Papa Francisco:
Tempo de acolher e escutar
Cidade do
Vaticano (RV) - “Está presente em nossos corações a dor pelo massacre que, na
quinta-feira passada, em Nice, ceifou tantas vidas inocentes.” No Angelus deste
domingo, ao meio-dia, o Papa Francisco manifestou mais uma vez, diante de
milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a oração
mariana, seu pesar e proximidade a todas as pessoas atingidas pelo grave
atentado terrorista ocorrido na cidade do sul da França, que deixou 84 mortos,
entre os quais muitas crianças.
“Faço-me próximo
de cada família e de toda a nação francesa em luto. Deus, Pai de bondade,
acolha todas as vítimas em sua paz, auxilie os feridos e conforte os
familiares; Ele desfaça todo projeto de terror e de morte, a fim de que nunca
mais nenhum homem ouse derramar o sangue do irmão. Um abraço paterno e fraterno
a todos os habitantes de Nice e a toda a nação francesa.
Em seguida, o
Santo Padre convidou os presentes a rezar, primeiro em silêncio, todos juntos,
uma Ave-Maria, pensando na tragédia, nas vítimas, nos familiares.”
Quem ama a Deus, acolhe e escuta o irmão. |
Maria se assenta
aos pés de Jesus e ouve sua Palavra, ao invés, Marta, toda preocupada na lida
da casa, a um certo ponto vai até Jesus e diz:
“Senhor, não te
importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude”. E Jesus
lhe responde: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas;
no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a melhor parte, que lhe
não será tirada”.
“No seu
ocupar-se com os afazeres, Marta corre o riso de esquecer. E esse é o problema:
corre o risco de esquecer a coisa mais importante, ou seja, a presença do
hóspede, que era Jesus neste caso. Esquece-se da presença do hóspede. E o
hóspede não deve ser simplesmente servido, alimentado, assistido em todas suas
necessidades. Sobretudo, é preciso que seja ouvido. Recordem-se bem dessa
palavra. ouvir! Porque o hóspede deve ser acolhido como pessoa, com a sua
história, seu coração rico de sentimentos e de pensamentos, de modo a poder
sentir-se verdadeiramente em família.”
A resposta que
Jesus dá a Marta – quando lhe diz que uma só coisa é necessária – encontra seu
significado pleno na referência à escuta da Palavra de Jesus mesmo, aquela
Palavra que ilumina e dá sustento a tudo aquilo que somos e que fazemos, disse
o Pontífice, acrescentando:
“Se nós vamos
rezar – por exemplo – diante do Crucifixo e falamos, falamos, falamos e
falamos, e depois vamos embora: não ouvimos Jesus! Não deixamos Ele falar ao
nosso coração. Ouvir: essa é palavra-chave. Não devemos esquecer que a Palavra
de Jesus ilumina e dá sustento a tudo aquilo que somos e que fazemos.”
Não devemos
esquecer – enfatizou – que também na casa de Marta e Maria, Jesus, antes de ser
Senhor e Mestre, é peregrino e hóspede. Portanto, sua resposta tem este
primeiro e mais imediato significado:
“Para acolhê-lo
não são necessárias muitas coisas; aliás, necessária é uma só coisa: ouvi-lo –
a palavra: ouvi-lo –, demonstrar-lhe uma atitude fraterna, de modo que perceba
estar em família, e não numa situação de acolhimento provisório.”
"Na capacidade de ouvir está a raiz da paz" |
Assim entendida,
acrescentou o Papa, “a hospitalidade – que é uma das obras de misericórdia – se
mostra verdadeiramente como uma virtude humana e cristã, uma virtude que no
mundo de hoje corre o risco de ser negligenciada”.
Francisco
ressaltou que se multiplicam as casas de recuperação e os centros de abrigo,
“mas nem sempre nestes ambientes se pratica uma verdadeira hospitalidade.
Criam-se várias instituições que contrastam muitas formas de doença, de
solidão, de marginalização, mas diminui a probabilidade para quem é
estrangeiro, marginalizado, excluído, de encontrar alguém disposto a ouvi-lo.
Porque é estrangeiro, refugiado, migrante. Ouvir aquela dolorosa história!”,
frisou.
Até mesmo na
própria casa, entre os próprios familiares, pode verificar-se que se encontrem
mais facilmente serviços e cuidados de vários tipos, do que escuta e
acolhimento, observou o Papa.
Francisco
afirmou que hoje estamos de tal modo absortos, com frenesi, nos muitos
problemas – e alguns dos quais não importantes –, que nos falta a capacidade de
ouvir. Estamos continuamente atarefados e assim não temos tempo para ouvir.
Dito isso, o
Pontífice dirigiu-se aos presentes na Praça São Pedro, interpelando-os, pedindo
a cada um que respondesse em seu coração:
“Você, marido,
tem tempo para ouvir sua mulher? E você, mulher, tem tempo para ouvir seu
marido? Vocês, pais, têm tempo, tempo a perder, para ouvir seus filhos ou seus
avós, os anciãos” – “Mas, os avós dizem sempre as mesmas coisas, são
monótonos...” – “Mas precisam ser ouvidos!” Peço-lhes que aprendam a ouvir e a
dedicar-lhes mais tempo. Na capacidade de ouvir está a raiz da paz.” (RL)
Assista:
..........................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário