quarta-feira, 13 de maio de 2015


Milhares de peregrinos celebram Nossa Senhora de Fátima

Milhares de peregrinos participaram nesta quarta-feira, 13 de maio, da Festa de Nossa Senhora de Fátima em seu Santuário em Portugal.
Homilia de Dom Damasceno
A celebração foi presidida pelo Cardeal Arcebispo de Aparecida Dom Raymundo Damasceno Assis e concelebrada pelo bispo auxiliar de Aparecida Dom Darci José, o bispo de Leiria e Fátima, Dom Antônio Marto; o reitor do Santuário de Fátima padre Carlos Cabecinhas, e o reitor do Santuário de Aparecida, padre João Batista de Almeida.
Entre os peregrinos estava o grupo de 400 brasileiros que vieram de Aparecida para a entronização da Imagem de Nossa Senhora Aparecida no Santuário de Fátima.
A entronização aconteceu nesse dia 12, terça-feira, e a Imagem foi colocada em um trono, na Capela das Aparições.
Segundo a assessoria de imprensa do Santuário de Fátima, cerca de 210 mil peregrinos de 30 países participaram da missa. No final da celebração, a Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi enviada às dioceses de Portugal para uma visita, o que deve durar um ano.
A peregrinação faz parte das comemorações do centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos, que será comemorado em 2017, com a possível presença do papa Francisco.
As comemorações em Fátima acontecem em união com o Santuário Nacional de Aparecida, que em 2017 celebra os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba do Sul.
Homilia de Dom Damasceno na missa desta quarta-feira na íntegra.
“É grande alegria para mim tomar parte nessa Peregrinação  ao Santuário de Fátima. Esta peregrinação se insere dentro do espírito da longa preparação espiritual e pastoral, em comemoração ao  centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, que se celebrará em 2017.
A Cristo com Maria
Este ano, como bem sabeis, o tema é: “santificados em Cristo”, e o tema do mês é: “a Mãe de Jesus”. Trata-se de uma contemplação do mistério de Deus, o Santo por antonomásia, Aquele a quem, no céu, os Querubins cantam, com vozes incessantes; Aquele a quem a Igreja, unindo-se à liturgia celeste, também não se cansa de cantar. A Igreja, que se reconhece como a comunhão dos Santos, sabe que vive da Santidade de Deus e, por isso, se reconhece chamada a crescer continuamente na santidade.
Estão unidos, por especiais vínculos de fraternidade, esta querida pátria Lusitana e o Brasil, Terra de Santa Cruz. Sem dúvida, o vínculo mais forte, é a fé católica. Mais forte, ousaria dizer, do que a língua comum, que nos permite comunicar-nos com  facilidade. E, no âmbito da fé que nos une, destaca-se sem sombra de dúvida, o amor filial e a devoção à Virgem Santa Maria. Os anos 17 do século XVII e XX são marcados por especiais eventos marianos, lá e aqui. Lá no Brasil, em 1717, o encontro extraordinário da imagem milagrosa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Aqui em Portugal, em 2017, a milagrosa aparição de Nossa Senhora aos três pastorzinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco. Os detalhes das devoções que se formam são diferentes, aqui e lá, mas é comum o rico e profundo ambiente de oração que se cultiva e cresce.
“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus” (Is 61,10). Ouvimos estas palavras na primeira leitura da Santa Missa de hoje. Com elas se inicia o cântico da Bem-aventurada Virgem Maria, o Magnificat, que a Igreja repete todos os dias na celebração das Vésperas. Com estas mesmas palavras quero começar esta homilia, pois elas representam verdadeiramente nossos sentimentos neste momento. É grande a alegria que senti de poder vir acompanhando a Venerada Imagem da amada Rainha e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, que foi ontem, solenemente, entronizada aqui em Fátima. Deste modo,  se manifesta ainda mais claramente os vínculos que unem o Brasil e Portugal: são vínculos de fé católica e de verdadeira devoção à Virgem Santa Maria.
Senhora de Fátima, rogai por nós!
O Santo Evangelho, hoje, nos apresentou um episódio um pouco enigmático ocorrido durante a vida pública de Nosso Senhor. Uma bela exclamação é feita por alguém, do meio da multidão: “feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Palavras verdadeiras. O próprio Arcanjo Gabriel declarou feliz a Santa Virgem, dizendo-lhe: “Alegra-te, cheia de graça”. Santa Isabel também já o tinha dito, quando saudou Aquela que lhe visitava: “Bendita és tu entre as mulheres”. A condição de Mãe do Filho de Deus feito homem é realmente uma grande felicidade para Maria, e trouxe a felicidade da salvação para toda a humanidade.
Mas Jesus responde a essa exclamação com uma frase ainda mais bela: “Felizes, sobretudo, os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Não nega que para Nossa Senhora tenha sido uma grande alegria ser sua Mãe. Aprofunda o tema da alegria, e indica-lhe um elemento ainda mais profundo: a fé. Ser a serva do Senhor, ouvir a Palavra de Deus e guardá-la no coração conferem-lhe uma dignidade que ultrapassa a geração física do Verbo de Deus. O quanto isto é verdadeiro, podemos ver na cena da Virgem de pé, junto à Cruz de seu Filho que morria. Ali ela fez o sacrifício de sua maternidade. A mãe que vê morrer o filho e se associa à entrega que Ele faz de si mesmo ao Pai, pela salvação da humanidade. E nesse sacrifício de aceitação da vontade de Deus, ao  mesmo  tempo  que sacrifica sua maternidade, tem essa mesma maternidade ampliada, recebe a mesma amplitude da Redenção realizada por seu Filho: torna-se a mãe de todos os fiéis. Pedindo-lhe um sacrifício, Deus lhe concede uma graça ainda maior.
O que há de enigmático na cena evangélica se desfaz quando se considera em profundidade o significado das palavras que aí são ditas. Aquela pessoa do meio da multidão pensa em uma alegria tão natural – a de ter um filho assim tão bom e sábio. Jesus pensa em uma alegria maior e mais profunda, uma alegria espiritual: escutar a Palavra de Deus e guardá-la no coração. O Evangelista São Lucas, desde o início de seu Evangelho, tem o cuidado de indicar a Virgem Maria como a “serva do Senhor”, que escuta e guarda sua Palavra. Maria encontra na Palavra de Deus a alegria espiritual, e esta alegria é completa, pois Ele é a Palavra de Deus feita carne.
Milhares de devotos marianos em oração
A Santíssima Virgem estava habituada a encontrar a alegria espiritual na adesão à vontade de Deus. Por isso pode, diante da Cruz, oferecer com Jesus o seu sacrifício e encontrar com Jesus uma vida nova, a vida da ressurreição.
Os acontecimentos que aqui se deram ao longo de 1917, quando o mundo assistia às atrocidades da Primeira Guerra Mundial, chamam à atenção ao um coração humano, o Imaculado Coração de Maria. É do coração humano que brotam todas as atrocidades. É também de um coração humano, todo ele transfigurado pela graça de Deus, que brota a paz. O lugar onde os mistérios de Cristo eram meditados e compreendidos com fé pura e simples é de onde brota a paz. “Maria conservava todas estas coisas em seu coração” (Lc 2, 19.51). O Imaculado Coração de Maria é o lugar onde a Palavra de Deus foi acolhida em plenitude. Por isso, o ventre imaculado de Maria é o lugar onde a “Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós”.
O hino da Carta aos Efésios, proclamado como segunda leitura de hoje, mostra como S. Paulo é cheio de admiração pela generosidade de Deus, pelo esplendor da graça de Deus. Em Cristo Ele “nos abençoou com toda bênção espiritual” (1,3), com a finalidade de que sejamos “santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (v. 4). Este é o desígnio de Deus, é seu projeto e sua vontade. Para isso nos adotou como filhos e filhas, por isso nos deu o perdão dos pecados e derramou com imensa generosidade sobre nós as suas graças.
Unamo-nos, com todo o coração, ao hino de ação de graças do Apóstolo Paulo.  Somos o povo para com o qual Deus usou de misericórdia e concedeu tanta riqueza de graças. O Senhor nos conceda ainda a graça de saber reconhecer quais são as maiores alegrias, de desapegar-nos das alegrias naturais, sem desprezá-las, porque também elas são dons de Deus. Assim saberemos procurar e encontrar a alegria maior à qual ele nos chama: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Em Jesus Cristo somos “herdeiros predestinados” à alegria que não conhece ocaso.”
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