nas Catacumbas de Priscila, em Roma
Neste dia de
Finados, o Papa Francisco irá rezar pelos falecidos nas Catacumbas de Priscila,
ao presidir a Santa Missa com transmissão ao vivo do Vatican News.
Em 2017, o Papa visitou e celebrou missa no cemitério de Netuno, na diocese de Albano |
Andressa Collet
- Cidade do Vaticano - O Papa Francisco, ao saudar os peregrinos provenientes
da Polônia na Audiência Geral a última quarta-feira (30), havia recordado a
proximidade da Solenidade de Todos os Santos e o Dia de Finados, em memória aos
fiéis defuntos. O Pontífice usou as palavras do Papa polonês para indicar como
devemos viver este período.
“Como dizia São
João Paulo II, estes dias ‘nos convidam a dirigir o olhar ao Céu, destino da
nossa peregrinação terrena. Lá nos espera a festiva comunidade dos Santos. Lá
nos reencontraremos com os nossos queridos defuntos’, pelos quais agora se
eleva a nossa oração. Vivemos o mistério da comunhão dos santos com a esperança
que brota da ressurreição do Senhor, nosso Jesus Cristo.”
Transmissões ao
vivo do Vatican News
No sábado
(2), Dia de Finados, haverá transmissão ao vivo será direto das Catacumbas de
Priscila, no bairro Trieste, em Roma, onde estão enterrados dois Pontífices: o
Papa Marcelino e o Papa Marcelo I. A celebração da Santa Missa em comemoração
aos fiéis defuntos será presidida pelo Papa Francisco a partir das 16h, hora
italiana, 12h no horário de Brasília.
Já na segunda-feira,
dia 4 de novembro, o Pontífice vai celebrar a missa pelos cardeais e
bispos falecidos no decorrer do último ano. A transmissão ao vivo, com
comentários em português, direito da Basílica de São Pedro, começa às 11h30,
hora italiana, 7h30 no horário de Brasília.
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E hoje podemos
nos perguntar: mas eu, onde me sinto mais seguro? Nas mãos de Deus ou com
outras coisas, com outras seguranças que nós "alugamos", mas que no
final caem, que não têm consistência? Esses cristãos com essa carteira de
identidade que viviam e vivem nas mãos de Deus, são homens e mulheres de
esperança: e esta é a terceira palavra que me ocorre hoje: esperança.
Assista:
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Veja outras fotos:
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Nas catacumbas,
Papa recorda dos cristãos perseguidos
“mais do que nos primeiros séculos”
Na celebração no
dia de Finados, Santo Padre também chamou a atenção mais uma vez de que as
Bem-Aventuranças e o Grande Protocolo (Mateus 25) são nossa identidade de
cristãos, "sem isso, não há identidade", e que "o lugar do
cristão está nas mãos de Deus, chagadas de amor."
Capela onde Papa celebrou a Missa no Dia de Finados |
Cidade do
Vaticano - Em 2018, a escolha do Santo Padre para a celebração dos Fiéis
Defuntos recaiu sobre o Cemitério Laurentino, uma área de 27 hectares na zona
rural de Roma, onde se deteve diante dos túmulos de crianças falecidas prematuramente
por doenças, acidentes ou nunca nascidas, o chamado “Jardim dos Anjos”.
Desta vez, o
Papa quis presidir a celebração Eucarística nas Catacumbas de Priscila, a “regina
catacumbarum” como era denominado por todos os documentos topográficos e
litúrgicos antigos o cemitério dos mártires localizado na Vila Salária,
em Roma.
O Papa Francisco
não levou consigo nenhum texto preparado, tendo pronunciado sua homilia de
forma espontânea:
Papa percorre as Catacumbas |
“A celebração da
festa de todos os falecidos em uma catacumba - para mim é a primeira vez na
vida que entro em uma catacumba - é uma surpresa; e também nos diz muitas
coisas. Podemos pensar na vida dessas pessoas, que tinham que se esconder, que
tinham essa cultura de sepultar os mortos e celebrar a Eucaristia aqui ... é um
momento da história difícil, mas que não foi superado: também hoje existem.
Existem tantas. Tantas catacumbas em outros países onde até mesmo devem fingir
fazer festa ou um aniversário para celebrar a Eucaristia, porque naquele lugar
é proibido fazê-lo: também hoje existem cristãos perseguidos, mais do que nos
primeiros séculos. Mais! Isso - as catacumbas, a perseguição, os cristãos - e
essas leituras me fazem pensar em três palavras: a identidade, o lugar e a
esperança.
Papa perante uma grande inscrição |
A identidade
dessas pessoas que se reuniam aqui para celebrar a Eucaristia e para louvar ao
Senhor é a mesma de nossos irmãos hoje em tantos, tantos países onde ser
cristão é um crime, é proibido: eles não têm o direito. A mesma coisa. Esta é a
identidade que ouvimos: são as Bem-Aventuranças. A identidade do cristão é
esta: as Bem-Aventuranças. Não há outra. Se você faz isso, se você vive assim,
você é um cristão. "Não, mas, veja, eu pertenço a essa associação, àquela
outra ... e pertenço a esse movimento ...": sim, sim, sim, todas coisas
belas. Mas essas são fantasias diante dessa realidade. A sua carteira de
identidade é essa e, se você não a tiver, serão inúteis os movimentos ou outras
pertenças. Ou você vive assim ou não é cristão. Simplesmente: o Senhor disse
isso. "Sim, mas não é fácil, não sei como viver assim ...": mas há
outra passagem do Evangelho que nos ajuda a entender melhor isso, e também essa
passagem do Evangelho será o "Grande Protocolo" com [segundo] o qual
seremos julgados. É Mateus 25. Com essas duas passagens do Evangelho, as
Bem-Aventuranças e o Grande Protocolo, nós mostraremos, vivendo isso, nossa
identidade de cristãos. Sem isso, não há identidade. Há uma pretensão de ser
cristão, mas não uma identidade.
Essa é a
identidade do cristão. A segunda palavra: o lugar. Essas pessoas que vinham
aqui para se esconder, para estarem seguras, também para sepultar os mortos,
aqui; aquelas pessoas que celebram hoje a Eucaristia em segredo, naqueles
países onde é proibido - penso naquela freira da Albânia que estava em um campo
de reeducação, na época do comunismo, e era proibido aos sacerdotes darem os
Sacramentos, e esta freira, ali, batizava em segredo. As pessoas, os cristãos,
sabiam que essa freira batizava e as mães se aproximavam com a criança; mas ela
não tinha um copo, algo para colocar água ... Com os sapatos, tirava água do
rio e batizava com sapatos. O lugar do cristão está em todo lugar: nós não
temos um lugar privilegiado na vida. Alguns querem tê-lo - são cristãos
qualificados. Mas eles correm o risco de permanecer com o
"qualificados" e abandonar o "cristão". Os cristãos, qual é
o lugar deles? "As almas dos justos estão nas mãos de Deus": o lugar
do cristão está nas mãos de Deus, onde Ele quer. As mãos de Deus que são
chagadas, que são as mãos de seu Filho que quis levar consigo as feridas para
mostrá-las ao Pai e interceder por nós. O lugar do cristão é na intercessão de
Jesus diante do Pai: nas mãos de Deus, e ali estamos seguros. Aconteça o que
acontecer, mesmo a Cruz: mesmo, a nossa identidade diz que daremos graças se
nos perseguirem, tudo o que disserem contra nós; mas se estivermos nas mãos de
Deus chagadas de amor, estaremos seguros. Este é o nosso lugar.
Em outro local das Catacumbas |
Ouvimos na
segunda leitura: aquela visão final onde tudo é feito novamente, tudo é
recriado, aquela Pátria para onde todos nós iremos. E para entrar lá, não
servem coisas estranhas, não servem atitudes sofisticadas: somente é necessário
mostrar a carteira de identidade. Está tudo certo, vá em frente. A nossa
esperança está no céu, a nossa esperança está ancorada lá e nós, com a corda em
mãos, nos sustentamos olhando aquela margem do rio que devemos atravessar.
Identidade: das
Bem-Aventuranças e Mateus 25; lugar, o lugar mais seguro: nas mãos de Deus,
chagadas de amor; esperança, o futuro: a âncora, ali, na outra margem, mas eu
bem seguro à corda: isso é importante. Sempre agarrado à corda. Tantas vezes
veremos apenas a corda, nem mesmo a âncora, nem mesmo a outra margem. Mas você,
segure a corda que chegará em segurança.”
Ao final da
celebração, o Papa Francisco retorna ao Vaticano, onde irá às Grutas
da Basílica de São Pedro onde estão sepultados diversos Pontífices,
para um momento de oração silenciosa.
Testemunha da fé
primitiva
As Catacumbas de
Priscila são o testemunho da fé primitiva, com toda a sua beleza de decorações
e símbolos. Escavada na rocha já entre o segundo e o quinto séculos - em
ambientes preexistentes ocupados pelos túmulos da família dos Acili Glabrioni,
à qual pertencia a nobre senhora Priscila, doadora do terreno - a
catacumba veio à luz no século XVI.
Papa em oração |
Estendendo-se
por cerca de 13 km de galerias, tem vários níveis de profundidade, dos quais o
mais antigo é o primeiro. Nele encontramos nichos e cubículos, isto é, túmulos
de famílias ricas ou de mártires, e outro tipo nobre de túmulo, frequentemente
decorado com pinturas com temas religiosos.
De fato, são
muitas as representações valiosas inspiradas nas histórias bíblicas do Antigo e
do Novo Testamento, que expressam a fé na salvação e na ressurreição prometida
por Jesus.
Sobre as lápides
dos túmulos, são frequentes os símbolos de grande importância para os cristãos
dentre os quais, o mais conhecido é o peixe, que encerra em si as cinco
palavras "Jesus Cristo, filho de Deus Salvador", por meio das
iniciais das cinco letras gregas que compõem a palavra "ICTUS",
peixe.
De particular
valor artístico é a "Capela Grega" e o nicho que contém a mais antiga
imagem da Virgem Maria, com o Menino nos joelhos, e ao lado um profeta, que
segura um pergaminho na mão esquerda e aponta para uma estrela com a mão
direita, provavelmente representando a profecia de Balaão: "uma estrela
nasce de Jacó e um cetro nasce de Israel" (Nm 24,15-17). A presença do
profeta indica no Menino o Messias esperado por séculos.
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Veja outras fotos:
Fonte: vaticannews.va