Não devemos ter medo de inculturar o Evangelho
“Devemos deixar
que o Evangelho se despoje de roupagens boas, mas estrangeiras, para ressoar
com a música que faz vibrar a alma dos nossos irmãos”. Palavras do Papa
Francisco durante o encontro com os consagrados da Tailândia, no primeiro
compromisso desta sexta-feira, 22 de novembro.
Jane Nogara –
Cidade do Vaticano - Nesta sexta-feira (22) o primeiro compromisso do Papa
Francisco foi o encontro com os sacerdotes, consagrados e consagradas,
seminaristas e catequistas na Paróquia de São Pedro.
Francisco
iniciou seu discurso agradecendo a “todas pessoas consagradas que se tornaram
fecundas, com o silencioso martírio da fidelidade e dedicação diária”. O Papa
recorda de modo especial os consagrados idosos “que nos geraram no amor e
amizade com Jesus Cristo”. E afirma:
“Penso que a
história vocacional de cada um de nós está marcada por estas presenças que
ajudaram a descobrir e discernir o fogo do Espírito. É tão belo e importante
saber agradecer”. E conclui:
“A gratidão é
sempre uma ‘arma poderosa’ porque só se formos capazes de contemplar e
agradecer concretamente todos os gestos de amor, é que deixaremos o Espírito
obsequiar-nos com aquele ar puro capaz de renovar (e não empachar) a nossa vida
e missão”
“Nesta linha,
podemos perguntar-nos: Como cultivo a fecundidade apostólica?”, pergunta o
Papa, e afirma que só despertando para a beleza, a maravilha, a surpresa
seremos capazes de abrir novos horizontes e suscitar novos interrogativos. E
explica: “O Senhor não nos chamou para nos enviar ao mundo a fim de impor às
pessoas obrigações ou cargas mais pesadas do que aquelas já têm (e são muitas),
mas para compartilhar uma alegria, um horizonte belo, novo e surpreendente”.
Sem medo de
inculturar o Evangelho
Seguindo estes
passos, Francisco diz:
“Isto impele-nos
a não ter medo de procurar novos símbolos e imagens, uma música particular que
ajude os tailandeses a despertarem para a maravilha que o Senhor nos quer dar.
Não devemos ter medo de inculturar o Evangelho cada vez mais”.
E o Papa
confirma:
“Devemos deixar
que o Evangelho se despoje de roupagens boas, mas estrangeiras, para ressoar
com a música que vos é própria nesta terra e faz vibrar a alma dos nossos
irmãos com a mesma beleza que fascinou o nosso coração”
Recordando os
primórdios da vocação dos consagrados o Papa fala-lhes de suas atividades
quando jovens que visitavam os mais necessitados e acrescenta: “Certamente, lá,
muitos foram visitados pelo Senhor, fazendo-lhes descobrir o chamado para Lhe
dar tudo. Trata-se de sair de si mesmo e, no mesmo movimento de saída, sermos
encontrados”. Ser cristãos, afirma o Papa é encontrar o outro! “Só assim vocês
serão sinal concreto da misericórdia viva e operante do Senhor; sinal da unção
do Santo nestas terras”.
Unção supõe
oração
“Tal unção supõe
a oração. A fecundidade apostólica requer e é sustentada cultivando a
intimidade da oração. Uma intimidade, como a dos avós que rezam assiduamente o
terço”. E confirma mais uma vez: “Sem a oração, toda a nossa vida e a nossa
missão perdem sentido, força e fervor”.
Por fim o
Pontífice cita São Paulo VI que dizia que “um dos piores inimigos da
evangelização é a falta de fervor”. E que “o fervor alimenta-se neste duplo
encontro: com o rosto do Senhor e com o dos irmãos”.
ORAÇÃO PELAS
VOCAÇÕES
Senhor da messe,
ABENÇOA os
jovens com o dom da coragem de responder ao teu chamado. Abre seus
corações para os grandes ideais, para as grandes coisas.
INSPIRA todos os
teus discípulos ao amor e ao dom recíproco - para que as vocações
possam florescer na boa terra dos fiéis.
INSTALA naqueles
que estão na vida religiosa, nos ministérios paroquiais e nas famílias, a
confiança e a graça para que possam convidar outros a abraçar o ousado e nobre
caminho de uma vida consagrada a Ti.
UNE-NOS a Jesus
através da oração e do sacramento, para que possamos colaborar contigo na
edificação do Teu reino de misericórdia e de verdade, de justiça e de paz.
Amém.
Papa Francisco
(Adaptado da
Mensagem para a 51º Dia Mundial de Oração para as Vocações)
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Papa aos líderes
religiosos:
É tempo de ousar a lógica do encontro e do diálogo
O Papa Francisco
se reuniu com os líderes religiosos cristãos e afirmou que todos são chamados
não só a prestar atenção à voz dos pobres que estão ao nosso redor, mas também
a não ter medo de gerar instâncias onde se unir e trabalhar juntos.
Silvonei José –
Cidade do Vaticano - O primeiro compromisso do Papa Francisco na tarde desta
sexta-feira em Bangcoc (hora local), no âmbito da sua 32ª Viagem Apostólica
Internacional foi o encontro com líderes cristãos e de outras religiões.
Presentes também no encontro, que se realizou na UniversidadeChulalongkorn, representantes
da Comunidade Universitária.
No seu discurso
o Papa Francisco, depois de ouvir a saudação de dom Sirisut (responsável pelo
diálogo ecumênico) e do Dr. Bundit Eua-arporn (Reitor da Universidade) recordou
que cento e vinte e dois anos atrás, em 1897, o rei Chulalongkorn, de quem
recebe o nome esta primeira Universidade, visitou Roma e teve uma Audiência com
o Papa Leão XIII: pela primeira vez, um Chefe de Estado não cristão foi
recebido no Vaticano.
A recordação
daquele encontro importante – disse Francisco -, bem como o período do seu
reinado que conta, entre tantos méritos, a abolição da escravatura,
desafiam-nos e encorajam-nos a assumir decidido protagonismo no caminho do
diálogo e da compreensão mútua.
E encorajam-nos
a fazê-lo – continuou o Papa – “num espírito de fraterna colaboração que ajude
a pôr fim a tantas escravidões que persistem nos nossos dias; penso
especialmente no flagelo do tráfico e exploração de pessoas”.
O mundo de hoje
- sulinhou Francisco -, enfrenta problemáticas complexas, como a globalização
econômico-financeira e as suas graves consequências no desenvolvimento das
sociedades locais; os rápidos progressos, que aparentemente promovem um mundo
melhor, coexistem com a trágica persistência de conflitos – conflitos sobre
migrantes e refugiados, conflitos devidos a carestias e conflitos bélicos – e
também com a degradação e destruição da nossa casa comum.
Todas estas
situações – disseo Santo Padre -, lembram-nos e alertam-nos que nenhuma região
ou setor da nossa família humana se pode conceber ou construir alheia ou imune
relativamente aos outros.
O Pontífice
afirmou que hoje é tempo de ousar imaginar a lógica do encontro e do diálogo
mútuo como caminho, a colaboração comum como conduta e o conhecimento recíproco
como método e critério. E, assim, oferecer um novo paradigma para a resolução
dos conflitos, contribuir para o entendimento entre as pessoas e para a
salvaguarda da criação.
Penso que as
religiões – disse Francisco - como também as universidades, sem precisar
renunciar às próprias caraterísticas peculiares e aos próprios dons
particulares, têm muito para contribuir e oferecer neste campo; tudo o que
fizermos neste sentido é um passo significativo para garantir às gerações mais
jovens o seu direito ao futuro, e será também um serviço à justiça e à paz.
As grandes
tradições religiosas do mundo dão testemunho dum patrimônio espiritual,
transcendente e amplamente partilhado, que pode oferecer sólidas contribuições
nesse sentido, se formos capazes de nos aventurar a não ter medo de nos
encontrarmos.
Todos somos
chamados - frisou o Papa -, não só a prestar atenção à voz dos pobres que estão
ao nosso redor – marginalizados, oprimidos, povos indígenas e minorias
religiosas –, mas também a não ter medo de gerar instâncias (como timidamente
já se começa a verificar) onde nos possamos unir e trabalhar juntos.
O Santo Padre
recordou que todos são solicitados a abraçar o imperativo de defender a
dignidade humana e respeitar os direitos de consciência e liberdade religiosa e
criar espaços onde se ofereça um pouco de ar fresco, na certeza de que «nem
tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de tocar o fundo da
degradação, podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se,
para além de qualquer condicionalismo psicológico e social que lhes seja
imposto» (Laudato si’, 205).
Francisco disse
que a Tailândia, país de grande beleza natural, tem uma uma nota distinta que
considera essencial e, de certo modo, “parte das riquezas que haveis de
«exportar» e partilhar com as outras regiões da nossa família humana: vós
tendes apreço e cuidado pelos vossos idosos, respeitai-los e reservais-lhes um
lugar preferencial, para que vos garantam as raízes necessárias e assim o vosso
povo não se corrompa seguindo certos slogans que acabam por esvaziar e
hipotecar a alma das novas gerações".
Francisco fez um
agradecimento particular aos educadores e académicos da Tailândia, que
trabalham por proporcionar às gerações presentes e futuras as aptidões e
sobretudo a sabedoria de raiz ancestral que lhes permitirão participar na
promoção do bem comum da sociedade.
Todos somos
membros da família humana e cada qual – finalizou o Papa -, no lugar que ocupa,
é chamado a ser ator e corresponsável direto na construção duma cultura baseada
em valores compartilhados que levem à unidade, ao respeito mútuo e à convivência
harmoniosa.
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Francisco aos
jovens tailandeses:
O segredo de um coração feliz é estar ancorado em Jesus
"Vamos ao
encontro do Senhor, que vem! Não tenham medo do futuro e não desanimem, pois o
Senhor os aguarda para preparar e celebrar o banquete no seu Reino".
Palavras do Santo Padre na Celebração Eucarística para os Jovens, na Catedral
da Assunção, em Bangcoc, último compromisso do Papa Francisco na Tailândia
nesta sexta-feira, 23 de novembro
Manuel Tavares -
Cidade do Vaticano - O Santo Padre concluiu suas atividades, na tarde desta
sexta-feira (22/11), horário local da Tailândia, com a celebração Eucarística
para os Jovens, na Catedral da Assunção, em Bangcoc.
Vamos ao
encontro do Senhor!
O Papa iniciou a
sua homilia com o convite “Vamos ao encontro do Senhor, que vem!”, partindo do
Evangelho do dia, que nos exorta a pôr-nos a caminho com o olhar fixo no futuro
e no dom mais belo: a vinda definitiva de Cristo ao nosso mundo.
O Senhor vem ao
nosso encontro, a partir da história, que deve ser construída, criada,
inventada, disse o Papa. Acolhamo-lo com alegria:
“O Senhor sabe
que, por meio de vocês, jovens, o futuro entra nestas terras e no mundo. Ele
conta com vocês para continuar hoje a sua missão. Como Deus tinha um plano para
o Povo escolhido, também tem um plano para cada um de vocês. Ele é o primeiro a
convidar todos para o banquete, que devemos preparar juntos, como comunidade: o
banquete do seu Reino, do qual ninguém pode ser excluído””
Apelo aos jovens
Referindo-se ao
Evangelho de hoje, Francisco disse que “dez jovens foram convidadas para olhar
o futuro e participar do banquete do Senhor”. O problema é que algumas delas
não estavam preparadas para participar porque lhes faltou o óleo necessário, o
combustível interno para manter aceso o fogo do amor.
Com grande
entusiasmo e motivação, queriam participar do convite do Mestre, mas, com o
tempo, suas forças e anseios começaram a se dissipar e chegaram tarde ao
banquete. E o Papa afirmou:
“Esta parábola
pode se comparada a nós, cristãos, quando ouvimos, com entusiasmo e decisão, a
chamada do Senhor para tomar parte do seu Reino e partilhar da sua alegria. Mas,
por causa dos muitos problemas, obstáculos e sofrimentos, perdemos a confiança
e, amargurados, esfriamos nosso coração, sonhos e alegrias”
Por isso, o
Santo Padre perguntou aos jovens presentes: “Vocês querem manter vivo o fogo,
que os ilumina em plena noite e nas dificuldades? Querem preparar-se para
responder à chamada do Senhor? Querem estar prontos para cumprir a sua vontade?
Como obter o óleo para mantê-los em movimento à busca do Senhor em todas as
situações?” E respondeu:
“Vocês são
herdeiros de uma magnífica história de evangelização, que lhes foi transmitida
como um tesouro sagrado. Esta bela Catedral é testemunho da fé em Jesus Cristo,
que seus antepassados receberam. Sua fidelidade, profundamente arraigada, os
impeliu a fazer boas obras e a construir outro templo, bem mais esplêndido,
composto de pedras vivas, para levar o amor misericordioso de Deus às pessoas
da sua época”.
O segredo de um
coração feliz
O Papa concluiu
sua homilia exortando os fiéis a ficarem arraigados na fé, que receberam de
seus pais e mestres, para que o fogo do Espírito não se apague em seus
corações, apesar das provações e sofrimentos. O segredo de um coração feliz é
estar ancorado em Jesus, na sua vida, nas suas palavras, na sua morte e
ressurreição. Por fim, os exortou:
“Queridos
jovens, vocês são uma nova geração, com novas esperanças, sonhos e
interrogativos... Convido-os a manter viva a alegria, arraigados em Cristo.
Vamos ao encontro do Senhor, que vem! Não tenham medo do futuro e não
desanimem, pois o Senhor os aguarda para preparar e celebrar o banquete no seu
Reino”
Após a
celebração Eucarística, na catedral da Assunção, Francisco aproveitou para se
despedir do povo tailandês, porque amanhã, sábado, irá ao Japão, segunda e
última etapa da Sua Viagem Apostólica à Ásia.
Por isso, o Papa
agradeceu a todos os que tornaram possível sua visita à Tailândia: o Rei Rama
X, o Governo e as Autoridades do país, seus irmãos Bispos, sobretudo o Cardeal
Francis Xavier, os sacerdotes, religiosas e religiosos, fiéis e leigos e, de
modo especial, todos os jovens!
“Um sincero
agradecimento aos voluntários, que colaboraram, com tanta generosidade, e os
que me acompanharam com suas orações e sacrifícios, sobretudo os enfermos e
encarcerados. O Senhor os recompense com a sua consolação e paz, que só Ele
lhes pode dar”
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Fonte: vaticannews.va
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