sexta-feira, 22 de julho de 2016

Vida contemplativa feminina:

Papa aprova documento

Nesta sexta-feira, dia 22 de julho, foi publicada a Constituição Apostólica “Vultum Dei Quaerere – a busca da face de Deus”, assinada pelo Papa Francisco e dedicada à vida contemplativa feminina. Este documento indica 12 temas de reflexão para a vida consagrada.
Contemplativas sejam farol e chama da humanidade
Ser “farol e chama” que guiam e acompanham o caminho da humanidade – este é o grande desafio indicado pelo Papa Francisco às contemplativas, exortando-as a vencerem com tenacidade as tentações, em particular, aquelas que levam à “rotina”, à “desmotivação” e à “preguiça paralisante”.
Formação e oração
Vida contemplativa: consagração ao Reino
Francisco convida a “discernir” sobre 12 temas da vida consagrada. O primeiro é a formação, “que requer uma contínua conversão a Deus” e um período que varia de 9 a 12 anos. Os mosteiros não se devem deixar levar pela tentação do número e da eficiência – escreve o Papa. E depois, há a oração, “espinha dorsal da vida consagrada”, que não deve ser vivida como um fechar-se da vida monástica em si mesma, mas como um alargamento do coração “para abraçar toda a humanidade”, em especial os que mais sofrem.
Lectio divina, Eucaristia e Reconciliação
A Palavra de Deus é outro tema central, que deve marcar o dia pessoal e comunitário das contemplativas através da lectio divina, para depois se transformar em actio, “dom para os outros na caridade”. A Constituição Apostólica recorda ainda a importância da Eucaristia e da Reconciliação, sugerindo “prolongar a celebração com a adoração eucarística”. Aborda a prática da penitência como ocasião privilegiada para "contemplar a face misericordiosa do Pai” acentuando os valores da reconciliação, do perdão e da paz.
Vida comunitária e autonomia dos mosteiros
O quinto tema indicado pelo documento é a vida fraterna em comunidade, testemunho mais necessário do que nunca “numa sociedade marcada por divisões e desigualdades”. “É possível e belo viver juntos, não obstante as diferenças de geração, formação e cultura”, porque “unidade e comunhão não significam uniformidade” – pode-se ler no documento. O sexto tema, por sua vez, diz respeito à autonomia dos mosteiros, que não deve significar “independência ou isolamento” – escreve o Papa, exortando as contemplativas a não adoecerem de “autorreferencialidade”.
As federações e a clausura
O sétimo tema ressalta a importância das Federações como “estruturas de comunhão entre mosteiros que compartilham o mesmo carisma”, sugerindo a sua criação e multiplicação. O oitavo tema, ao invés, é relativo à clausura, “sinal da união exclusiva da Igreja esposa com o seu Senhor”.
O trabalho e o silêncio
O Papa destaca ainda o trabalho que as contemplativas devem realizar “com devoção e fidelidade”, sem se deixar condicionar pela mentalidade da cultura contemporânea, que aposta na eficiência. O trabalho deve ser “serviço à humanidade e solidariedade para com os pobres”. Já o silêncio é “escuta”, “vazio de si para fazer espaço ao acolhimento”. Um silêncio que seja “rico de caridade”.
A cultura digital e os meios de comunicação
Consciente das transformações da sociedade e da “cultura digital”, que “influi de modo decisivo na formação do pensamento e no modo de se relacionar com o mundo”, o Papa Francisco propõe no tema onze, os meios de comunicação. O Papa exorta as contemplativas a “um discernimento prudente” para que esses meios não sejam ocasião de “evasão da vida fraterna”, danificando a vocação e dificultando a contemplação.
A ascese rumo a Deus
Por fim, o último tema, o numero doze, é a ascese: “sinal eloquente de fidelidade” num mundo globalizado e sem raízes, exemplo de como ficar ao lado do próximo mesmo diante de diversidades, tensões, conflitos e fragilidades”. A ascese não é uma fuga do mundo “por medo” – destaca Francisco –, porque as monjas “continuam a estar no mundo sem ser do mundo”. Intercedendo “constantemente pela humanidade” junto ao Senhor, ouvindo “o clamor” de quem é “vítima da cultura do descarte”, as contemplativas são o “degrau” através do qual Deus desce ao encontro do homem e o homem sobe para o encontro com Deus – escreve o Santo Padre.
Recrutamento de candidatas
A Conclusão da Constituição Apostólica está dividida em 14 artigos que, efetivamente, definem em termos jurídicos o que foi dito pelo Pontífice precedentemente.
Destaque para o art. 3 que estabelece ser absolutamente de evitar o recrutamento de candidatas de outros países com a única finalidade de garantir a sobrevivência do mosteiro.
Por sua vez o art. 8 faz a lista dos requisitos necessários para a autonomia jurídica de uma comunidade, entre os quais a capacidade formativa e de gestão, a inserção na Igreja local e a possibilidade de subsistência. Caso não haja esses requisitos, a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada “avaliará a oportunidade de constituir uma comissão ad hoc” para “uma revitalização do mosteiro ou o seu encerramento”.
Obrigação inicial de pertencer a uma Federação
Entretanto, o art. 9 estabelece que “inicialmente todos os mosteiros deverão pertencer a uma Federação”. Se isto não for possível, o mosteiro deverá pedir à Santa Sé um “discernimento adequado”. Por fim, no art. 14 afirma-se que caberá à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada emanar indicações práticas, aprovadas pela Santa Sé, de acordo com os carismas das várias famílias monásticas. (RS)
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