoa humana, mas a cada
família, encorajando-a a viver a nova realidade do Reino, que lhe dá a
blindagem e a fortaleza da graça resultante da aliança matrimonial. A Sagrada
Família se torna deste modo imagem, modelo e fonte inspiradora da vocação
familiar, revelando a beleza e a dignidade de ser e de se ter uma famiíia,
espelho e ícone da Santíssima Trindade, a única instituição criada e desejada
pelo Pai, e que por isso mesmo é indestrutível, de uma resiliência divina a
toda prova.
Quando
buscarmos e tratarmos de caminhar junto a Sagrada Família, haveremos de
superar qualquer crise ou política herodiana contra a vida e a família, porque
ela é arca e caminho de salvação para a humanidade. Deus seja louvado!
Dom Roberto
Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos
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