o discípulo que ouve*
Quando tomamos
as lentes da comunicação para ver a realidade da Igreja, compreendemos que esta
existe para evangelizar. Ela anuncia, por palavras e ações, Jesus Cristo, que
enche nossos corações e nos impele a fazer ecoar (Catequese) o anúncio da Boa
Nova. Jesus atrai a si os homens de cada geração, convocando-os a anunciar o
Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Hoje é necessário um empenho
eclesial mais convicto a favor da nova evangelização, para redescobrir a
alegria de crer (Papa Francisco) e o entusiasmo (Deus dentro) para comunicar a
fé.
“O fazer chegar
ao coração do outro o que está no meu” pode ser expresso de múltiplas formas e
meios. A cultura digital oferece “ecologias digitais” que comunicam e buscam
relações. Elas devem estar a serviço das pessoas, da construção de uma
sociedade mais justa e fraterna, mas também a serviço do anúncio do evangelho.
Nesse sentido, entra o tema que iremos refletir: o discípulo da
comunicação.
É preciso abrir o coração e amente para escutar o Senhor |
Certa vez um
senhor foi interrogado por um jovem: “o que o senhor acha mais importante
na vida de um discípulo de Jesus”? Ele ficou pensando... pensando, e
respondeu “ficar escutando o Mestre”. Perguntou o jovem: O mais
importante na vida de um discípulo não seria seguir Jesus? O senhor
replicou: “Como posso seguir a voz de quem eu não conheço”?
O senhor da
história, propositalmente, não possui um nome, porque na verdade pode ser um de
nós. Quando não somos capazes de escutar a voz (ensinamentos) do Mestre,
podemos até segui-lo, mas corremos o sério risco de desistirmos no meio do
caminho. Antes de qualquer seguimento, é preciso escutar como
discípulo.
O profeta Isaias
nos adverte: “É, pois, o Eterno que concedeu-me a língua dos instruídos para
que eu saiba o que dizer ao que está cansado; ele me acorda todas as manhãs; desperta-me
o ouvido para que eu possa escutar como discípulo. O Senhor Yahweh, abriu-me os
ouvidos e eu não fui rebelde, não recuei” (cf. Is 50,4-5).
A experiência
descrita no trecho do 3º canto do servo traduz, de certo modo, como deve ser a
espiritualidade do comunicador. O fato de “acordar todas as manhãs” nos permite
contemplar uma cena silenciosa, calma e típica da aurora que desponta. À luz do Diretório
Nacional de Comunicação podemos asseverar que não apenas a palavra, mas
também o silêncio é comunicação. Nele, o comunicador encontra a fonte do seu
processo criativo. Na experiência do silêncio, a pessoa encontra Deus e o
significado profundo de Sua palavra. São João no Prólogo, diz que “no início
existia a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (cf. Jo
1,1). No silêncio a palavra é gerada, transmitida e comunicada na sua grandeza
e totalidade. Comunicar, rezar e viver integram-se formando um todo, tanto no
estilo como na elaboração da mensagem e na forma de se comunicar. A mística do
comunicador está relacionada com seu processo criativo, sua busca por
informações, seu modo de ler e de interpretar os fatos, de inovar a linguagem e
buscar outros estilos de comunicar. O comunicador é um místico e o místico deve
ser um comunicador (cf. DCIB n° 58,60).
(* parte 1 da Reflexão)
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Fonte: a12.com
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