O espaço da Oração
Neste mês de julho não estamos tendo as já tão esperadas
homilias do Papa Francisco nas Santas Missas na capela da Casa Santa Marta;
também em agosto não as teremos. São muitos os fiéis em todas as partes do
mundo que aguardam com ansiedade o pensamento do Santo Padre e por que não, os
seus puxões de orelhas, principalmente aqueles que se sentem “grandes
cristãos”, ou “cristãos acomodados”.
Francisco nas
suas reflexões matutinas, de um modo muito simples e eficaz nos faz ver e nos
indica o caminho de como devemos ser para sermos bons cristãos, para seguirmos
os ensinamentos de Cristo.
Em uma das suas
últimas homilias, em meados de junho último, Francisco chamou a atenção para a
oração do Pai Nosso. O Papa insistiu mais uma vez no valor da oração, nesta
conversa “rosto a rosto” com Deus. Referindo-se à oração que Jesus nos ensinou
e que todos os dias – esperamos – todos recitem, o Pontífice afirmou que
rezando o Pai Nosso “sentimos o olhar do Pai sobre nós”.
Falar com o Pai, escutá-lo e seguir seus conselhos - eis o caminho! |
Para um cristão,
as orações não são palavras mágicas disse Francisco recordando que ‘Pai’ é a
palavra que Jesus profere sempre nos momentos fortes de sua vida. Não
desperdiçar palavras como os pagãos, não pensar que as orações são palavras
‘mágicas’.
Jesus “indica o
espaço da oração em uma só palavra: ‘Pai’”.
E precisamente
este nosso Deus, nosso Pai, sabe o que precisamos já antes de fazermos o
pedido. É um Pai que “nos escuta às escondidas, no segredo, como Jesus, nos
aconselha a rezar: no segredo”. Este Pai nos dá a identidade de filhos.
Digo ‘Pai’, e
chego às raízes da minha identidade: a minha identidade cristã é, portanto, ser
filho e esta é uma graça do Espírito. Ninguém pode dizer ‘Pai’ sem a graça do
Espírito.
‘Pai’ -
disse Francisco - é a palavra que Jesus usava quando estava cheio de alegria,
de emoção: “Pai, te louvo porque revelas estas coisas as crianças”; ou
chorando, diante do túmulo de seu amigo Lázaro. “Pai, te agradeço porque me
ouvistes”; ou ainda, nos momentos finais de sua vida, no fim”.
Nos momentos
mais fortes Jesus diz: ‘Pai’. Ele fala com o Pai”. É o caminho da oração, é o
espaço de oração. “Sem sentir que somos filhos, sem dizer ‘Pai’ – advertiu
então o Papa – a nossa oração é pagã, é uma oração de palavras”.
Certo, podemos
rezar a Nossa Senhora, aos anjos e Santos, mas a pedra angular da oração é
sempre o ‘Pai’. Se não formos capazes de iniciar a oração com esta palavra, “a
oração não vai dar certo”.
Fazemos também
as procissões, as peregrinações... Tudo bonito, mas sempre começando com “Pai”
e na consciência de que somos filhos e que temos um Pai que nos ama e que
conhece todas as nossas necessidades. Este é o espaço”.
Como dissemos
antes Francisco nos recorda que rezar ao Pai, é sentir o olhar do Pai sobre
nós, sentir que aquela palavra “Pai” não é um desperdício, mas é um chamado
para Aquele que me deu a identidade de filho.
Ainda na oração
do Pai Nosso temos a parte em que Jesus se refere ao perdão do próximo, como Deus
nos perdoa. “Se o espaço da oração é dizer Pai - observou o Papa -, a atmosfera
da oração é dizer ‘nosso’: somos irmãos, somos uma família”.
O Pai nos dá a
identidade e a família. Por isso é tão importante a capacidade de perdoar, de
esquecer, de esquecer as ofensas, a saudável costume, mas, deixemos para lá...
que o Senhor faça, e não carregar o rancor, o ressentimento, o desejo de
vingança.
Rezar ao Pai
perdoando o próximo, esquecendo os insultos, é a melhor oração que podemos
fazer. Pedir ao Pai é sentir-se realmente filho. A oração é voltar o nosso
coração a Deus.
Silvonei José
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