Papa visita Auschwitz e Birkenau
Oswiecim (RV) –
O mistério do mal marca a sexta-feira (29/07) do Papa Francisco na Polônia. O
Pontífice fez uma pausa na festa da juventude mundial para se interrogar sobre
o sofrimento humano, visitando os campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau
em silêncio e oração.
Auschwitz
A pé, Francisco
atravessou o arco de ingresso com a escrita em alemão Arbeit Macht Frei (o
trabalho liberta) e se dirigiu ao chamado “Bloco 11”, onde se deteve em oração
silenciosa na praça diante do edifício – local em que S. Maximiliano Kolbe
ofereceu a sua vida para salvar outro prisioneiro, um pai de família.
Francisco ingressa no campo de extermínio |
Diante do
prédio, o Papa foi acolhido pela Primeira-Ministra, Beata Maria Szydlo, e
cumprimentou individualmente 10 sobreviventes do campo de concentração. O
último deles entregou uma vela ao Pontífice, que ele acendeu e ofereceu como
dom ao local, detendo-se mais uma vez em oração diante do muro usado para o
fuzilamento dos prisioneiros.
Na sequência,
Francisco entrou no edifício para rezar na “cela 18”, onde S. Maximiliano Kolbe
pagou a pena destinada ao pai de família, que consistia na morte lenta, através
da privação de água e comida. Depois de duas semanas de agonia e diante da
obstinação do franciscano em rezar e entoar hinos a Maria, o sacerdote polonês
morreu por envenenamento no dia 14 de agosto de 75 anos atrás, em 1941. Na
saída, o Pontífice assinou o Livro de Ouro e escreveu: "Senhor, tem
piedade do teu povo. Senhor, perdão por tanta crueldade".
Birkenau
Silêncio e oração |
Três quilômetros
separam Auschwitz de Birkenau. Ao chegar na entrada principal deste segundo
campo, Francisco percorreu de carro elétrico a ferrovia até a praça do
Monumento às Vítimas das Nações. Ali o aguardavam cerca de mil convidados, a
Primeira-Ministra e o Diretor do Museu de Auschwitz-Birkenau.
O Pontífice
passou diante das lápides comemorativas nas várias línguas dos prisioneiros e
depois de uma oração silenciosa, depositou uma vela. A seguir, encontrou 25
“Justos entre as nações”, isto é, pessoas não judias que receberam um
reconhecimento por arriscarem suas vidas durante o Holocausto para
salvar judeus do extermínio nazista. Um rabino entoou o Salmo 130 em hebraico,
que depois foi lido em polonês por um sobrevivente.
Hospital
pediátrico
Na parte da
tarde, o Papa voltará a se interrogar sobre o mistério do mal visitando o maior
hospital pediátrico da Polônia, localizado em Prokocim. Todos os anos, o
hospital oferece tratamento a 30 mil crianças, além de 200 mil consultas
efetuadas.
Via-Sacra
O último
compromisso de Francisco nesta sexta-feira é a celebração da Via-Sacra com os
jovens, na esplanada de Blonia. O tema das estações é inspirado nas 14 obras de
misericórdia corporais e espirituais.
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Papa no Arcebispado:
Papa no Arcebispado:
A crueldade não parou em Auschwitz
Cracóvia (RV) –
Pela terceira noite consecutiva o Papa Francisco assomou à janela frontal do
Arcebispado de Cracóvia para saudar os jovens reunidos na praça frontal. O Papa
repassou esta sexta-feira, marcada por fortes emoções. Eis a transcrição de
suas palavras:
“Hoje foi um dia
especial. Um dia de dor. Sexta-feira é o dia em que recordamos a morte de Jesus
e com os jovens concluímos o dia com o rito da Via sacra. Rezamos a Via Sacra:
a dor e a morte de Jesus por todos. Estivemos unidos a Jesus sofredor. Mas não
somente sofredor a dois mil anos, sofredor também hoje. Tanta gente que sofre:
os doentes, aqueles que estão em guerra, os sem-teto, os famintos, aqueles que
têm dúvidas na vida, que não sentem felicidade, a salvação, que sentem o peso
do próprio pecado.
Durante a tarde
fui ao Hospital das crianças. Também ali Jesus sofre em tantas crianças
doentes. E sempre me vem aquela pergunta: por que as crianças sofrem? É um
mistério! Não existem respostas para estas perguntas....
Hoje, em tantos lugares do mundo, onde existe a guerra acontece o que houve e. Auschwitz |
Pela manhã
também outra dor: fui a Auschwitz e a Birkenau. Recordar dores de 70 anos
atrás: quanta dor, quanta crueldade! Mas é possível que nós, homens criados à
semelhança de Deus, sejamos capazes de fazer estas coisas? As coisas foram
feitas.... Eu não gostaria de vos deixar amargurados, mas devo dizer a verdade.
A crueldade não acabou em Auschwitz, em Birkenau: também hoje. Hoje! Hoje se
tortura as pessoas; tantos prisioneiros são torturados, para fazê-los
falar....É terrível! Hoje existem homens e mulheres em prisões superlotadas:
vivem – perdoem-me – como animais! Hoje existe esta crueldade. Nós dizemos:
“Sim, ali, vimos a crueldade de 70 anos atrás. Como morriam fuzilados ou
enforcados ou com gás”. Mas hoje, em tantos lugares do mundo, onde existe
guerra, acontece a mesma coisa!
Nesta realidade
Jesus veio para carregá-la nas próprias costas. E nos pede para rezar. Rezemos
por todos “os Jesus” que hoje estão no mundo: os famintos, os sedentos, os
doentes, os solitários; aqueles que sentem o peso de tantas dúvidas e culpas.
Sofrem tanto... Rezemos pelos tantos doentes, crianças inocentes, as quais
levam a Cruz como crianças. E rezemos por tantos homens e mulheres que hoje são
torturados em tantos países do mundo; para os encarcerados que estão
todos empilhados ali como se fossem animais. É um pouco triste aquilo que
vos digo, mas é a realidade! Mas é também a realidade que Jesus carregou sobre
si, todas estas coisas. Também o nosso pecado.
Todos aqui somos
pecadores, todos temos o peso dos nossos pecados. Não sei... se alguém aqui não
se sente pecador levante a mão! Todos somos pecadores. Mas Ele nos ama, nos
ama! E façamos como os pecadores, mas filhos de Deus, filhos do Pai. Façamos
todos juntos uma oração por estas pessoas que sofrem no mundo hoje, por tantas
coisas erradas, tanta maldade. E quando existem as lágrimas, a criança procura
a mãe. Também nós pecadores somos crianças, busquemos a mãe a rezemos a Nossa
Senhora todos juntos, cada um na própria língua.
Ave
Maria... Desejos a vocês uma boa noite, bom descanso. Rezem por mim e amanhã
continuaremos esta bela Jornada da Juventude. Muito obrigado!”. (JE)
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Fonte: radiovaticana.va
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