já se encontra no Japão
Ao chegar ao
Japão, Francisco iniciou este sábado (23/11) a segunda etapa desta sua viagem
apostólica internacional, após ter visitado a Tailândia. No primeiro e último
compromisso do dia, o encontro com os bispos da Conferência Episcopal do País
do Sol Nascente.
Cidade do
Vaticano - O Papa Francisco
chegou ao aeroporto de Tóquio às 17h32 locais (5h32 de Brasília) deste sábado
(23/11), proveniente da Tailândia, dando início à segunda e última etapa desta
sua 32ª viagem apostólica internacional.
O Santo Padre
foi acolhido pelo vice-primeiro-ministro japonês, por bispos e clero e por
cerca de cem estudantes das escolas católicas com uma mensagem em espanhol de
boas-vindas ao ilustre visitante. Logo em seguida manteve um rápido encontro
privado na Sala Vip 3 do aeroporto com o vice-primeiro-ministro nipônico.
Do aeroporto o
Pontífice transferiu-se para a nunciatura apostólica, situada no bairro Shiyoda
da capital japonesa, onde tem lugar um encontro com os bispos da Conferência
Episcopal do País do Sol Nascente, que reúne os prelados das três arquidioceses
metropolitanas e das 13 dioceses sufragâneas do Japão. O lema da visita é
”Proteger toda a vida”.
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Papa Francisco:
"Eis o que a Ásia pode dar ao Ocidente"
O diálogo de
Francisco com os bispos japoneses: após ter feito o discurso preparado,
respondeu às perguntas deles.
“A dimensão de
transcendência que se vive na Ásia faz bem aos países ocidentais. Precisamos
dela.” Após ter pronunciado seu discurso aos bispos do Japão reunidos numa sala
da nunciatura apostólica de Tóquio, o Papa Francisco pediu que lhe fizessem
perguntas e se deteve por meia hora em diálogo com eles.
A primeira
pergunta foi concernente ao sonho do jovem padre Bergoglio que tanto tinha
querido ser missionário no Japão. “Eu desejava vir como missionário quando
estudava filosofia. Atraia-me muito... não sei porque o Japão me atraía. Era um
lugar de missão, que talvez pela beleza, eu desejava. Sucessivamente, durante
os três anos de magistério fiz um pedido formal ao Geral que tinha sido eleito
há pouco tempo, o padre Arrupe. Mas como me havia sido tirada uma parte do
pulmão, ele respondeu: não, a tua saúde não te permite. E acrescentou que eu
deveria canalizar o zelo apostólico em outra direção. De certo modo me fez
pensar que viveria ainda poucos anos. Mas tive a minha desforra e quando me
tornei Provincial, fiz a minha revanche mandando cinco jovens para o Japão. Foi
assim que se deu.”
Outro bispo
perguntou ao Papa onde encontrou a fotografia do menino de Nagasaki que aguarda
para colocar no forno crematório o irmãozinho morto pelas radiações da
bomba atômica. Francisco mandou imprimir a foto em milhares de cópias e a
distribuiu em todos os lugares. “Não me recordo bem. Mas já era Papa. Alguém me
enviou a foto, creio que fosse um jornalista e quando a vi, me tocou o coração.
Rezei muito olhando aquela foto, e me veio em mente publicá-la e usá-la como um
cartãozinho a ser distribuído... Acrescentei apenas um título: ‘O fruto da
guerra’. E a distribuí em todos os lugares. Toda vez que podemos a distribuímos
e faz um grande bem.”
Em seguida foi
perguntado a Francisco qual é a mensagem principal que pretende trazer durante
estes dias no Japão. “A primeira mensagem já trouxe aos jovens no aeroporto.
Eram numerosos e um deles me disse: ‘Dai-nos uma mensagem para os jovens!’
Olhei para ele e lhe disse: ‘Caminhai, caminhai sempre e, talvez, venhais a
cair, mas desse modo aprendereis a levantar-vos e a progredir na vida’. Depois
entendi que o inconsciente tinha me traído porque era uma mensagem contra o
perfeccionismo e o desencorajamento dos jovens quando não conseguem aquilo que
querem e há muitas depressões, suicídios e problemas que conheceis.”
Francisco
acrescentou que outra palavra-chave de suas mensagens no Japão será
“proximidade”: “Para as famílias, e sobretudo para os sacerdotes e os
consagrados, homens, mulheres, catequistas que não devem se desencorajar, que
sejam próximos do povo de Deus para que a mensagem chegue”. O Papa antecipou
que durante as visitas a Nagasaki e Hiroshima condenará o uso das armas
nucleares.
Respondendo a quem
lhe perguntou qual contribuição esperava da Igreja asiática para a Igreja
universal, após as viagens a vários países da Ásia, Francisco disse: “A
primeira coisa que me toca é a transcendência. A Igreja asiática é uma Igreja
com uma dimensão de transcendência, porque na cultura destes países há uma
indicação de que nem tudo acaba aqui na terra. Essa dimensão da transcendência
faz bem aos países ocidentais. Precisamos dela”.
Depois o Papa
repetiu uma observação já feita precedentemente sobre o papel das governantas
filipinas ao transmitir a fé às crianças de pais cristãos que não conseguem
mais comunicá-la aos filhos: “Desse modo, buscam governantas filipinas porque
falam inglês e as crianças o aprendam. Mas essas governantas não se limitam a
ensinar inglês, transmitem a fé. E ensinam às crianças o sinal da cruz que não
tinham aprendido de seus pais”.
O bispo de
Hiroshima doou ao Pontífice uma camisa de jogador de futebol com o número 86,
em recordação à data (6 de agosto) da explosão atômica que devastou a cidade.
Foi também presenteado a Francisco um “bilboquê”, brinquedo que consiste em uma
bola de madeira com um furo, ligada por um cordão a um bastão no qual se
procura encaixá-la. Jorge Mario Bergoglio o usava quando garoto. O Papa contou
que gostava de jogar futebol, uma grande paixão sua, mas com poucos resultados:
“Chamavam-me ‘pata dura’, perna de pau, e me colocavam no gol”. Na conclusão do
encontro Francisco convidou os bispos a reler o número 80 da Exortação
apostólica Evangelii nuntiandi de São Paulo VI, sobre aquilo que
distingue o bom evangelizador do mau evangelizador.
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Papa aos bispos
do Japão:
Defender toda vida como dom precioso do Senhor
Em seu primeiro
discurso em terras nipônicas este sábado (23/11), o Papa Francisco, falando aos
bispos, convidou-os a prestar atenção especial aos jovens e às suas
necessidades, procurando “criar espaços onde a cultura da eficiência, do
rendimento e do sucesso possa abrir-se à cultura dum amor gratuito e altruísta,
capaz de oferecer a todos – e não só aos mais prendados – possibilidade duma
vida feliz e realizada”.
Raimundo de Lima
- Cidade do Vaticano - “Não tenhamos medo de realizar sempre, aqui e em todo o
mundo, a missão de levantar a voz e defender toda a vida como dom precioso do
Senhor. Por isso vos encorajo nos vossos esforços por garantir que a comunidade
católica, no Japão, ofereça um testemunho claro do Evangelho no meio de toda a
sociedade.”
No vosso meio
como peregrino missionário
Foi a exortação
do Papa no encontro com os bispos do Japão, em seu primeiro dia e primeiro
discurso em terras nipônicas, este sábado (23/11), na nunciatura apostólica, na
qual agradeceu ao Senhor ao fazer-se peregrino missionário no País do São
Nascente, seguindo os passos de grandes testemunhas da fé. A visita constitui a
segunda etapa desta 32ª viagem apostólica internacional, iniciada com a visita
pastoral à Tailândia.
Falando a seus
irmãos no episcopado, Francisco externou desde jovem sentir simpatia e estima
por estas terras. “Passaram-se muitos anos desde aquele impulso missionário,
cuja realização se fez esperar”, acrescentou.
Já no início de
seu discurso, o Santo Padre quis estender seu abraço e suas orações a todos os
japoneses, neste período marcado pela entronização do novo Imperador e o início
da era Reiwa.
São Francisco
Xavier, grande evangelizador do Japão
“Completam-se
quatrocentos e setenta anos da chegada de São Francisco Xavier ao Japão, que
marcou o início da propagação do cristianismo nesta terra. Recordando-o, quero
unir-me convosco para dar graças ao Senhor por todos aqueles que, ao longo dos
séculos, se dedicaram a semear o Evangelho e a servir o povo japonês com grande
unção e amor; tal dedicação conferiu uma fisionomia muito particular à Igreja
japonesa”, frisou o Pontífice recordando particularmente a figura eminente do
jesuíta grande evangelizador do Japão.
O Papa recordou
também os mártires São Paulo Miki e seus companheiros e o Beato Justo Takayama
Ukon, que, no meio de muitas provações, deram testemunho até à morte.
“O DNA das
vossas comunidades está marcado por este testemunho, antídoto contra todo o
desespero, que nos indica a estrada para onde encaminhar-se. Sois uma Igreja
que se manteve viva pronunciando o Nome do Senhor e contemplando como Ele vos
guiava no meio da perseguição.”
Testemunho dos
mártires
Francisco
destacou que a sementeira confiante, o testemunho dos mártires e a espera
paciente dos frutos, que o Senhor concede no devido tempo, “caracterizaram a
modalidade apostólica com que soubestes acompanhar a cultura japonesa. Como
resultado – disse –, plasmastes ao longo dos anos um rosto eclesial,
geralmente muito apreciado pela sociedade japonesa, graças às vossas variadas
contribuições para o bem comum”.
Em seguida,
lembrou aos bispos japoneses o lema desta da visita e a missão episcopal.
Proteger toda a
vida
“Esta viagem
apostólica decorre sob o lema «proteger toda a vida»; lema este, que pode
facilmente simbolizar o nosso ministério episcopal. O bispo é uma pessoa que o Senhor
chamou do meio do seu povo, para devolvê-lo a este como pastor capaz de
proteger toda a vida; isto define, em certa medida, o alvo para onde devemos
apontar.”
“Proteger toda a
vida significa, em primeiro lugar, ter um olhar contemplativo capaz de amar a
vida de todo o povo que vos está confiado, para reconhecerdes nele, antes de
mais nada, um dom do Senhor”, disse ainda. Porque só o que se ama pode ser
salvo. Só o que se abraça, pode ser transformado, acrescentou.
Proteger toda a
vida e anunciar o Evangelho não são duas coisas separadas nem contrapostas, mas
uma reclama e exige a outra, observou o Santo Padre. “Ambas significam estar
atentos e vigilantes relativamente a tudo aquilo que hoje possa impedir, nestas
terras, o desenvolvimento integral das pessoas confiadas à luz do Evangelho de
Jesus”.
Testemunho
humilde, diário, aberto ao diálogo
“Sabemos que a
Igreja, no Japão, é pequena, e os católicos são uma minoria; mas isto não deve
desmerecer o vosso compromisso com a evangelização, pois, na vossa situação
particular, a palavra mais forte e clara que se pode oferecer é a dum
testemunho humilde, diário, aberto ao diálogo com as outras tradições
religiosas.”
Francisco
ressaltou aos bispos que a hospitalidade e o cuidado prestados aos numerosos
trabalhadores estrangeiros, que constituem mais de metade dos católicos do
Japão, “servem não só como testemunho do Evangelho no meio da sociedade
japonesa, mas atestam também a universalidade da Igreja, demonstrando que a
nossa união com Cristo é mais forte do que qualquer outro vínculo ou identidade
e é capaz de atingir e envolver todas as realidades”.
Visita a
Hiroshima e Nagasaki
Uma Igreja de
mártires pode falar com maior liberdade, especialmente quando aborda questões
urgentes como a paz e a justiça no nosso mundo, disse o Pontífice,
acrescentando:
“Em breve,
visitarei Nagasaki e Hiroshima, onde rezarei pelas vítimas do catastrófico
bombardeamento destas duas cidades e darei voz aos vossos próprios apelos
proféticos em prol do desarmamento nuclear. Desejo encontrar aqueles que sofrem
ainda as feridas daquele trágico episódio da história humana, bem como as
vítimas do ‘tríplice desastre’.”
Flagelos que
ameaçam a vida de algumas pessoas
Estamos cientes
da existência de vários flagelos que ameaçam a vida de algumas pessoas das
vossas comunidades, por várias razões atingidas pela solidão, o desespero e o
isolamento, disse, antes de concluir.
“O aumento do
número de suicídios nas vossas cidades, bem como o bullying e várias formas de
consumo estão criando novos tipos de alienação e desorientação espiritual. E
como tudo isto atinge especialmente os jovens!” – observou, convidando os
bispos a prestar atenção especial a eles e às suas necessidades, procurando
“criar espaços onde a cultura da eficiência, do rendimento e do sucesso possa
abrir-se à cultura dum amor gratuito e altruísta, capaz de oferecer a todos – e
não só aos mais prendados – possiblidade duma vida feliz e realizada”.
Evangelho da
compaixão e da misericórdia
“Devemos
alcançar a alma das cidades, dos lugares de trabalho, das universidades, para
acompanhar com o Evangelho da compaixão e da misericórdia os fiéis que nos
foram confiados”, concluiu Francisco exortando mais uma vez os bispos do Japão.
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Assista:
Fonte: vaticannews.va
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